Quem não suporta as emoções da montanha russa que ande no cavalinho do carrossel, oras. O dito popular serve bem ao mercado financeiro, particularmente nos dias em que o fator político “entra a pés juntos” – como dizem os patrícios d´além-mar. A história de furar o teto no orçamento federal derrubou secretários na pasta da Economia e por pouco não vai o ministro também, especulou-se. Certo é que o barco chacoalhou forte e foi gente pra água.

E tudo isto às vésperas da definição da nova taxa Selic (hoje em 6,25%). Os 4,25% de junho deverão simplesmente dobrar até o final deste ano e para 22 já existe projeção de que chegue a 12%. Com isto, espera-se, o BC independente dará uma bordoada na inflação – que teima em subir junto com os combustíveis e alimentos. No lado “B” da bolacha do disco o que virá também já se sabe: freada na atividade econômica.

O Auxílio Brasil, novo nome do Bolsa Família, de R$ 400,00 até o final de 2022, ano em que teremos eleições para presidente (entre outros cargos) tem mais apelo eleitoral que social, comentaram dois analistas ouvidos pela coluna que preferem não aparecer. “Não é que a conta virá, no futuro, ela já está chegando, a galope”, comentou um deles.

Reforçando a tese acima, a B3 acendeu e apagou a luz amarela várias vezes nos últimos dias. No acumulado da semana a queda é de 7,28%, com fechamento a 106 mil pontos. A garantia de que o ministro da Economia vai ficar só aplacou temporariamente o estresse. No ano, as perdas já acumulam 10,69%.  

FREE FLOAT

A fim de rediscutir a liquidez do mercado, a B3 anuncia realização de audiência pública com o objetivo de colher contribuições para a proposta de ajustes das regras que tratam da liquidez mínima nos regulamentos do Novo Mercado, Nível 2 e Nível 1. A Bolsa pensa em reduzir para 20% o free float. Atualmente, esses três níveis preveem mínimo de 25% da quantidade de ações em circulação.

“O número de investidores na Bolsa de Valores aumentou mais de 350% desde 2018, chegando a superar 3,2 milhões no primeiro semestre de 2021 e, com isso, o volume de negociação dos papéis também cresceu consideravelmente. Portanto, é razoável assumir que, para se atingir um nível de ADTV que propicie adequada liquidez para as ações, não seja mais necessário volume de IPO tão elevado quanto os R$ 3 bilhões fixados no passado”, justifica Flavia Mouta, diretora de Emissores da B3. 

PRAZO

A B3 espera receber comentários sobre as propostas de parte das companhias abertas, investidores, reguladores, associações e demais interessados, até o dia 22 de novembro deste ano, pelo e-mail [email protected].

Consulte o site e se ainda assim existirem dúvidas estas poderão encaminhadas ao mesmo endereço eletrônico. 

ETF

Desde o dia 20 deste mês a B3 negocia cotas de um novo ETF internacional. Trata-se do Investo FTSE Global Equities ETF, Fundo de Investimento de Índice-IE, gerido pela Investo, com o código de negociação WRLD11.

Referenciado no índice FTSE Global All Cap Index, replica a performance de mais de 9 mil de diversas localidades no mundo, em mercados emergentes e desenvolvidos.  

COTISTAS

No final de junho último a quantidade de cotistas apurada pela plataforma Economatica, com base em reportes de gestores junto à CVM e Anbima, foi de 28,3 milhões contra os 29,2 milhões no final do mês passado (setembro), apresentando crescimento de 3,2%.

O maior crescimento percentual é dos fundos de ETF’s, que no período registram crescimento de 7,3%, seguidos pelos fundos multimercados, com crescimento de 4,2%, fundos de renda fixa com aumento de 2,6% e os fundos de ações que apresentaram 0,6% de crescimento.

Nominalmente, os fundos imobiliários têm o maior crescimento no 3º trimestre com aumento de 404 mil cotistas; em junho apresentavam 5,5 milhões contra 5,9 milhões de cotistas no final de setembro. Os fundos de renda fixa apresentaram o segundo maior crescimento nominal, com aumento de 208 mil cotistas no trimestre. Os fundos de ações fecharam o 3º trimestre com crescimento de 7,2 milhões de cotistas. 

ESG na FGV

Muito além de uma prosaica sopa de letrinhas, o título acima remete a uma verdadeira aula de economia ministrada no formato do workshop “Desafios do Crescimento Brasileiro, ESG e Infraestrutura e Desafios da Política Fiscal”, ocorrido na última semana, para marcar os 60 anos da Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EPGE), uma das maiores instituições de ensino e pesquisa do país.

