Além dos pronunciamentos regulares, tais como as atas do COPOM (Comitê de Política Monetária) brasileiro e do FOMC (Federal Open Market Committee) americano, os diversos bancos centrais estão sempre se pronunciando.
A Christine Lagarde (do BCE – Banco Central Europeu), nem se fala, pois ela fala (com minhas desculpas pela redundância) quase todos os dias.
Pois bem, em épocas normais, com inflação controlada, juros baixos e níveis saudáveis de emprego, como o mundo andou vivendo nos tempos que precederam imediatamente o surto da Covid-19, esses comunicados são meio burocráticos e pouca gente presta atenção.
O FED publica mensalmente o Livro Bege (Beige Book), seu chairman dá depoimentos no Senado e faz palestras em universidades. Essa rotina também acontece com o presidente do Banco Central Brasileiro.
Eu mesmo já fiz parte do grupo de entrevistadores do programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, quando o presidente Armínio Fraga lá se apresentou.
Agora estamos em tempos de exceção: estágio final de uma pandemia, com consequências nefastas em todo o mundo; guerra na Europa; e, principalmente, inflação mundial, por sinal a primeira vez que isso acontece desde os dois Choques do Petróleo, nos anos 1970 e início da década de 1980.
O mercado simplesmente emudece para ouvir, como foi o caso recentemente, um discurso de menos de dez minutos do chairman do FED, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole.
Aqui no Brasil, esta semana, Roberto Campos Neto, presidente do BC, fez um pronunciamento extremamente pessimista, a respeito de inflação e taxa de juros, que fez com que o Ibovespa caísse 2,17%.
A exceção fica por conta do presidente do BoJ (Bank of Japan), que anda mudo feito uma estátua, apesar do iene estar nas mínimas desde 1990. Ou talvez ele esteja interessado nessa queda para que os produtos japoneses voltem a ter preços competitivos no mercado internacional.
Um forte abraço,
Ivan Sant’Anna, trader, escritor e colunista na Inv Publicações.
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