Foto/Crédito: Fernanda Pires Guimarães. 

Na imagem, o anfitrião A. Mansur, jornalista Patrícia Duarte e Sergio Margulis

Ou as empresas fazem a correta leitura do mundo atual, ou certamente ficarão no espelho retrovisor. Esta é uma das conclusões apresentadas no ClimaX SP 2022, evento apoiado pelo Instituto Clima e Sociedade (ICS) e pelo Partnerships for Forests (programa financiado pelo governo do Reino Unido e implementado pela Palladium) e organizado pelo Instituto O Mundo que Queremos (parceiro do Portal Acionista). Flavia Bellaguarda, relações institucionais no Centro Brasil no Clima (CBC), enfatizou que “o momento é agora, pois a crise climática abre uma boa janela de oportunidades”. 

Para Caroline Frasson, gerente de Clima no World Resources Institute Brasil (WRI), e também fundadora da LACLIMA (junto com a colega Flavia Bellaguarda), os documentos do Escopo 3 precisam “estar na ponta da língua”, sendo imprescindível o mapeamento de toda a cadeia de valor. Lembrando que a economia de baixo carbono é excelente para o país, o ex-ministro e atual signatário da Convergência pelo Brasil,  Joaquim Levy, disse que os recursos públicos são limitados – parafraseando John Kerry, representante dos Estados Unidos na COP 27 – e por isso é necessário se diminuir as emissões desde já “e não lá na frente”. Exclusivo para convidados, o ClimaX SP 22 ocorreu no restaurante Capim Santo, dentro do Museu da Casa Brasileira, e contou com palestrantes presenciais e outros, por áudio, diretamente do Egito, na COP 27. 

“Parece que até aqui só falávamos para as elites, mas nesta COP sentimos que a conversa abriu-se para a periferia do mundo”, comentou, com ênfase, Alexandre Mansur, Head de O Mundo que Queremos. “É preciso colocar as coisas em seus devidos lugares”, sublinhou Amanda Costa, pouco mais que uma menina, no vigor de seus 26 anos e uma capacidade de articulação mental invejável. Ela é fundadora do Instituto Perifa Sustentável e foi uma das que falou direto do Egito, frisando que “não há justiça social separada da justiça climática”. Uma nova economia, ressaltou a jovem, só é possível com a inclusão de todas as partes e não apenas certos segmentos. “Precisamos gerar a transformação de fato”, discursou.

Outros convidados, como Marcio Sztutman (Palladium), Carlos Agnes (Blended Finance Taskforce), Katherina Trostmann (BNP Paribas Brasil), Gustavo Pinheiro (ICS) e Sergio Margulis (Convergência pelo Brasil) também passaram pelo evento, de corpo ou de voz, e todos demonstraram comprometimento com a causa: Justiça Climática para todos.  

POTÊNCIA

O Brasil foi colocado como potência energética, com soluções baseadas na natureza (ver texto acima do ClimaX). “Estamos na curva de aprendizado”, assinalou Joaquim Levy, prevendo que o Mercado de Carbono regulado vá gerar bons negócios para o país, muito além do atual voluntário, embora vá sofrer ajustes na implantação de um mercado primário e um secundário, para negociação de títulos. 

BUSINESS

Visitantes da COP 27, que participaram por áudio no evento da Faria Lima, mostraram-se surpresos com a adesão, neste ano, do setor produtivo, cuja presença cresceu e muito na COP. A implementação da transição energética da África do Sul, com investimentos de US$ 20 BI, mais a notícia que o processo também está em curso na Indonésia animou. 

Taxonomia, avaliação de carteiras e blended finance foram outros assuntos que renderam bem durante a interação dos convidados no ClimaX SP 2022. Ao final saiu-se com a sensação de que “agora a coisa vai”. A ver.

ESG / IBOVESPA

A quantas andam as questões ambientais e sociais das companhias listadas que formam o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira? 

Para responder a esta pergunta, a consultoria PwC e o Instituto de Auditores Independentes (Ibracon) saíram a campo e realizaram a segunda edição da pesquisa “’ESG no Ibovespa”. A primeira foi realizada no ano passado, com 88 companhias. E a partir desta base inicial de comparação, chegou ao seguinte resultado…

ADESÕES

… Saltou de 42% para 72% a adesão ao Índice de Carbono Eficiente da B3 (ICO/B3). Mais: lançado em 2020, o Índice CDP Brasil Resiliência Climática (ICDPR-70) chegou a 35% de aceitação (adesões). Em relação às ODS, as companhias aderentes são 96% das que integram o Ibovespa, contra 90% do período anterior. 

Sobre o Pacto Empresarial pela Integridade e contra a Corrupção, o índice de aceitação subiu de 9% (em 2021) para 24% (2022).

