O fluxo de entrada de empresas na B3 costuma ser um tema recorrente no mercado. No entanto, os últimos anos têm chamado mais atenção por um fato curioso: nenhuma oferta pública inicial de ações (IPOs, na sigla em inglês) foi lançada.

Trata-se da maior ‘seca’ em décadas, de acordo com um levantamento da Quantum. 

Desde 2022, a bolsa brasileira vem enfrentando uma escassez de empresas que buscam abrir capital como forma de captar novos recursos para o crescimento de seus negócios. 

A ausência de estreias na B3 em mais de dois anos acontece após o ‘boom’ de entradas em 2020 e 2021, quando 74 empresas protagonizaram uma corrida rumo à bolsa. 

Nem mesmo nos momentos mais ‘memoráveis’ dos últimos 20 anos, como a crise do subprime em 2008 e o período conturbado para o mercado de ações durante e após os anos do governo Dilma, a B3 ficou sem pelo menos um IPO. 

Veja o movimento de IPOs de 2004 até os dias atuais:

Fonte: Quantum Finance

Nesse intervalo, a B3 contou com 245 IPOs realizados, sendo 2007 o ano com maior número de estreias (64). 

Veja os números em detalhes:

Ano  IPOs na B3 
2004  7 
2005  9 
2006  26 
2007  64 
2008  4 
2009  6 
2010  11 
2011  11 
2012  3 
2013  10 
2014  1 
2015  1 
2016  1 
2017  9 
2018  3 
2019  5 
2020  28 
2021  46 
2022  0 
2023  0 
2024  0 
TOTAL  245 

Fonte: Quantum Finance

Sem IPOs: o que explica a seca dos últimos anos? 

O movimento de estreias na B3 e a variação nas taxas de juros andam lado a lado. 

Em 2020 e 2021, apesar da pandemia de Covid-19, diversas empresas encontraram no patamar mínimo histórico de 2% da Selic uma oportunidade de ouro para atrair novos investidores. 

Com o início da postura contracionista do Banco Central em resposta à alta da inflação, não foi uma grande surpresa quando diversas empresas que haviam protocolado o pedido de IPO junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) formaram uma fila de desistência no processo de abertura de capital. 

O ciclo de alta de juros no Brasil teve início em março de 2021 e chegou ao pico em agosto de 2022, com a taxa em 13,75% ao ano. 

Foi apenas em agosto de 2023 que as autoridades monetárias decidiram iniciar a fase de cortes da Selic, interrompida na última reunião do comitê quando anunciaram a manutenção da taxa em 10,50% ao ano. 

A abordagem mais cautelosa do Banco Central diante do aumento dos riscos fiscais sinaliza que os juros do país devem permanecer em patamares elevados por mais tempo.

IPOs em 2020 e 2021: o desempenho das empresas até agora 

A grande leva de empresas que aproveitaram os juros baixos para entrar na B3 em 2020 e 2021 não está passando por uma boa fase na bolsa. 

77,14% das ações dessas empresas entregam retorno negativo desde a realização do IPO, revela um estudo da Quantum. 

Os dados levantados pela Quantum também trazem o recorte das ações que estrearam no mercado durante o ‘boom’ de IPOs e que acumulam retorno pior que o Ibovespa em 2024. 

Considerando o fechamento de 20/06, a maioria dos papéis (61,42%) apresenta desempenho mais fraco que o índice de referência. 

Vale lembrar que, até a data-base, o Ibovespa registrava no ano uma queda de 10,24%. 

Os percentuais citados acima já excluem as empresas que fizeram IPO em 2020 e 2021 e deixaram de ser negociadas na B3: Boa Vista, Focus, Modalmais e Mosaico.

Top 10 baixas 

Sequoia e Infracommerce foram os papéis que mais caíram, com desvalorizações de 98,51% e 97,80% desde a estreia na bolsa até o fechamento de 20/06/2024. 

Em 2024, a Infracommerce já derreteu mais de 80% e a Sequoia acumula uma desvalorização de 53,14%. 

