Em que pese os mercados terem melhorado mais para o final da tarde, o dia foi de grande aversão ao risco, claramente demonstrada pelo comportamento do índice VIX, considerado como o “índice do pânico”, com alta de mais de 8%. Muitos formadores de opinião se expressaram sobre a nova onda de covid-19 na Europa, como Christine Lagarde, presidente do BCE (BC europeu).
A Inglaterra, por exemplo, elevou o nível de restrição em Londres e apertou regras sociais, enquanto a França já tinha determinado toque de recolher por quatro semanas. Ao mesmo tempo, o FMI indica que países que possuem folga fiscal deveriam utilizar para seguir tentando a recuperação econômica e não pensar em retirar estímulos prematuramente. Tudo isso leva os investidores a terem leitura de que as indicações são de que se nada mais for feito, a recuperação econômica será achatada, como a percepção para a zona do euro.
Já nos EUA, Donald Trump declarou que novo pacote fiscal pode sair ainda antes das eleições, mas o líder Republicano, Mitch McConnell, disse que se não sair antes das eleições de 3/11, sairá em seguida. Porém, a situação de endividamento dos países é forte, e o FMI prevê que a dívida global pode chegar a 100% do PIB também global, ainda em 2021.
Nos EUA, o índice de atividade industrial de NY de outubro caiu para 10,5 pontos, quando a previsão era que ficasse em 12,5 pontos. Já os pedidos de auxílio-desemprego da semana passada subiram forte em 53 mil para 898 mil pedidos, quando a previsão era de 830 mil. O estoque de petróleo também encolheu na semana anterior em 3,8 milhões, de previsão de queda de somente 1,6 milhão. Mary Daly, presidente do FED de São Francisco, diz que a falta de novo pacote fiscal afetará as projeções para a economia.
No mercado internacional, recuperação das cotações do petróleo depois do encolhimento dos estoques nos EUA. Mas ainda assim, mantinha leve queda de 0,24% (chegou a cair mais de 3%), com o barril em US$ 40,94. O euro era transacionado em queda para US$ 1,17 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,73%.
No segmento local, o ministro Paulo Guedes disse que pode desistir do imposto sobre transações digitais, mas a preocupação com o quadro fiscal precário é cada vez maior, principalmente em função da eventual necessidade de prorrogar os pedidos de auxílio emergencial. Paulo Guedes também retirou Rogério Marinho do conselho fiscal do SESC, principalmente após descobrirem que ele recebia jeton de outras fontes.
O Bacen anunciou que o IBC-Br de agosto expandiu 1,06%, com o trimestre encerrado em agosto crescendo 5,94%, mas no ano com contração de 5,44%. A FGV também divulgou a confiança do empresário em queda de 1,1 ponto para 96,4 pontos em outubro e a confiança do consumidor com queda de 3,9 pontos, para 79,5 pontos. Segundo o noticiário, fontes ligadas ao gabinete da presidência disseram que Bolsonaro avalia banir a gigante de tecnologia Huawei do processo de 5G no país, o que poderia trazer consequências para as exportações brasileiras.
No mercado, dia de dólar em alta de 0,48% e cotado a R$ 5,624 no encerramento. Na Bovespa, na sessão de 13/10, os investidores estrangeiros voltaram a alocar recursos no montante de R$ 670 milhões, deixando o saldo do mês de outubro positivo em R$ 730,8 milhões, mas com saídas líquidas no ano de R$ 87 bilhões. O dia foi também de alta dos juros, por conta do primeiro leilão de títulos pós-mudança de regras pelo Bacen.
No mercado acionário, dia de queda da Bolsa de Londres de 1,73%, Paris com -2,11% e Frankfurt com -2,49%. Madri e Milão com perdas de respectivamente 1,49% e 2,77%. No mercado americano, o Dow Jones com -0,07% e Nasdaq com -0,47%. Na Bovespa, dia de queda de 0,28% e índice em 99.054 pontos.
Na agenda de amanhã temos o IPC-S da segunda quadrissemana de outubro e o IGP-10 de outubro pela FGV. Nos EUA, os indicadores mais importantes do dia, com as vendas no varejo de setembro e a produção industrial, além da confiança do consumidor de Michigan de outubro.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado