Em tempos de ESG midiático, ainda há confusão na diferenciação entre ações de ESG nas organizações e investimento de impacto.

No ESG os investidores reconhecem explicitamente a relevância de fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) dentro de sua realidade, e decisões de investimento são tomadas na busca pela realização dos objetivos selecionados.

Investimento de impacto são investimentos feitos com o objetivo de gerar impacto social e ambiental diretamente. São negócios sociais, que paralelamente as suas atividades, geram retorno financeiro, o que o diferencia da filantropia. Visam resolver problemas relevantes que existem na sociedade.

A confusão vem de longe. Se formos voltar no tempo escolar, teríamos que refazer algumas aulas de nossa formação básica. Alguém lembra da aula sobre o primeiro setor da sociedade (Poder Público), o segundo setor (Empresas), e o terceiro setor (Associações sem fins lucrativos)?

Parecia tão simples, os alunos até já imaginavam onde iriam trabalhar. Não me lembro de um colega que tenha falado do terceiro setor, tínhamos muitos candidatos ao Governo (com nossa ingenuidade) e também os que almejavam as empresas (eu por exemplo).

Mas “associações sem fins lucrativos” ninguém escolhia, talvez porque, a definição fosse subjetiva naquele tempo. Evoluímos, talvez à força, considerando a realidade imposta e premente de ações resolutivas. Evoluímos no conceito e evoluímos na prática. Se antes havia certo amadorismo, hoje há nas organizações sérias, que são muitas, profissionalismo na definição de estratégia, objetivos e condução dos negócios.

O terceiro setor

Terceiro setor hoje remete automaticamente para engajamento social e impacto social positivo, causas válidas, transformação do ambiente e da sociedade onde vivemos, também age e complementa e se complementa com o Estado e Empresas.

O impacto do terceiro setor na sociedade atual é muito mais do que a caridade (o que por si só já seria louvável), abrange áreas como educação, saúde, infraestrutura básica e também o fomento do desenvolvimento sustentável. Ele lê, observa e entende a sociedade, para mudá-la, para promover não só justiça mas também deixá-la mais verdadeiramente próxima de seu significado variado mas que tem como ponto comum em muitos dicionários termos como: associação de indivíduos, comunidade, pessoas que vivem em estado gregário, grupo organizado…

Ora, sendo assim, e sem qualquer conotação política, é imprescindível chegar em locais onde o Estado não consegue chegar, o que significa na prática, transformar vidas de pessoas que de fato estão à margem da sociedade.

O terceiro setor é profissionalizado, seja por aqueles que se dedicam em tempo integral, seja por aqueles, como eu, que se dedicam nas horas vagas, mas compartilhando a mesma vontade de fazer acontecer.

Não é filantropia, além da felicidade pessoal de compartilhar uma causa importante, de gerar melhoria na sociedade, profissionalmente é uma alegria ver que meus conhecimentos têm utilidade além do mundo corporativo tradicional. É uma sensação de realização plena.

Convido a todos para independente de sua atuação no primeiro e no segundo setor, experimentar e apoiar o terceiro setor. Mais do que isso, acreditar nele e na sua capacidade de transformação, retroalimentando os demais setores, transformando a sociedade a qual, somente cumpre seu papel, quando há dignidade.

Por Jamile Aun, Executiva de Finanças com ampla experiência em empresas multinacionais nos ramos industriais, projetos e de serviço. Trabalhou em empresas de bens de capital para infraestrutura, geração e transmissão de energia, irrigação, transporte de passageiros, alimentos e mais recentemente atua como CFO na Valgroup, uma das maiores produtoras, transformadoras e recicladoras de plástico, com operações na América Latina, Europa e Estados Unidos. Contadora, com MBA em Finanças e Controladoria, especialização em Administração Industrial e Gerenciamento de Projetos pela FIA, certificação PMP do Project Management Institute e Certificação de CFO pelo IBEF – Instituto Brasileiro dos Executivos de Finanças. Especialização para Conselho de Administração e Transformação Digital pela Saint Paul Escola de Negócios e ESMT (European School of Management and Technology). Certificada pelo IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa em Conselho de Administração. É membro de organizações de promoção da equidade de oportunidades entre gerações, gêneros e desenvolvimento de jovens talentos como W-CFO e WCD. Também atua como Conselheira Fiscal em instituições do Terceiro Setor como Fundação Criança – Itaci, SAS Brasil e Todos+ Akiposso+.

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Investir sem um preço-alvo é acreditar apenas na sorte