Neste mês de março, Mulheres em Ação traz conteúdos especiais, pontuando o feminino e todo seu universo. Começamos com a história da CEO da Atom S/A, Carol Paiffer (foto), contada por ela mesma neste artigo:
Trabalhar, estudar e se inspirar!
Onde nasce um empreendedor? Muitas pessoas me perguntam quando comecei a empreender. Claro que a palavra empreendedorismo não é algo que usávamos quando eu era criança. Mas desde pequena, eu colocava os saltos da minha mãe e com minha irmã Ciça (Cecilia) brincava de ser empresária.
Meus pais se casaram muito cedo. Minha mãe tinha 17 anos e meu pai, 20. E, por isso, é claro, não tinham muita grana. Quando eu nasci (sou caçula), minha mãe já trabalhava: fazia roupas infantis, primeiro para minha irmã, mas que caíram no gosto das amigas.
Cresci vendo meus pais darem duro para que pudéssemos estudar. E o trabalho não parecia algo ruim ou sofrido. Ganhei um cofrinho quando era criança e tudo que eu fazia em casa podia me render uns trocados.
Com 8 anos, eu e meu irmão, Joaquim, o Kim, fizemos uma horta de alface no fundo de casa. Ele sabia plantar porque vivia no sítio com meu pai e eu colocava minha melhor roupa e saia para vender.
Quando você é criança, tudo é brincadeira e, como todos acham fofo, acabam te dando mais dinheiro do que o produto vale. Já tive lojinha na porta de casa com minha irmã, já fizemos geladinho (aquele saquinho com gelo com sabor dentro) para vender, já compramos esticadinho (um chocolate da minha época) no atacado e vendíamos para os amigos da rua. Ou seja, hoje olhando tudo isso percebo que a brincadeira me ajudou a empreender sem perceber.
Quando fui decidir a faculdade que iria cursar, queria fazer Moda. Minha avó Elza e minha mãe trabalhavam com confecção. Então, na adolescência, acabei me interessando por moda. Mas eu não queria seguir o ramo de confecção ou ser estilista. Eu queria montar uma empresa. Mas, como abrir um negócio de moda sem o mínimo preparo? Só via todo mundo apanhando na hora de gerir seus negócios. Decidi que o certo, primeiro, seria estudar Administração de Empresas. Foi o que fiz na faculdade.
Nessa mesma época, o Kim começou a cursar Economia e o professor Gentil Canton o estimulou a estudar sobre o mercado financeiro. Ele seguiu o conselho do professor e eu embarquei com ele. Isso mudou nossas vidas profissionais, para sempre.
Quando surge a Atom
Montamos o que hoje é a Atom, uma empresa de capital aberto na Bolsa de Valores (S/A) e maior empresa de traders e publicadora de conteúdos educacionais sobre mercado financeiro da América Latina. Logo no início dessa empreitada, nos deparamos com um baita problema: a falta de traders profissionais, qualificados, disponíveis no mercado. Isso nos pareceu uma verdadeira enrascada.
Pensamos muito sobre o que fazer e decidimos criar a Atom Educacional. Ou seja, se faltava capacitação, nós mesmos decidimos dar um jeito de resolver a questão. Desde então, já impactamos 70 mil alunos, com uma metodologia própria didática e acessível a todos.
De lá para cá, a questão educacional se tornou praticamente uma obsessão para mim, virou a menina dos meus olhos. Recentemente, a Atom assinou contrato com a Sony Pictures Television (SPT), responsável pelo programa Shark Tank, para comandar a implantação do programa educacional Shark Tank E-School, inédito no país. O Brasil é hoje o segundo país que oferece essa formação profissional (o outro é a Austrália).
Outra ação de caráter educativo da Atom é a série de animação Teo Tourinho, para o público infantil e da qual fui uma das idealizadoras. A educação financeira desde cedo faz toda a diferença para que as famílias do futuro tenham uma vida financeira mais sustentável e a possibilidade de realização de sonhos da vida adulta.
Na Shark Tank Brasil
Refletir sobre consumo, planejar gastos e até saber ganhar dinheiro deveriam ser temas presentes na rotina das pessoas. Basta observar o cenário econômico e como muitas famílias acabam sendo pegas de surpresa, por falta de conhecimento, e sendo desestabilizadas. As crianças de hoje são os adultos de amanhã e precisam de estímulo para começar a planejar um futuro melhor. Portanto, além dos negócios, a questão educacional é algo que tem me inspirado bastante.
Em relação à minha atuação como empresária participante do Shark Tank Brasil, venho investindo em empresas dos mais diferentes segmentos. Dessa forma, eu e meus sócios nesses negócios atuamos em um sistema de inspiração mútua, um ajudando o outro. Assim, ensino e também aprendo.
Atuando desde 2005 no mercado financeiro, hoje tenho total segurança de afirmar que não existe fórmula para o sucesso. Eu, ao menos, não conheço. É preciso trabalhar e estudar. O sucesso é totalmente relacionado ao esforço, mas também à inspiração, porque, sem ideia, instinto e intuição, dificilmente ele vai chegar.
Por Carol Paiffer, cofundadora e CEO da Atom S/A e empresária participante do programa Shark Tank Brasil. Enviado por Vetor Am.