🌎 CENÁRIO EXTERNO

Variante delta, crescimento e inflação

Sem direção antes dos balanços

Ativos de risco globais estão iniciando a semana em tom cauteloso, sem direção única, após uma sessão de recuperação na última 6ªfeira. No radar dos investidores, seguem como principais riscos para o mercado do impacto econômico potencial do recente alastramento da variante delta e a persistência de pressões inflacionárias que antecipe o início do movimento de retirada de estímulos pelos principais bancos centrais do mundo. No pano de fundo, investidores também ficarão atentos ao início da temporada de balanços nos EUA, que se inicia com os resultados dos grandes bancos a partir desta 3ªfeira (JP Morgan, Goldman Sachs, BofA, Citigroup, Wells Fargo e Morgan Stanley divulgam as suas demonstrações financeiras na semana).

Variante delta, crescimento e inflação

Com relação à variante delta do coronavírus, apesar da alta no número de casos, este crescimento ainda não está sendo acompanhado por uma alta significativa das internações e óbitos, o que, junto do maior número de vacinados, sinaliza que estamos diante de um problema bem mais pontual do que estrutural para o crescimento. Já com relação à inflação e uma eventual reação dos BCs, também houve um alívio na medida em que o mercado passa a se mostrar mais cético com relação à capacidade das grandes economias de sustentar os elevados ritmos de crescimento da atualidade no médio-prazo – o banco central chinês (PBoC) atuou na direção contrária ao reduzir em 0,5 p.p. o compulsório dos bancos na última 6ªfeira.

BCE

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, antecipou que a próxima reunião de política monetária da instituição, prevista para o dia 22 deste mês, deverá trazer uma mudança na prescrição futura de forma a reforçar o compromisso com a meta de inflação. Além disso, Lagarde também disse acreditar que o programa emergencial de compra de títulos (PEPP), atualmente em curso; deverá se estender pelo menos até março do ano que vem, quando haverá uma “mudança de formato” no programa (sem elaborar sobre qual será tal mudança). Vamos acompanhar…

Na agenda

Com os pontos citados acima em foco, a agenda promete movimentar o mercado na semana, com as divulgações dos dados de inflação ao consumidor (3ªfeira) e ao produtor (4ªfeira) nos EUA, PIB do 2º trimestre de 2021 na China (4ªfeira), Livro Bege do Fed (4ªfeira) e fala de Powell frente ao Congresso americano (5ªfeira) e os dados de inflação ao consumidor em junho na zona do euro (6ªfeira).

CENÁRIO BRASIL

Declarações de Bolsonaro mantêm a temperatura alta na véspera do recesso parlamentar

Recesso à vista

Caso a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) seja aprovada até a sexta-feira, os parlamentares entrarão de férias e só voltarão em agosto. A expectativa é que a Comissão Mista de Orçamento vote o relatório do deputado Juscelino Filho (DEM-MA) na terça-feira; abrindo o caminho para a aprovação da LDO nos próximos dois dias. Mesmo que a LDO não seja aprovada, o mais provável é que os parlamentares saiam de férias mesmo assim em “recesso branco”. De qualquer forma, a tendência é que Brasília saia – ou pelo menos diminua o seu impacto – no radar dos investidores pelas próximas semanas.

“Ou é do meu jeito”

A aproximação do recesso parlamentar não reduziu a temperatura em Brasília. Frustrado com a resistência ao projeto do voto impresso no Congresso, que dificilmente aprovará a alteração a tempo de implementá-la nas eleições de 2022, Jair Bolsonaro ameaçou não permitir a realização de um pleito eleitoral no ano quem, caso a mesma não contempla “voto auditável e confiável”. O presidente também aproveitou a passagem pelo cercadinho para criticar o ministro do STF Roberto Barroso; que preside o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e tem se posicionado contra as alterações eleitorais preteridas por Bolsonaro publicamente. As declarações foram rechaçadas até pelos aliados de Bolsonaro – entre eles os presidentes do Legislativo Federal, que garantiram que as eleições de 2022 serão realizadas.

Supersalários na mira dos deputados

Na Câmara dos Deputados, o destaque da semana deve ser a votação do projeto que limita os chamados supersalários. A proposta estabelece como e para quem o teto remuneratório do funcionalismo público será aplicado. Segundo o relator do projeto, a aprovação das alterações na versão mais recente do seu parecer deve resultar em uma economia de R$ 10 bilhões/ano. O projeto também representa uma forte sinalização aos servidores públicos que serão afetados pela reforma administrativa, demonstrando que a elite da sua casta não está sendo poupada das medidas de austeridade que ainda devem ser aprovadas pelo Legislativo.

Gravação perigosa

No Senado, a CPI da pandemia deve continuar dominando os holofotes. Nos bastidores do Congresso, circula o rumor de que o deputado Luís Miranda (DEM-DF) revelou a alguns senadores um áudio gravado, durante reunião com o presidente Jair Bolsonaro, onde foram revelados os indícios de ilicitudes nos contratos de compra da vacina indiana Covaxin. Segundo os rumores, o áudio pode comprometer aliados do presidente. Além disso, a comissão precisa definir o seu cronograma caso o resto do Congresso entre em recesso. Alguns integrantes da CPI pleitearam pela continuidade dos trabalhos, mas Rodrigo Pacheco (DEM-MG); presidente do Senado, já deixou claro que a CPI terá de interromper seus trabalhos caso a LDO seja aprovada.

Na agenda

Hoje, como de costume, as projeções do boletim Focus do Banco Central (8h30) e o resultado da balança comercial semanal (15h) abrem a agenda da semana. Nos próximos dias, as atenções se voltarão às divulgações do volume de serviços em maio (3ªfeira) e do IBC-Br para o mesmo mês (4ªfeira); o monitor do PIB da FGV de maio e os dados de arrecadação do governo federal em junho (sem data definida).

E os mercados hoje?

Mercados globais iniciaram a semana sem direções claras; com investidores cautelosos antes da divulgação de dados de inflação e do início da temporada de resultados corporativos nos EUA. No Brasil, o clima segue esquentando em Brasília – desta vez com fala do presidente já mirando as eleições do ano que vem – enquanto a sessão positiva para os mercados na 6ªfeira pode acabar promovendo um ajuste positivo em ativos locais na abertura. Tendo isso em vista, esperamos um início de dia de viés neutro/positivo para o Ibovespa nesta 2ªfeira.

Publicidade

Essas ações extremamente baratas podem mudar seu 2025!