Veja as maiores desvalorizações nessas duas janelas temporais: 

MAIORES DESVALORIZAÇÕES – DESDE O IPO 
até 20/06/2024 
Empresa  Ticker  Estreia na B3  Retorno 
SEQUOIA LOG  SEQL3  07/10/2020  -98,51% 
INFRACOMM ON NM  IFCM3  04/05/2021  -97,80% 
ALPHAVILLE ON NM  AVLL3  07/12/2020  -95,63% 
AERIS ON NM  AERI3  10/11/2020  -95,29% 
DOTZ SA ON NM  DOTZ3  31/05/2021  -94,63% 
ESPACOLASER ON NM  ESPA3  01/02/2021  -94,15% 
AGROGALAXY ON NM  AGXY3  26/07/2021  -93,73% 
TC ON NM  TRAD3  28/07/2021  -93,16% 
WESTWING ON NM  WEST3  11/02/2021  -93,00% 
KORA SAUDE ON NM  KRSA3  13/08/2021  -92,22% 
MAIORES DESVALORIZAÇÕES – 2024 
até 20/06/2024 
Empresa  Ticker  Retorno 
VIVEO ON NM  VVEO3  -85,12% 
INFRACOMM ON NM  IFCM3  -82,16% 
AGROGALAXY ON NM  AGXY3  -76,79% 
AERIS ON NM  AERI3  -71,33% 
ONCOCLINICASON NM  ONCO3  -59,29% 
KORA SAUDE ON NM  KRSA3  -56,92% 
SEQUOIA LOG ON NM  SEQL3  -53,14% 
MATER DEI ON EB NM  MATD3  -44,18% 
MITRE REALTYON NM  MTRE3  -43,73% 
AMBIPAR ON NM  AMBP3  -43,63% 
Ibovespa  IBOV  -10,24% 

Fonte: Quantum Finance

Top 10 altas 

Por outro lado, algumas empresas vêm colhendo bons frutos com a entrada no mercado de capitais. É o caso da Cury, que subiu 167% desde o seu IPO em setembro de 2020. 

Destaque também para as ações da Caixa Seguridade, com disparada de 87,77%. 

A seguir, disponibilizamos os rankings de maiores valorizações desde a estreia na B3 e no acumulado de 2024. Confira:

MAIORES VALORIZAÇÕES – DESDE O IPO 
até 20/06/2024 
Empresa  Ticker  Estreia na B3  Retorno 
CURY S.A. ON NM  CURY3  21/09/2020  167,00% 
CAIXA SEGURION NM  CXSE3  29/04/2021  87,77% 
ORIZON ON NM  ORVR3  17/02/2021  65,97% 
NU HOLDINGS LTD  ROXO34  09/12/2021  64,80% 
BOA SAFRA ON NM  SOJA3  29/04/2021  56,95% 
INTELBRAS ON NM  INTB3  04/02/2021  49,73% 
GPS ON NM  GGPS3  26/04/2021  49,25% 
PETRORECSA ON NM  RECV3  05/05/2021  48,21% 
3R PETROLEUMON NM  RRRP3  10/11/2020  24,80% 
VAMOS ON NM  VAMO3  29/01/2021  22,19% 
MAIORES VALORIZAÇÕES – 2024 
até 20/06/2024 
Empresa  Ticker  Retorno 
CLEARSALE ON NM  CLSA3  82,13% 
NU HOLDINGS LTD  ROXO34  58,12% 
AURA MINERALS INC  AURA33  49,46% 
ENJOEI ON NM  ENJU3  25,44% 
CBA ON NM  CBAV3  25,10% 
D1000VFARMA ON NM  DMVF3  17,20% 
BRISANET ON NM  BRIT3  15,29% 
CAIXA SEGURION NM  CXSE3  15,24% 
CURY S.A. ON NM  CURY3  12,25% 
G2D INVESTMENTS LT  G2DI33  8,61% 
Ibovespa  IBOV  -10,24% 

Fonte: Quantum Finance

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