Junto a Carlos Ivan Simonsen Leal (presidente da FGV) estiveram vários professores da fundação e alguns convidados especiais como Roberto Castello Branco (ex-presidente da Petrobras e atual conselheiro da Vale), Joaquim Levy (ex-ministro da Fazenda e atual diretor do Banco Safra), Bruno Funchal (que pediu demissão, semana passada, mas continuará mais uns dias à frente da Secretaria do Tesouro do Ministério da Economia),  René Garcia Jr (Secretário da Fazenda do Paraná), John Cochrane (Stanford University, EUA) e Jean Tirole, Prêmio Nobel de Economia em 2014 e professor da Toulouse School of Economics (França).  

FGV 2

O professor Carlos Ivan deu uma espécie de aula magna, discorrendo sobre o II Império, Visconde de Rio Branco (o intelectual baiano, pai do Barão), Guerra do Paraguai, “Trindade Saquarema” e fez menções ao seu contemporâneo Eugênio Gudin, citando-o como um dos percursores da racionalidade econômica no país. Adiante tratou de questões atuais como tecnologia, compliance e ESG.

FGV 3

Crítico do populismo, “que só produz pobreza e desigualdade”, Roberto Castello Branco define o crescimento do país nos últimos 40 anos como “medíocre” e vê um desafio enorme à frente, “já que perdemos o bônus demográfico”.  

FGV 4

Joaquim Levy mostrou-se satisfeito com o novo papel do BNDES e a baixa da taxa de juros, nos dois últimos anos, e cobrou mais acesso ao crédito – “Se não fizermos isso teremos muitas dificuldades” – e uma Agenda Simples, “fácil de entender”. Para ele, o governo precisa ser eficiente e inclusivo, dando condições de competição à população.  

FGV 5

Para Bruno Funchal, apesar dos gastos extras na pandemia, “o governo tem previsibilidade com despesas”. Ele elogiou o “colchão de liquidez, com três meses de folga, que chegou a ficar com meio bilhão de reais”.

FGV 6

Já o economista René Garcia se fixou em quatro pontos que considera fundamentais: modernização tributária, controle de despesas com pessoal, inovação (governo mais eficiente) e capacidade de planejamento.

FGV 7

O professor Jean Tirole, Nobel de Economia – que já se declarou crítico do mercado de criptomoedas –, fez a sua exposição apresentando um PPT sobre “Ética e Mercado”. O evento ocorreu no formato online. 

INFRA

O Programa de Concessões de Infraestrutura somará R$ 1 trilhão até o final de 22, informa a Agência Brasil. Esse montante representa os leilões já realizados e os novos pacotes que serão ofertados ainda em 2021 e no próximo ano. Os dados foram comentados pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, na última sexta-feira, em São Paulo.

Segundo ele, de 2019 até hoje ocorreram 115 leilões contratados, que totalizam R$ 550 bilhões em investimentos. Até o final deste ano serão ainda concedidas rodovias, como a Dutra e a BR-381, linhas de transmissão de energia, terminais portuários, além do leilão do 5G e blocos da área de saneamento, com aportes de recursos previstos de R$ 100 bilhões.

“Resolvemos não prorrogar nenhum contrato da década de 1990, porque a situação macroeconômica era muito diferente”, observou.

EMBALAGENS

Visando minimizar o impacto ambiental, a Mustela, em parceria com a Drogaria Venancio e a Boomera, faz a campanha “Recicle hoje e colha amanhã”, com pontos de entrega voluntária em cinco lojas da Venancio, no Rio. A campanha espera arrecadar embalagens limpas e secas de plástico, papel, vidro ou metal para destinar à reciclagem.

A participação dos consumidores é fundamental para que essas embalagens sejam incorporadas nos seus ciclos de vida sustentáveis após seu uso. Os pontos de entrega têm ainda o objetivo de educar e incentivar a sociedade a contribuir com a Economia Circular. O Lar Cantinho Feliz, que ampara 260 crianças na Comunidade do Morro dos Macacos em Vila Isabel, receberá as doações.

CARBONO  

A Suzano anunciou a revisão de suas metas para remover 40 milhões de toneladas de carbono da atmosfera. O plano, previsto para até 2030 foi antecipado para 2025.

Essa antecipação, de acordo com a companhia, é suportada pela ampliação de cobertura vegetal no período, por meio de plantios comerciais e de áreas destinadas à conservação, em locais antes degradados e antropizados. Ao absorverem carbono da atmosfera, as árvores cumprem um importante papel no combate à intensificação do efeito estufa.

CESP

A reorganização da Cesp, aprovada pelo Conselho e devidamente comunicada à CVM e ao mercado, será levada a efeito por um Comitê Especial Independente da Companhia no processo junto à Votorantim S.A. e ao Canada Pension Plan Investment Board para a incorporação da totalidade das ações de emissão da Companhia pela VTRM Energia Participações S.A.

A CESP publicou Fato Relevante a respeito, inclusive já designando os membros deste Comitê.

DEBÊNTURES

Se você perdeu a notícia veiculada no Portal Acionista, na semana, saiba que o Conselho de Administração da JBS aprovou a 7ª emissão de debêntures simples não conversíveis em ações, que servirão como lastro em oferta pública de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA).

