ilustração / Avatares de Nelson Tucci e de Ana Paula Reis.
Avesso é o outro lado de algo. O avesso do avesso (ou, como diria o poeta Caetano, Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso, na música Sampa) é o “lugar certo” depois de idas e vindas. No mercado financeiro, metaverso é o avesso do que? Mais exatamente de nada. Metaverso é apenas um ambiente diferenciado, em um mundo virtual (acessível pela internet), cujo funcionamento – incluso o grafismo, e principalmente este – é diferente no formato, mas que tem regras.
Para avançar na discussão, e ir dirimindo dúvidas, é que a Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) promoveram um evento online conjuntamente. Segundo José Alexandre Vasco, representando o órgão regulador, e a advogada Ana Paula Reis, sócia do escritório BMA e representante da Abrasca, o ambiente virtual do metaverso pode ser livremente utilizado pelas companhias, inclusive para assembleias e outras ações, desde que todos os interessados tenham acesso ao mesmo tempo e em iguais condições para tomar quaisquer decisões a partir dali.
Exemplos: um investidor pode participar de uma reunião no metaverso, sem obrigatoriamente ter óculos especiais ou um avatar. A sua presença e voto não alteram nada em relação a quem tenha algum avatar e interaja com assemelhados. E os custos para a companhia? A velha e inevitável pergunta surgiu… e a resposta veio logo: não altera, porque o metaverso, via blockchain, é uma plataforma acessível – seja no Brasil ou em qualquer outro país.
No dia 26 último, quem participou do evento “O Metaverso e as Companhias Abertas” teve a opção de ingressar em uma das panorâmicas salas (Ipanema, Lagoa, Corcovado, Pão de Açúcar e MetaMarkets), escolher uma cadeira (apenas com um click no mouse) e se integrar ao evento, realizado em uma tela sobreposta do zoom, com os expositores convidados ao vivo. “Para falarmos de inovação é preciso mostrar algo novo”, pontuou Ana Paula. Com o que concorda Vasco, tanto que a CVM tem dado passos em direção às novas tecnologias, sem a pretensão de regular a tecnologia propriamente, mas o ambiente de negócios (por meio de arcabouço regulatório neutro), com a devida segurança jurídica, a exemplo do chamado mundo real (tradicional). Aliás, a advogada, que acompanha o assunto, entende que a tecnologia facilita muito a computação de votos, controle de quórum etc “de um jeito até melhor, pois afasta possíveis erros humanos”. Bem-vindos ao futuro!
EXPERIÊNCIAS
A CVM, que já tinha uma experiência anterior no metaverso com o Sebrae, ocorrida em março último, está se acostumando bem ao novo ambiente e procura avançar na disseminação do conhecimento. O Laboratório de Finanças Sustentáveis, em parceria com instituições do mercado, é bom exemplo disto. Não é exagero, portanto, falar-se em caminho sem volta.
INTERAÇÂO
Ainda sobre o evento acima, destaque-se a presença de Thiago Yaak, da MetaMarkets. “O Metaverso é para todos, mas ainda não é utilizado para tudo”, comentou ele, afirmando que o metaverso é uma solução para ser usada, como espaço interativo, facilitando o funcionamento do mercado. “Existem hoje mais de 100 plataformas no mundo e nós procuramos explorar todas as possibilidades visando o investidor”, frisou.
CORPORATIVO
Carmela Martinelli, da Ambev, foi outra convidada do evento sobre metaverso para relatar sua experiência com pessoas dentro e fora da empresa. De programas de estágio, seleção de pessoal à Copa do Mundo, falou bastante sobre o mundo virtual e a adesão de colaboradores e do mercado, de uma forma geral. Até um TCC de arquitetura (de uma colaboradora), usando o metaverso, foi destacado por ela para validar a discussão e ampliar o universo de oportunidades.
INVESTIDOR
De 3 a 9 deste mês (nesta semana, portanto) acontece a Semana Mundial do Investidor 2022. Promovida pela IOSCO (organização que reúne as Comissões de Valores de todo o mundo) e coordenada pela CVM, esta sexta edição terá como temas a resiliência do investidor e finanças sustentáveis. Como serão abordadas a educação financeira e a proteção aos investidores, o metaverso pega carona e marcará posição.
