No dia de ontem, tivemos o primeiro debate para o segundo turno das eleições de 2022 na emissora Bandeirantes. Como ao fim do primeiro turno, as pesquisas eleitorais perderam grande parte da sua relevância, é possível que os debates ganhem mais atenção. Por isso, leia o Relatório de hoje e entenda melhor como foi o debate e quais os possíveis impactos dele na eleição do segundo turno.
Lula e Bolsonaro se enfrentaram e concentraram seus esforços em discutir o passado, o que destacou alguns pontos bons e ruins de cada gestão.
Com um formato diferente, os candidatos tiveram três etapas: na primeira e na terceira, os candidatos tinham 15 minutos para falar, no entanto, quem realizou a pergunta no primeiro foi Lula e o terceiro foi Bolsonaro. Já no segundo bloco foram feitas perguntas por jornalistas.
Na primeira etapa, os candidatos falaram sobre temas como pandemia, criação de novas universidades e programas de financiamento estudantil. Neste sentido, o candidato do Partido dos Trabalhadores se saiu melhor e, por algumas razões, não precisou enfrentar a pandemia e, de fato, criou um número maior de universidades e programas de incentivo aos jovens para acessarem a faculdade.
Já no segundo bloco, tivemos perguntas dos jornalistas, as quais destacamos os questionamentos sobre novos ministros do STF, economia, Auxílio Brasil e privatizações. Neste sentido, os dois candidatos comentaram superficialmente, cada um com seus vieses. Logo, Bolsonaro com um discurso mais liberal e Lula com um modelo mais desenvolvimentista, com o Estado como indutor do crescimento. Nesta parte, observamos um empate, pois depende muito da visão de mundo que cada eleitor, mesmo porque os comentários foram rasos, ambos evitando se comprometer.
Por fim, no terceiro bloco, retornamos ao modelo do primeiro em que cada candidato teve 15 minutos para falar, sem intermediação de um apresentador, o que tornou o embate mais participativo. Neste, o principal tema foi sobre corrupção e empréstimos a países como, Cuba e Venezuela.
Nesta etapa, o atual presidente levou vantagem, uma vez que realizava perguntas curtas que exigiam respostas longas de Lula que, por sua vez, se enrolou com o modelo do debate, assim, gastando boa parte do seu tempo para tentar defender seus mandatos dos escândalos de corrupção, principalmente na Petrobras. Isso fez com que Jair Bolsonaro tivesse ficado com 5 minutos finais “de sobra” para falar sem que Lula pudesse retrucar, uma vez que já havia gasto todo seu tempo.
Neste trecho final, o candidato do PL falou sobre temas já batidos como o endividamento da Petrobras, sua posição sobre religião, aborto e pautas de costume que são conhecidas de sua agenda.
Dessa forma, observamos Bolsonaro vitorioso nesta etapa.
Mas, então, por que consideramos Bolsonaro vitorioso no debate? Por uma razão numérica. A quantidade de espectadores foi crescendo ao longo do programa sendo que o primeiro bloco teve média de 9 pontos de audiência enquanto no terceiro foram 13,5 pontos. Dessa forma, um número maior de pessoas acompanhou o trecho em que o atual presidente se destacou.
Embora tenha levado essa vantagem, não acredito que o debate tenha potencial de mudar significativamente o resultado das eleições do dia 30 de outubro.
João Abdouni (CNPI) e equipe Inv.
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