SALDO

Se depois de tudo discutido no Balneário de Sharm el-Sheikh sobrarem arestas para a efetivação de medidas que visem a conter o aquecimento global, ao menos uma boa iniciativa marcará a COP 27: o nascimento da Biomas…

120 MM

… A companhia Biomas é resultado de parceria entre Itaú Unibanco, Marfrig, Rabobank, Santander, Suzano e Vale, a nova empresa, dedicada às atividades de restauração, conservação e preservação de florestas no Brasil, já anuncia como objetivo, nos próximos 20 anos, o atingimento de uma área total restaurada e protegida de 4 milhões de hectares de matas nativas em diferentes biomas brasileiros: Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado. Para se ter ideia, esta área é equivalente ao território da Suíça ou do Estado do Rio de Janeiro.

Ficou estabelecido que a organização contará com aporte inicial de R$ 20 milhões de cada sócia, destinados ao suporte dos seus primeiros anos de atividade. Esta aliança, lançada na COP 27, prevê, entre remoções e emissões evitadas, reduzir da atmosfera aproximadamente 900 milhões de toneladas de carbono equivalente durante o período de duas décadas. Além disso, estima-se que a nova empresa contribuirá para a proteção de mais de 4.000 espécies de animais e plantas.

SECAS x ALAGAMENTOS  

A iniciativa acima vem em boa hora. Isto porque de acordo com o 6º Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), ao longo deste século o Brasil país deverá ter secas mais frequentes, particularmente no Nordeste – onde se prevê uma redução de 22% das chuvas – e em grandes áreas do sul da Amazônia. Em razão do desequilíbrio climático, chuvas extremas também se tornam mais prováveis, ao mesmo tempo, nos Estados do Acre, Rondônia, Amazonas e Pará.

Isso provoca também um impacto sobre a economia, principalmente na agricultura, pois é a atividade que mais sente as variações climáticas. A exemplo de outras localidades, no planeta, não há distribuição (geográfica) equânime dos impactos.

RECICLEIROS

O município de Serra Talhada/PE acaba de inaugurar seu programa de coleta seletiva e reciclagem. A ação, inédita na cidade, é uma parceria entre o Instituto Recicleiros, organização da sociedade civil que atua no desenvolvimento de soluções para a gestão sustentável de resíduos sólidos em todo Brasil, a Prefeitura local e a cooperativa de catadores Recicla Serra Talhada. Estimativa é destinar para a reciclagem até 210 toneladas/mês, promover o trabalho e renda para os mais vulneráveis, ao mesmo tempo em que torna a cidade mais sustentável.

Esta é a 11ª unidade de processamento de materiais recicláveis empreendida pelo Instituto Recicleiros, parceira de várias empresas que investem em ações estruturantes desde 2018. A meta do instituto se fazer presente em 60 cidades até 2027, o que representará mais de 3 milhões de pessoas com acesso à coleta seletiva, 3 mil postos de trabalho em 60 cooperativas e mais de 10 mil toneladas de resíduos reciclados por mês. 

Outras cidades brasileiras também beneficiadas pelo programa são Piracaia (SP), Garça (SP), Três Rios (RJ), Guaxupé (MG), Campo Largo (PR), Caçador (SC), Cajazeiras (PB), Ji-Paraná (RO), Naviraí (MS) e Jericoacoara (CE).

CRA

Marilena Lavorato, profissional especializada em sustentabilidade, colaboradora de Universo ESG, do Portal Acionista (Coluna Práticas ESG), marcará presença, neste dia 22, na sede do Conselho Regional de Administração de São Paulo (CRASP), durante a VII Jornada de Ética nos Negócios e Sustentabilidade. Às 16h35 ela abordará o tema “Plataforma BISA, tecnologia de suporte à gestão das boas práticas ESG”. 

Objetivo da organização do evento (que iniciará às 13h) é levar aos profissionais de Administração temas e tendências, locais e globais, como Ética nos Negócios e Sustentabilidade, visando à reflexão e ação dos participantes. 

LUCRO

O lucro das empresas de capital aberto registrou um tombo e tanto no período JUL/AGO/SET. Foram 39,5% de queda no 3º trimestre deste ano, na comparação com igual período de 2021. Isto é o que mostra um levantamento inédito realizado pelo TradeMap, hub de investimentos do país. Em número absolutos, o volume registrado passou de R$ 54,1 bilhões para R$ 32,7 bilhões. A análise – adverte Einar Rivero –,  considera valores no padrão contábil, sem ajustes extraordinários ou correção pela inflação.

De acordo com o estudo, a receita operacional líquida das empresas atingiu a marca de R$ 847,5 bilhões no 3T22, espelhando alta de 16,5% na comparação anual. Já o custo de produtos vendidos (CPV) teve um avanço de 21,67%, com crescimento superior ao de receita.

Para Sergio Castro, analista CNPI do TradeMap, a queda no lucro em relação ao terceiro trimestre de 2021 pode ser explicada por dois principais vilões: o maior custo de produção e o elevado nível de dívida.

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