Estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas aponta que 50% das mulheres ficam fora do mercado formal de trabalho após um ano da licença-maternidade. Segundo a economista e professora da FGV, Cecilia Machado, esse efeito se mantém mesmo cinco anos depois do nascimento da criança.

Para ela, a criação de políticas públicas pode induzir mudanças de comportamento para quebrar esse ciclo e contribuir para a permanência de mães no mercado. Uma das maneiras é dando incentivos para que os homens também saiam de licença por períodos mais longos.

Atualmente, no Brasil, a licença-paternidade é de apenas cinco dias, enquanto em alguns países europeus vai de 91 a 164 dias – um dos motivos para que haja uma diferença tão grande é que para a população brasileira esse período é visto apenas como um direito da mulher, e não da família.

“A partir do momento que as empresas perceberem que os homens vão tirar essa licença, elas não vão mais vê-los como diferentes das mulheres”, avalia Cecilia.

No entanto, transformar a licença-maternidade em uma parental, que é uma prática que algumas companhias já realizam, pode trazer um desafio ainda maior já que os colaboradores podem não aderir à nova política. Segundo ela, é o que acontece nos Estados Unidos, por exemplo.

Quando questionada a respeito da licença estendida e seus benefícios, Cecilia Machado diz que funciona como um “tapa-buraco” por um período. Como as mulheres continuam como principais cuidadoras, é difícil que elas voltem ao mercado. Ao mesmo tempo, avalia que uma licença longa só para elas pode aumentar a resistência de empregadores em contratá-las e promovê-las, agravando a desigualdade entre os gêneros.

“O que encontramos no Brasil é que a extensão da licença não aumenta a chance de a mulher permanecer no mercado de trabalho. Pela informalidade ser maior entre elas, outras soluções para a questão também precisam ser pensadas”, afirma.

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Com informações do portal Bonde.

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