Abertura do evento será no dia 3, às 9h, com participações do presidente da CVM, João Pedro Nascimento; do presidente da B3, Gilson Finkelsztain; mais a representante da IOSCO,Christina R. Rolle; e a dirigente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Morgan Doyle.
SEMANA
Este ano haverá uma ação dos influenciadores Fabio Gomes, Yasmin Scorse, Steph Vieira, Load Comics, Lucas Reis e Gabs Floquet, de diferentes áreas como moda, beleza, cotidiano, cultura pop e games. A ideia é que eles, ao contarem suas experiências e como buscam o equilíbrio para lidar com o dinheiro e conseguem realizar seus sonhos, inspirem mais brasileiros a começar sua jornada no mundo das finanças.
“Nossa expectativa é furar a bolha. Conversar com jovens que não estão necessariamente buscando informações sobre sua vida financeira, mas que podem se interessar pelo tema a partir de abordagens e histórias reais de pessoas que são referência em outras áreas”, justifica Christianne Bariquelli, superintendente de Educação da B3.
IBRI
O Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), o NIRI (associação equivalente, nos Estados Unidos) e o INARI (Instituto Nacional de Relación com Inversionistas, do México) discutirão O Metaverso e os Profissionais de RI, no próximo dia 11. Evento tem apoio da Abrasca e da Metamarkets.
Inscrições: https://www.metamarkets.space/niri-ibri
GUIA
A B3 lançou o guia “Sustentabilidade e Gestão ASG: Como Começar, Quem Envolver e O Que Priorizar”, no qual busca compartilhar com todas as empresas conhecimentos, reflexões e caminhos para a adoção de melhores práticas ambientais, sociais e de governança.
A publicação é uma atualização das edições lançadas em 2011 e 2016 e mostra, de forma clara e didática, como o ESG (sigla em inglês que se refere a fatores Ambientais, Sociais e de Governança Corporativa no contexto da gestão empresarial, usada também como ASG, em português) estão mudando o mundo dos negócios.
A obra identifica 14 passos rumo à sustentabilidade e, em relação ao guia de 2016, acrescenta um novo tema à jornada: a agenda de Investimento Social Privado que, em diversas companhias, evoluiu de trabalhos pontuais junto às comunidades onde as empresas estão inseridas para uma ação sistêmica.
RELATÓRIOS
O Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS) aprovou, em sua primeira reunião de trabalho, dia 22 último, Carta Comentário sobre o documento “Staff Request for Feedback (SRF)” emitido pela International Sustainability Standards Board (ISSB) que visa receber orientações por parte dos agentes de mercado acerca da estrutura proposta pelos técnicos dessa instituição sobre o formato de divulgação dos relatórios de sustentabilidade.
Cabe lembrar que os relatórios de sustentabilidade têm interação com a estratégia de processamento de dados (machine learning, por exemplo) e por isso é relevante que sejam divulgados em formato interativo e por meio de um template para facilitar a coleta de dados e o cruzamento das informações pré-financeiras com as de matiz financeira.
EXPANSÃO
A Weg anunciou investimentos de R$ 660 milhões para os próximos três anos, diluídos neste tempo. Objetivo é expandir a capacidade de produção de motores industriais e elétricos em 25%. Será construída nova fábrica, de 18 mil m2, até 2024, junto à planta de Jaraguá do Sul (SC), sede da companhia.
BDRs
Durante o expediente da última quinta, 29, teve toque de campainha na B3, marcando o início de negociação dos 16 primeiros BDRs de ETF do J.P. Morgan Asset Management. Esses ativos oferecem acesso a diferentes mercados globais – incluindo Estados Unidos, Europa, Japão e Ásia-Pacífico.
Os papéis (BDRs de ETF), na prática, são recibos emitidos no Brasil com lastro em cotas de ETFs – fundos de investimento atrelados a índices internacionais. O investidor poderá negociar diretamente na B3, sem necessidade de abertura de conta fora do país, simplificando assim o acesso ao mercado externo.
