“O momento ideal para investir na bolsa é, paradoxalmente, quando a confiança está em baixa.” Essa declaração, feita por Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, reflete a sabedoria de que, se houvesse otimismo generalizado, os preços das ações já estariam elevados. Portanto, a melhor oportunidade para entrar no mercado de ações ocorre quando o sentimento é de desespero.
Durante a recente participação no podcast Touros e Ursos, Larissa enfatizou a necessidade de discernir entre “oportunidades de valor” e “armadilhas”. Segundo a especialista, a diferença crucial reside na paciência do investidor para esperar a recuperação do cenário. Essa visão é apoiada por Bruno Henriques, analista sênior do BTG Pactual, que observa que atualmente existem poucas armadilhas no mercado. Ele aponta que muitas empresas estão com preços atraentes e apresentam uma margem de segurança considerável.
Conforme observa Henriques, o verdadeiro desafio para a bolsa não está nas especificidades das empresas, mas sim em um contexto macroeconômico que ainda apresenta incertezas. Apesar de boas notícias como o aumento do PIB e a redução do desemprego em 2024, o Ibovespa não conseguiu refletir esse bom desempenho, destacando-se como um dos piores investimentos do ano.
Para 2025, as expectativas são cautelosas; tanto Larissa quanto Bruno preveem um arrefecimento na economia. Ademais, já foram anunciadas previsões de duas elevações na Selic, que pode alcançar 14,25% até março. Com isso, os investidores deverão ser mais seletivos nas suas escolhas, evitando empresas altamente alavancadas e setores que podem ser gravemente impactados pelo aumento nos juros.
Larissa adverte especialmente sobre o setor financeiro, que historicamente se beneficia de taxas de juros mais altas, mas que também pode enfrentar um aumento nos índices de inadimplência. Por outro lado, Henriques menciona as seguradoras como um segmento que deve prosperar, devido ao aumento da receita financeira em um contexto de juros elevados.
Ambos analistas forneceram recomendações baseadas em suas perspectivas. Larissa sugeriu as seguintes ações:
- PRIO (PRIO3), que aguarda a liberação da licença ambiental em Wahoo;
- Porto Seguro (PSSA3), bem posicionada devido ao desenvolvimento de novas verticais menos dependentes do cenário econômico;
- Itaú (ITUB4), que deve continuar a apresentar resultados sólidos com operações previsíveis.
Henriques complementou com suas apostas do BTG:
- BB Seguridade (BBSE3), pela capacidade de resistir e a dinâmica positiva para a receita;
- Suzano (SUZB3), com boas projeções para o preço da celulose;
- Eletrobras (ELET6), vista como uma opção defensiva.
Expectativas para a temporada de resultados do 4T24
Com a temporada de resultados do quarto trimestre se aproximando, o foco das conversas gira em torno das expectativas de desempenho das empresas. Larissa acredita que, nas próximas divulgações, as companhias começarão a mostrar impactos negativos nas margens devido aos efeitos da taxa de juros, variações cambiais e inflação. Nesse cenário, ela destaca a importância da geração de caixa e da redução dos custos com dívidas como prioritários para os executivos.
Para Henriques, a comunicação sobre guidance será fundamental, já que a visão dos líderes sobre planos futuros pode influenciar mais os preços das ações do que os próprios resultados financeiros. Dessa forma, a próxima temporada de resultados pode ser um divisor de águas no mercado.
As atuais incertezas e a reação do mercado às recentes mudanças econômicas e políticas reforçam a necessidade de os investidores se manterem bem informados e preparados. Para aqueles que desejam aprofundar seus conhecimentos e identificar as melhores oportunidades, o Clube Acionista oferece análise detalhada de ações, carteiras recomendadas e insights de diferentes instituições, permitindo aos investidores navegare otimizar seus portfólios em um ambiente dinâmico.