Nesta semana, com as tensões mundo afora subindo, a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiu cortar sua produção de petróleo em 2 milhões de barris por dia. Com isso, o preço da commodity vem subindo e já está cotado a 97 dólares o barril.

Esse movimento, em tese, obrigaria a Petrobras a realizar um novo reajuste de preços, dessa vez, para cima. No entanto, com o segundo turno das eleições se aproximando, a administração da empresa pode tentar segurar este ajuste para a semana seguinte, após a conclusão do pleito presidencial.

É fato que a Petrobras vem demonstrando resultados positivos nos últimos trimestres, porém, agora, a defasagem de seu preço em relação ao do mercado internacional já chega a 10%.

Nós temos acompanhado esse processo de reajustes durante todo 2022 e o máximo que o observamos chegar foi 40% no diesel em março deste ano, um patamar praticamente insustentável visto que o País tem que importar cerca de 30% do diesel que consome a fim de evitar desabastecimentos.

Mas lembramos que, embora a companhia tenha margem para segurar parte da defasagem, essa não é a melhor prática porque reduz a rentabilidade da empresa e, no cenário em que o petróleo continue subindo, ela pode chegar a ter uma geração de caixa negativa.

Entra ano e sai ano, entra governo sai governo e esse tema se torna mais relevante, tanto para petroleira quanto para economia como um todo. A elevação do preço do combustível é um dos itens de maior impacto no índice de inflação nacional, o IPCA. Neste ano, por exemplo, para amortecer esse impacto foi reduzido o imposto ICMS, o que ajudou as revisões de expectativa de inflação para 2022, saindo de 9,0% para 5,7%.

Caso o aumento seja eventualmente repassado pela Petrobras, parte da melhoria da nossa inflação já conquistada pode se reverter dando sequência à uma piora de nossos fundamentos. Na bolsa de valores, que após as eleições do primeiro turno vem tendo um forte rally e se aproximando dos 120 mil pontos, às margens de segurança se reduziram.

Nestes patamares de preços, já não é tão óbvio investir em ações com boa relação risco-retorno. Claro, as que acredito ainda possuírem essa característica estão na minha carteira Ações Alpha, exclusiva para assinantes. Quer saber mais? Então, clique aqui.

João Abdouni, analista CNPI na Inv Publicações.

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