O dia até que foi bem positivo para os principais mercados de risco do mundo, incluindo Bolsas e câmbio, mas não foi o comportamento registrado no mercado local. Aqui a Bovespa até começou o dia com tendência de alta, mas logo passou para o campo negativo e aprofundou perdas, para melhorar um pouco mais para o final.
Uma boa parte da queda da Bovespa é explicada pela queda do minério de ferro no mercado da China afetando siderúrgicas e mineradoras. Outra parte explicada pelas incertezas de tratamento dos preços de derivados de petróleo pela eventual interferência do governo e ainda pelo comportamento das ações de bancos em queda, principalmente depois da coletiva do presidente Campos Neto falando sobre concorrência, open banking e novas mudanças no sistema financeiro e mercado de capitais. Consequência disso, a Bovespa incorporou o quinto pregão seguido de queda e índice novamente na casa de 115.000 pontos novamente, depois de bater recorde em 118.791, em 03/1.
No segmento internacional, o presidente Trump falou que a abertura do mercado chinês seria um dos objetivos da segunda fase do acordo, mas que não deve sair até a eleição de final de ano. Também lançou suspeitas sobre a queda do avião da Ucrânia ontem e o noticiário internacional fala da possibilidade de um míssil ter abatido o avião.
Também tivemos dirigentes do FED falando sobre economia. O vice-presidente Clarida disse que 2020 está começando em bom lugar e os ventos contrários reduziram. Também se disse preocupado com a queda da produtividade global e que seria boa a política monetária sincronizada com a fiscal. Segundo Clarida as operações de Repo podem durar até abril e pode ser necessário período de transição. Mas isso deve ser discutido na próxima reunião do FOMC. Já John Williams, do FED de NY, disse que os juros baixos e declínio das expectativas de inflação sinalizam o futuro e outros também abordaram a curva de juros de longo prazo que não sinaliza exatamente recessão a frente.
No Reino Unido, o parlamento britânico aprovou por ampla maioria o acordo do Brexit formatado por Boris Johnson que agora segue para votação na Câmara dos Lordes. Nos mercados, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 0,03%, com o barril cotado a US$ 59,63. O euro era transacionado em leve alta para US$ 1,111 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros em queda para 1,85%. O ouro e a prata com quedas na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago. O minério de ferro na China fechou em queda de 1,92%, com a tonelada em US$ 94,37.
No cenário doméstico, o IBGE anunciou que a produção industrial de novembro encolheu 1,2% e no ano cai 1,1%. Bens de capital com contração de 1,3% nomes e ainda 34,2% abaixo do pico de setembro de 2013. O pior é que houve queda em 16 dos 26 ramos pesquisados. E a indústria opera 17,1% abaixo do pico de março de 2011.
A Anbima também divulgou que a captação líquida de fundos em 2019 foi de R$ 191,6 bilhões e os fundos de ações foram responsáveis por R$ 86,2 bilhões, recorde histórico. As ofertas no mercado de capitais atingiram R$ 396 bilhões, com expansão de 59,3%.
No mercado, dia de DIs com juros em queda para os principais vencimentos (curto estável), e o dólar com alta de 0,82% e cotado a R$ 4,08 5. Na Bovespa, na sessão de 07/01, os investidores estrangeiros voltaram a sacar forte recursos no montante de R$ 1,7 bilhão, deixando o saldo de janeiro negativo em R$ 1,45 bilhão.
No mercado acionário, dia de alta da Bolsa de Londres de 0,11%, Paris com +0,19% e Frankfurt com +1,31%. Madri teve queda de 0,10% e Milão com alta de 0,77%. No mercado americano, o Dow Jones com +0,74% e Nasdaq com +0,81%. Na Bovespa, dia de nova queda de 0,26% e índice fechando em 115.946 pontos.
Na agenda de amanhã, teremos a inflação oficial de 2019 pelo IPCA e a primeira prévia do IGP-M de janeiro. Nos EUA, teremos o payroll de dezembro com a criação de vagas nos setores público e privado, indicadores acessórios de emprego e o relatório sobre oferta e demanda agrícola mundial.
Alvaro Bandeira
Economista-chefe do banco digital Modalmais