Você gasta mais do que ganha? Pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mostra que quase 70% da população brasileira tem mais gastos que renda, ou na mesma quantidade, isto é, gasta o que ganha. É o que diz o Índice de Saúde Financeira do Brasileiro de 2022, organizado pela entidade e com apoio técnico do Banco Central. Segundo o diretor de cidadania financeira da Febraban, Amaury Oliva, em entrevista coletiva, “[na média] o cidadão tem contas equilibradas, mas pouca margem de erro. É o diagnóstico que temos.”
A maioria dos brasileiros teve uma piora na sua saúde financeira, segundo a pesquisa. A população foi dividida em faixas onde o índice ia de 0 a 100, quanto melhor a saúde maior a pontuação. O que o estudo encontrou foi a “escorregada” de boa parte das pessoas, caindo de uma faixa para a mais em baixo, se comparado com o mesmo índice em um período anterior.
Isso não é resultado de despreocupação, o estudo também demonstra que 65% dizem “pensar bastante em dinheiro” e outros 58% que a situação financeira afeta a vida familiar. “O retrato de saúde financeira que emergiu em 2022 mostra que a pressão vem do encurtamento do orçamento, com aumento das despesas em relação às receitas; da menor margem de manobra, com a retração da renda e de reservas financeiras pessoais; e do aumento do peso das despesas, que dificultam o equilíbrio das contas, comem reservas e aumentam a exposição a choques (despesas grandes inesperadas)”, disse Amaury.
Juros altos freiam o consumo das famílias
As famílias brasileiras estão diretamente afetadas pela alta dos juros, com uma taxa Selic de 13,75% a.a, a mais alta do mundo, e o poder de compra acaba sendo corroído. Segundo pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getúlio Vargas (FGVcemif), o Brasil tem crédito proporcional ao PIB mais caro que outros países.
De acordo com o documento, cai a participação do crédito de maior qualidade (imobiliário), diminui o acúmulo de ativos, diminui otimismo com a economia, por outro menor juros abre espaço para modalidades de consumo, tipicamente de maior juros servindo para mitigar e compensar as perdas de renda. Ou seja, brasileiros estão usando o crédito muito mais com consumo que em outros países.
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Outra comparação, feita pelo mesmo estudo, que ajuda a entender a situação é a proporção do crédito que é usado em imóveis. Nos Estados Unidos, cerca de dois terços da dívida das famílias está em crédito imobiliário, no brasil é o oposto, apenas 37% é imobiliário. Logo, pode se concluir a maior parte do crédito é usada para o consumo.
Essa situação afeta as expectativas para o amanhã, 39% (de acordo com a pesquisa da Febraban) não tem certeza do futuro financeiro. A Febraban disponibiliza um teste para calcular seu índice de saúde financeira. Ainda assim, como os dados mostram, está longe de ser um problema individual.