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Na avaliação do economista-chefe do Itaú Unibanco (ITUB4), Mário Mesquita, a Selic (taxa básica de juros) só voltará ao patamar de um dígito se o governo adotar novamente o regime de teto de gastos.

“O Brasil já tentou vários regimes fiscais: ajuste pela receita, meta de primário, teto de gastos e agora o arcabouço fiscal. O único regime que permitiu ao Banco Central buscar a meta de inflação com taxas de juros nominais e reais mais baixas, mais parecidas com a de outros países, foi o teto de gastos”, afirmou nesta terça-feira (18) no evento Macro em Pauta.

Com o teto federal de gastos, que entrou em vigor em 2017 e foi substituído pelo Arcabouço Fiscal a partir de 2023, o crescimento dos gastos primários da União era limitado pela inflação.

O executivo do Itaú apontou, no entanto, que é necessário ter mais flexibilidade na condução da política fiscal para ter um teto de gastos sustentável. 

“A política é muito rígida. É claro que você pode fazer um ajuste preservando o gasto que atinge as pessoas que, de fato, precisam, mas alguns benefícios que vão para grupos que não são tão necessitados necessariamente vão ter que ser revisto”, disse o economista do Itaú.

Com o arcabouço fiscal, o crescimento das despesas do governo pode ficar entre 0,6% e 2,5% acima da receita do ano anterior em valores reais. Dentro dessa faixa de tolerância, os gastos podem crescer até 70% da variação da receita do ano anterior.

Diante desse cenário, a convergência da inflação à meta do BC (Banco Central) e ajuste na Selic é mais lenta, segundo os cálculos do Itaú. Mesquita também indicou que, se o teto fosse de 1,5%, o resultado seria “um pouco mais rápido”.

Além disso, o economista-chefe do Itaú reforçou que uma eventual retomada do regime de teto de gastos não seria fácil e não deve ser imediata, sobretudo às vistas de um ano eleitoral em 2026. 

“Governos, independente da orientação política, tendem a adotar políticas expansionistas no ano de eleição presidencial, o que dificulta, claro, voltar para o teto”, reiterou.

Itaú BBA: mercados latinos têm boas avaliações, mas precisam de gatilhos

Os mercados da América Latina estão negociando a múltiplos baixos, porém, ainda são necessários catalisadores para entregar retornos, foi o que avaliou o CIO da Sycamore Capital e especialista em Mercados Emergentes, Jean Van Walle, em reunião com o Itaú BBA.

O especialista destacou que tem uma visão positiva para o Chile, antecipando uma possível mudança no ciclo macroeconômico ainda este ano, segundo o Itaú BBA.

Já para o Brasil as avaliações também são atrativas, mas Van Walle destacou que os gatilhos para uma valorização podem vir de uma mudança no ciclo macroeconômico, embora haja baixa visibilidade disso no curto prazo.

Para a Argentina, o especialista reconheceu que há um bom potencial estrutural no setor de shale oil (em linha com nossa visão sobre a Vista), mas o Itaú BBA indicou que ele teme que a moeda tenha se valorizado excessivamente.

Já o México enfrenta um cenário mais desafiador, sendo mais sensível às decisões da administração dos EUA.

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