O resultado da Isa Cteep (TRPL4) no quarto trimestre veio dentro do esperado, impulsionado por novos ativos, recomposição de caixa e ciclo de IPCA.
Mantemos a recomendação de compra para as ações, com preço-teto de R$ 29,00.
Desempenho e operacional
A companhia registrou receita líquida de R$ 891,2 milhões no 4T22 (+34,1% a/a), explicada, principalmente, pelo reajuste do ciclo tarifário 2022/2023.
As principais variações decorrentes do reajuste de ciclo são: i) a atualização da RAP pelo IPCA do período; ii) a recomposição parcial da receita de RBSE após o reperfilamento do componente financeiro; iii) a entrada em operação de novos projetos de Reforços e Melhorias no período; e iv) energização de projetos Greenfield e pelo menor desconto de Parcelas de Ajustes (PA) e Parcela Variável (PV).
O PMSO gerenciável (despesas com Pessoal, Material, Serviços e Outros) atingiu o número de R$ 186,1 milhões no 4T22 (+17,1% a/a).
No ano fechado, vale comentar que a receita líquida ex-RBSE cresceu 20,5%, enquanto o PMSO gerenciável cresceu 9,8% no ano, impulsionado pelo período de altos índices inflacionários, o que mostra a capacidade da empresa em aumentar a geração de caixa sem necessariamente ampliar seus custos operacionais.
Já o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, da sigla em inglês) totalizou R$ 634,7 milhões (+37,1% a/a). A margem Ebitda, por sua vez, encerrou o trimestre em 71,2%, avanço de +1,6 p.p. a/a, devido ao aumento de receita pelos impactos do reajuste tarifário ciclo 22/23 e bom gerenciamento de despesas.
O resultado financeiro consolidado foi de -R$ 155 milhões no 4T22 (-28,2% a/a). O arrefecimento gradual da inflação medida pelo IPCA contribuiu para essa melhora, lembrando que o índice corresponde a 54% da dívida da Isa Cteep.
Com melhor resultado de equivalência patrimonial com suas investidas sendo beneficiadas pelo reajuste de ciclo tarifário e pior resultado tributário, o lucro líquido no 4T22 foi de R$ 363,6 milhões (+172% a/a).
De forma geral, gostamos dos resultados. A seguir, apresentamos quatro pontos de destaque:
Novos projetos: a empresa se beneficia da vasta oportunidade disponível de projetos de R&M (Reforços e Melhorias), o que agrega RAP (Receita Anual Permitida) sem precisar competir por novos projetos, em meio a um cenário mais competitivo nos leilões de transmissão (novas licitações, projetos Greenfield) – o que não significa que a empresa não vai analisar oportunidades via leilão.
Alavancagem: a empresa conta com diversos projetos para serem energizados – sendo dois em 2023 –, agregando cerca de R$ 500 milhões de RAP considerando todo o escopo, o que, somado a menor pressão de RBSE, deve contribuir para uma melhor relação de alavancagem financeira (DL/EBITDA).
Dividendos: reafirmaram o compromisso de distribuição de 75% do lucro líquido regulatório ao mesmo tempo em que buscam novos investimentos em R&M, leilões e novas aquisições, agregando valor nas duas frentes (crescimento e dividendos).
O próximo pagamento será a partir de 11 de abril deste ano no valor de R$ 700 milhões em juros sobre capital próprio (JCP). O montante havia sido anunciado pela companhia em dezembro do ano passado, com data de corte em 27 de dezembro de 2022.
Receita: não há nenhuma perda relevante de RAP (vencimento) considerando a próxima década.
Dessa forma, seguimos inalterados com a recomendação de COMPRA para a Isa Cteep (TRPL4).
Desempenho das ações
As ações da Isa Cteep recuam 4,08% em 2023, cotadas a R$ 21,85. Nos últimos três anos, o papel acumula alta de 28,36%, ante 22,14% do CDI e 1,56% do Índice Ibovespa.