CENÁRIO EXTERNO: POLÍTICA E BALANÇOS MOVIMENTAM O DIA

Mercados… Bolsas asiáticas encerraram a sessão sem direções clara, com destaque para a alta superior a 1,0% das bolsas chinesas que se recuperam da queda no final da semana passada. Na zona do euro, os principais índices de mercado também amanheceram sem tendência bem definida, com leve viés baixista. O Stoxx 600, índice que abrange uma gama de ativos ao redor do continente europeu, recua 0,1% até o momento. Nos EUA, futuros de NY amanheceram no vermelho, com baixas da ordem de 0,1% a 0,3%, enquanto o dólar (DXY) volta a retomar fôlego contra seus principais pares, ainda se mantendo a um nível muito reduzido. Por fim, no plano das commodities, ativos ilustram a piora vista na dinâmica dos mercados. O preço do petróleo (Brent Crude) se mantém estável, negociado em torno de US$ 43,50/barril.

Política e balanços movimentam o dia… Mercados globais iniciaram o dia com leve viés negativo, após uma 2ªfeira de recuperação. Hoje, o mercado deve continuar sua avaliação do pacote de estímulo econômico apresentado pelo líder do partido Republicano, que já recebeu duras críticas da liderança Democrata com relação ao seu timing e magnitude. No pano de fundo, a temporada de resultados corporativos volta a ganhar força com a divulgação dos balanços da 3M Co., McDonlads Corp., AMD (Advanced Micro Services e Visa nos Estados Unidos.

Pacote Republicano… Ontem, o líder da maioria Republicana no Senado americano apresentou um pacote de estímulos da ordem de US$ 1 trilhão, projeto que irá ser discutido e comparado ao plano de US$ 3,5 trilhões aprovados na Casa dos Representantes (casa análoga à nossa Câmara dos Deputados) pela maioria Democrata. Depois de um longo debate intrapartidário, os Republicanos apresentaram um plano que corta o auxílio suplementar aos desempregados (atualmente de US$ 600 semanais), mas que contempla o envio de US$ 1,200 a todos americanos além de proteger negócios, escolas e outros tipos de organização de processos jurídicos relacionados à contaminação pela covid-19.

Resistência de bate-pronto… Dando início ao debate em torno do novo pacote republicano, os líderes Democratas da Casa dos Representantes (Nancy Pelosi) e do Senado (Chuck Schumer) passaram duas horas discutindo o texto com o Secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e o Chefe de Gabinete de Donald Trump, Mark Meadows. Ao sair da reunião, a que chamou de “muito produtiva”, Pelosi fez duras críticas ao projeto; chamando-o de patético frente às necessidades que o país está passando no momento. Apesar disso, a líder da maioria Democrata na Casa dos Representantes disse que continuarão trabalhando em busca de um entendimento. Vamos acompanhar…

Na agenda… Em dia de agenda esvaziada na zona do euro, as atenções se voltarão aos EUA, onde saem o Índice de Confiança do Consumidor do Conference Board e os dados da sondagem industrial realizada pelo Fed de Richmond, ambos às 11h.

BRASIL: RESISTÊNCIA DO SETOR DE SERVIÇOS FAZ MINISTÉRIO DA ECONOMIA REPENSAR APRESENTAÇÃO FASEADA DA REFORMA TRIBUTÁRIA

Governo pode agilizar apresentação faseada da tributária… Após a apresentação do projeto de lei que busca a junção dos tributos federais PIS e Cofins para formar a base da nova Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), o governo cogita acelerar a apresentação das três remanescentes etapas da sua reforma tributária. Agora, existe a possibilidade que as outras fases sejam aprestadas até o dia quinze de outubro.

Setor de serviços aguarda contrapartida… Rumores que surgem do Ministério da Economia indicam que a pasta vem questionando a eficácia da estratégia faseada. O questionamento surgiu em razão da crescente resistência do setor de serviços; que sofrerá com um aumento na sua carga tributária com a criação do CBS (alíquota de 12%).

Trade-off incerto… A contrapartida para este setor ocorreria com a desoneração da folha de pagamentos, que teria maior impacto benéfico para o ramo. Porém, esta compensação faz parte do último e mais duvidoso envio do governo, dependente da anuência do Congresso a um imposto sobre transações. Em consequência, Guedes estuda agilizar a apresentação da reforma para reduzir a resistência do setor de serviços.

DEM e MDB se distanciam do Centrão… Os partidos DEM e MDB pretendem se afastar do Centrão (PP, PR, PL, PSD, Solidariedade, PTB, PROS e Avante). Os demistas e emedebistas ensaiam deixar o bloco majoritário que integra estas outras siglas. A saída impactaria a composição das comissões parlamentares, que analisam projetos antes que os mesmos sejam votados em plenário. Como a pandemia interrompeu a formação das comissões, que geralmente ocorre logo após o feriado do Carnaval, este arranjo foi de pouca relevância este ano. Os parlamentares ainda pretendem formar comissões em 2020, talvez em algum momento de agosto.

Para que servem os blocos… Os blocos partidários impactam a representação e distribuição dos cargos das mesas diretoras (presidência, vice-presidência e secretários) das comissões do Congresso. A sigla com maior representação do maior bloco tem prioridade na escolha da presidência dos colegiados de maior relevância – a Comissão de Constituição e Justiça e a Comissão de Assuntos Econômicos são as mais cobiçadas.

Prévia da eleição presidencial da Câmara… Um fato que pode ter motivado o DEM e MDB a se afastarem dos demais aliados é a aproximação das eleições presidenciais que ocorrerão no início de fevereiro. O mandato dos presidentes da Câmara e do Senado se encerra no último dia de janeiro (2021). O Centrão tem como principal nome para eleição na Câmara o deputado Arthur Lira (PP- AL); que tem exercido um papel de liderança durante a aproximação do grupo com o governo.

Candidaturas começam a se concretizar… O MDB e DEM pretendem, até o momento, apoiar um outro candidato – ou até uma eventual reeleição de Maia, fato que provavelmente requereria a aprovação de uma PEC. O embate entre as siglas deve se acirrar à medida que a eleição se aproxima; podendo até dividir o apoio do Congresso em importantes futuras votações, como no caso da reforma tributária.

Agenda… Após avaliar sondagem do setor de construção do Ibre-FGV, o mercado avalia os dados de emprego no setor privado do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Para a leitura de junho, acreditamos na continuidade da piora verificada no mercado de trabalho; com o fechamento líquido de mais de 200 mil vagas no mês.

E os mercados hoje?… Bolsas globais iniciaram o dia com leve viés negativo após bom desempenho desta 2ªfeira. Como principais destaques do dia, a temporada de balanços americana volta a ganhar força com a divulgação dos resultados da 3M e da Visa (entre outros) enquanto investidores seguem ponderando a probabilidade de aprovação de um novo pacote de estímulo econômico nos EUA. No Brasil, a resistência encontrada após apresentação da 1ª fase da reforma tributária do governo poderá levar o Ministério da Economia a antecipar o envio das outras fases. O movimento pode ser avaliado como positivo, por acelerar o trâmite do texto; mas, por outro lado, já começa a mostrar a dificuldade que será encontrada para conseguir a aprovação do mesmo. Assim, esperamos uma sessão de viés neutro/negativo para ativos de risco locais, que devem continuar sujeitos ao humor externo ao longo desta 3ª feira.

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