A emissão será de até R$ 1,2 bilhão em até duas séries para colocação privada, sendo que a primeira terá o prazo de 3.648 dias e a remuneração será a maior entre NTN-B 2030 + 0,65% ao ano ou 5% ao ano. Já a segunda série, com prazo de 5.475 dias, terá maior remuneração entre NTN-B 2035 + 0,95% ao ano ou 5,3% a.a. 

JATOS

A Embraer entregou 30 jatos no terceiro trimestre de 2021, sendo nove comerciais e 21 executivos (dos quais 14 leves e sete grandes). Em 30 de setembro de 2021, a carteira de pedidos firmes (backlog) totalizava USD 16.8 bilhões, de acordo com a companhia.

TRANSPORTES

Com apoio de divulgação do Portal Acionista, a Apimec Brasil (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) realizará o “Encontro Setorial Apimec- Logística e Sustentabilidade”.

Evento será 25 de novembro, online e presencial, das 14h às 17h.

As inscrições online são gratuitas e devem ser feitas pelo link https://encontrosetorial.apimecbrasil.com.br/?eg_sub=78996b78d8&eg_cam=15b8eac3a5d6710f5da04e5337403aec&eg_list=1

BLACK

A Black Friday vai acontecer no dia 26 de novembro e já tem gente se debruçando sobre a calculadora.

Estima-se que 88% dos brasileiros que vão às compras já o fazem por plataformas online e que neste ano poderão gastar 25% a mais no tíquete médio. Investidores de empresas de varejo já se animam.

ARTIGO

Por que o Mercado de Créditos de Carbono Não Resolve a Crise Climática?

(*) Adriana Souza Silva

Estamos às vésperas da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 26, que acontecerá de 31/10 a 12/11, em Glasgow, no Reino Unido. No Brasil, mais de 100 organizações da sociedade civil, de povos e comunidades tradicionais, movimentos sociais e pesquisadores do Grupo Carta de Belém aproveitaram essa deixa para lançar um Manifesto contra a principal discussão do evento: o mercado de crédito de carbono. De maneira geral, a COP 26 vai sedimentar o chamado “livro de regras” do Acordo de Paris sobre o Clima (2015), com a aprovação dos mecanismos de financiamento climático para os países, assim como os instrumentos de mercado e não mercado para viabilizar essas negociações. É exatamente sobre o artigo 6° da regulamentação que as organizações fazem seu Manifesto. Ora, ninguém é contra o financiamento para a promoção da preservação ambiental. Longe disso. Porém, essa é a parte bonita do discurso.

Na prática, o que se tem visto nos últimos anos é que os instrumentos do mercado de carbono são muitas vezes usados como verdadeiras “licenças de poluição”. Há uma metáfora curiosa para explicar esse ponto de vista: imagina que, para resolver a questão da obesidade mundial, os Estados Unidos transferissem para os pobres a responsabilidade de seus habitantes fazerem dieta e exercícios, perdendo os quilogramas equivalentes no seu lugar.

Se a média de peso por número de habitantes no planeta chegasse ao patamar desejado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a humanidade estaria a salvo dos malefícios da obesidade? Claro que não. A conta do toma lá, dá cá não é 100% eficaz para a redução real de emissões. Quem emite muitos gases de efeito estufa para a atmosfera precisa, prioritariamente, encontrar tecnologia para resolver esse problema, acertar a sua conta com o meio ambiente, e não apenas comprar créditos de carbono no Brasil e, por uma operação contábil, continuar poluindo. Sem contar que, do lado debaixo do Equador, no vale tudo pela compensação florestal, quem irá se preocupar em preservar a espécie nativa, ou com a ocupação de povos tradicionais de uma determinada região, ao se deparar com um pedaço de terra perfeita para uma grande plantação de eucaliptos, capaz de gerar toneladas de CO2 prontos para vender no mercado? Sim, haverá mais conflitos, disputas por terra, violência no campo. Não só no Brasil, mas em todos os países da América Latina, sudeste asiático, continente africano e onde mais houver pouco exercício da proteção de direitos de povos indígenas, camponeses, comunidades tradicionais, pequenos agricultores etc. Essa discussão vai longe. Por ora, estar atento a todos os lados da COP 26 é o melhor a fazer.

Recomendo, neste caso, algumas leituras: • https://www.cartadebelem.org.br/manifesto-rumo-a-cop-26/

www.inesc.org.br/cop-26-o-avesso-do-avesso-do-avesso/

https://oglobo.globo.com/brasil/um-so-planeta/organizacoes-da-sociedadecivil-dizem-que-mercado-de-credito-de-carbono-licenca-para-poluir-25240120

(*) Adriana Souza Silva é jornalista, tem Pós-Graduação em Administração de Negócios Sociais, especialista em Marketing de Engajamento, MBA em Mercado Financeiro e de Capitais e está à frente da Agência Pauta Social – Comunicação para o Terceiro Setor. [email protected]

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