Aparentemente a água turva da Cedae acabou contaminando os investidores no Brasil. Não estamos conseguindo acompanhar o bom momento do mercado americano e operando pior que os mercados da Europa e da Ásia. Muito disso está retratado na retirada de recursos dos investidores estrangeiros da Bovespa, que já sacaram em janeiro mais de R$ 5 bilhões, o que certamente é muito. Isso gera pressões também sobre a cotação do dólar e taxa de juros. Também consideramos algum rescaldo do vencimento de opções de índice ontem e indicadores de conjuntura. No call de encerramento, o Ibovespa virou para positivo.

No mercado internacional, os investidores ainda avaliam o acordo firmado entre os EUA e a China na área comercial, que se não foi dos melhores, certamente é bem melhor que o protecionismo comercial ou uma guerra comercial. Claro que vai trazer desequilíbrios nas commodities e câmbio, mas o mundo deveria respirar aliviado. Não piorou.

Nos EUA, tivemos a divulgação das vendas no varejo de dezembro com expansão de 0,3% e ex-automóveis com +0,7%. O índice de atividade industrial da Filadélfia subiu para 17 pontos em janeiro, de previsão de ficar em 4 pontos. Já os pedidos de auxílio-desemprego da semana anterior encolheram 10.000 posições para 204.000, quando estava previsto 216.000 pedidos. Os estoques nas empresas tiveram queda de 0,2% e a confiança dos construtores caiu para 75 pontos em janeiro.

Outra boa notícia, foi que o Senado americano aprovou o acordo comercial USMCA (EUA, México e Canadá). A presidente do BCE Christine Lagarde, discursou que as tensões globais estão crescendo em função da percepção de injustiças, e que com o multilateralismo aumentado, o trabalho em conjunto é importante.

No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 1,30%, com o barril cotado a US$ 58,56. Isso não foi suficiente para amenizar a nova queda das ações da Petrobras. O euro era transacionado em leve queda para US$ 1,113 e notes americanos com taxa de juros em alta para 1,81%. O ouro e a prata negociados em queda na Comex e commodities agrícola com quedas na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado na China ficou praticamente estável (-0,05%), com a tonelada em US$ 96,36.

No segmento local, a divulgação do IBC-Br de novembro, uma prévia do PIB calculada pelo Bacen surpreendeu positivamente com alta de 0,18%, quando a mediana das projeções indicava -0,10%. Contra igual mês de 2018 a alta foi de 1,10% e contra igual trimestre encerrado em novembro, expansão de 1,71%. Com ajuste o mês de novembro foi o melhor desde 2014. A inflação medida pelo IGP-10 de janeiro desacelerou para 1%, vindo de 1,69% e em 12 meses mostra alta de 7,81%

O ministério da economia disse que deve encaminhar a reforma administrativa ainda em fevereiro e seria excelente se a PEC fosse aprovada ainda em 2020. Na sequência do mercado local, os DIs de maior liquidez tiveram dia de alta dos juros, e o dólar chegou a atingir R$ 4,20 e fechou com alta de 0,14% e cotado a R$ 4,19. Na Bovespa, na sessão de 14/1, os investidores estrangeiros sacaram recursos no montante de R$ 695 milhões, deixando o saldo líquido de janeiro negativo em R$ 5,01 bilhões.

No mercado acionário, dia de queda de 0,43% para a Bolsa de Londres, Paris com alta de 0,11% e Frankfurt com -0,02%. Madri e Milão com altas de respectivamente 0,55% e 0,74%. No mercado americano, o Dow Jones com +0,92% e Nasdaq com +1,06%. Na Bovespa, dia de alta de 0,25% e índice em 116.704 pontos.

Amanhã, começamos o dia com ajuste de dados divulgados na madrugada pela China, inclusive o PIB de 2019. Nos EUA, teremos a produção industrial de dezembro, a confiança do consumidor de Michigan de janeiro a construção de novas residências de dezembro e permissões. Aqui, somente o IPC da Fipe da segunda quadrissemana de janeiro.
Alvaro Bandeira
Economista-chefe do banco digital Modalmais

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