ACESSO
“Ao lançar BDRs de ETFs no Brasil, a partir de uma criteriosa análise dos produtos disponíveis no país, disponibilizamos estratégias que possuem estruturas de custo eficientes, podem ser facilmente negociadas e oferecem acesso a qualquer mercado no mundo”, analisa Bryon Lake, Global Head of ETFs para o J.P. Morgan Asset Management.
VERDES
O Banco Central publicou relatório dando conta que no biênio 2020-21 o volume global de emissões de títulos sustentáveis (também conhecidos por títulos verdes) bateu em US$ 1,6 trilhão. Trata-se de volume crescente, sendo praticamente o dobro do que ocorreu no período 2015-19.
Do montante de 2020-21, US$ 20 BI são papéis brasileiros, que têm
no mercado exterior a sua principal colocação – 70% das emissões, destacando-se bonds e notes. No mercado interno a preferência é pelas debêntures. O Brasil está na vice-liderança do ranking latino-americano, perdendo para o Chile.
AGILIDADE
Não é novidade que uma das maiores preocupações do empresário brasileiro é a contabilidade e isto se acentua com o micro e pequeno empreendedor, que geralmente tem pouca estrutura e conhecimento, ficando, assim, refém de serviços caros e burocráticos de contabilidade. Pensando em transformar essa realidade, a startup Obvia, com atuação localizada em Minas Gerais, criou um aplicativo para solucionar questões contábeis “de forma simples, rápida, barata e online”, assegura. Nele, é possível realizar todas as obrigações contábeis, fiscais e tributárias do CNPJ de forma simplificada e intuitiva.
Segundo o Sebrae, os pequenos negócios movimentam R$ 420 bilhões por ano, o equivalente a um terço do Produto Interno Bruto (PIB). E é neste mercado que a Obvia está de olho. Com plano de expansão física para São Paulo, a empresa anuncia investimentos de R$ 1,8 milhão e aponta crescimento orgânico mensal de 10,8%.
MULHERES
Clarissa Sadock, CEO da AES Brasil, escreve em sua página no LinkedIn que a empresa pactua com o compromisso “Elas Lideram 2030” (ONU Mulheres e Pacto Global da ONU) e que está focada neste objetivo desde 2020.
Em agosto último, segundo ela, foi alcançado o índice de 23% de mulheres na alta liderança. Proposta da AES é chegar aos 30% até 2025. O movimento “Elas Lideram” tem por objetivo alcançar este compromisso de 1.500 empresas brasileiras. Até o momento não atingiu 5% da meta…
SOLAR
O Brasil subiu uma posição no ranking de países que mais geraram empregos em energia solar fotovoltaica no ano de 2021, segundo relatório divulgado pela Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA). Agora na sexta colocação, o país está na frente de líderes históricos do setor como Alemanha, Austrália e Reino Unido.
Rodrigo Sauaia, CEO da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), lembra que o Brasil é “uma nação solar por natureza”, com condições privilegiadas para se consolidar como liderança mundial no setor. “A energia solar fotovoltaica terá função cada vez mais estratégica para o atingimento das metas de desenvolvimento econômico, social e ambiental do Brasil e dos demais países. Irá ajudar fortemente na recuperação das economias globais, sendo a fonte renovável que mais gera empregos no planeta”, comenta ele, acrescentado que o relatório da IRENA apontou a geração de 12,7 milhões de empregos no mundo só no ano passado.
ENERGIA FEMININA
Com estimativa de 4,3 milhões de postos de trabalho em todo o mundo, a indústria de energia solar fotovoltaica é a que mais emprega mulheres no setor de energia renovável. É isto que aponta relatório publicado na última sexta, 30, pela Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena, em inglês).
Pelo levantamento, as mulheres que trabalham em tempo integral na indústria solar fotovoltaica ocupam 40% dos cargos. Isto é praticamente o dobro da incidência no segmento eólico (21%), bem como no de petróleo e gás (22%). A maioria, no entanto, está alocada em funções administrativas. Quando a área de atuação é de engenharia ou tecnologia em geral, o índice cai para 32%. Relativamente aos cargos gerenciais, a participação é de 30%.