A inflação está perdendo força. A primeira deflação de 2023 veio em junho: o IPCA teve queda de 0,8%. O resultado foi divulgado nesta terça-feira (11) pelo IBGE, no Rio de Janeiro. Em maio, o índice foi de 0,23%. No ano, soma 2,87% e, nos últimos 12 meses, 3,16%, abaixo dos 3,94% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Na comparação com maio, os grupos que mais ajudaram a colocar a inflação no campo negativo foram alimentação e bebidas (-0,66%) e transportes (-0,41%), que contribuíram com -0,14 e -0,08 ponto percentual (pp) no índice geral, respectivamente. “Nos últimos meses, os preços dos grãos, como a soja, caíram. Isso impactou diretamente o preço do óleo de soja e indiretamente os preços das carnes e do leite, por exemplo. Essas commodities são insumos para a ração animal, e um preço mais baixo contribui para reduzir os custos de produção. No caso do leite, há também uma maior oferta no mercado”, explicou André Almeida, analista da pesquisa, no site do IBGE.

Expectativas

Na análise do Inter Invest, de modo geral, o resultado foi bastante positivo, mas o comportamento da inflação de serviços fica de alerta. “Fica claro que a queda da inflação se deve em boa parte pela redução mais generalizada dos preços de bens industriais, em linha com o comportamento dos índices de preços aos produtores”.

Conforme o relatório, os analistas acreditam que o Banco Central irá reduzir a taxa de juros na próxima reunião no dia 02 de agosto, “dada a forte desinflação observada nos últimos meses e a redução nas expectativas de inflação, algo amplamente esperado pelo Banco Central para iniciar os cortes. Portanto, mantemos nossa visão de que o Copom irá iniciar o ciclo com um corte de 25 bps.”

Além do resultado do índice cheio, outra boa notícia foi o comportamento do núcleo, que apresentou variação média de 0,20% em junho, mantendo a tendência de queda no acumulado dos últimos 12 meses. Além disso, o índice de difusão, que calcula o percentual de bens e serviços que apresentaram alta de preços durante o mês, recuou consideravelmente, de 56% em maio para 49,6% em junho.

Publicidade

SIMULAÇÃO GRATUITA: Descubra onde investir e fazer o seu dinheiro render de verdade. Veja por aqui.

Média dos núcleos volta a cair – Conforme o Inter, as medidas de núcleos (medidas que buscam captar tendências para a inflação) tiveram variação média de 0,20% em junho, desacelerando em relação à variação de 0,37% de maio. Com isso, a média móvel de 3 meses voltou a cair, indicando a tendência para os próximos meses. No acumulado em 12 meses, a queda foi mais acentuada, de 6,72% em maio para 5,99% em junho, indicando menores pressões inflacionárias.

A inflação de serviços em junho foi de 0,62%, acelerando frente a maio, quando a inflação do setor foi de 0,52%. “Boa parte desse aumento se deve à elevação em quase 11% das passagens aéreas. Como as passagens aéreas são itens voláteis, também calculamos a inflação sem esses itens, e o resultado também foi positivo, com alta de 0,23%, abaixo dos 0,33% observado em maio. Isso sugere que o setor de serviços, que tem uma inflação tipicamente mais rígida, não tem sido fonte de pressão.”

Para Antonio van Moorsel, estrategista-chefe da Acqua Vero, “esse resultado tende a assegurar o otimismo predominante dos mercados nas últimas semanas. Dessa forma, a reação do mercado será de bolsa para cima, em paralelo à queda do dólar, porém em pequena intensidade dado o posicionamento dos agentes”, comentou.

Fator de influência no IPCA

Segundo o IBGE, alimentação e bebidas e transportes integram o grupo com maior influência dentro da cesta de consumo das famílias. Juntos, eles representam cerca de 42% do IPCA.   O grupo alimentação e bebidas foi influenciado, principalmente, pelo recuo nos preços da alimentação em casa (-1,07%). Contribuíram para isso as quedas do óleo de soja (-8,96%), das frutas (-3,38%), do leite longa vida (-2,68%) e das carnes (-2,10%). Já o custo da alimentação fora de casa subiu, porém, com menos força (0,46%) em relação ao mês anterior (0,58%). 

Em transportes, o recuo de preços foi motivado por queda nos preços dos automóveis novos (-2,76%) e dos usados (-0,93%). Esse comportamento tem a ver com a medida do governo federal para baixar o preço dos carros novos. 

Publicidade

SIMULAÇÃO GRATUITA: Descubra onde investir e fazer o seu dinheiro render de verdade. Veja por aqui.

“O subitem automóvel novo foi o de maior impacto individual no mês, com -0,09 pp. Essa redução nos preços está relacionada ao programa de descontos para compra de veículos novos, lançado em 6 de junho pelo governo federal. Isso pode ter relação também com a queda dos preços dos automóveis usados”, explica o IBGE.

No comportamento dos preços durante maio, destaque também para o resultado de combustíveis (-1,85%), com as quedas do óleo diesel (-6,68%), do etanol (-5,11%), do gás veicular (-2,77%) e da gasolina (-1,14%). “A gasolina é o subitem de maior peso individual no IPCA, com 4,84%. A queda na gasolina teve um impacto de -0,06 p.p.”, destaca Almeida. 

Mais deflação – O IBGE também divulgou hoje o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que teve queda de 0,10% em junho (primeira deflação desde setembro de 2022) e acumula 3% nos últimos doze meses. O INPC abrange o custo de vida para famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos. 

(Com informações da Agência Brasil)

Publicidade

Investir sem um preço-alvo é acreditar apenas na sorte