Sempre que uma commodity sobe sem parar, a impressão que fica é que a alta continuará para sempre.

Vejamos o petróleo, que é o que interessa para este artigo.

Quando, em janeiro de 2020, surgiram as primeiras notícias de que um coronavírus, altamente letal, que recebeu o nome de Covid-19, começara a se espalhar na cidade chinesa de Wuhan, província de Hubei, o mercado mundial de hidrocarbonetos experimentou um panic selling.

O preço do barril de petróleo, tipo WTI (Western Texas Intermediate), negociado na Nymex, em Nova York, levou um tombaço, caindo de US$ 52,00 (janeiro de 2020) para US$ 18,84, em apenas três meses.

Só que, em função de uma série de fechamentos de portos ao longo do mundo, e consequente interrupção do fornecimento, o mercado entrou em squeeze. E o urso virou touro. Veio então um bull market que elevou a cotação para US$ 114,67, no mês passado, fortemente incrementado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, sendo este país o terceiro produtor mundial.

​Aqui no Brasil, assustado com a possibilidade de perder as eleições para Lula, talvez até no primeiro turno, o presidente Jair Bolsonaro e sua base parlamentar (Centrão) estão tentando baixar o preço dos derivados, nem que seja meio que na marra.

Uma das medidas em estudo é alterar a Lei das Estatais (promulgada no governo Michel Temer) para permitir que o Planalto tenha mais poder sobre elas. Se isso acontecer, um cenário mais próximo ao desenhado em “No limite do populismo sustentável” ganha maior probabilidade de se concretizar.

Outra hipótese é criar um subsídio para o diesel, além da redução do ICMS já aprovada no Senado, que ficaria fora do teto de gastos. Para isso, seria preciso decretar novo estado de emergência, que pode ser através de medida provisória.

Finalizando: o governo federal vai fazer o possível e o impossível para baratear a gasolina, o diesel e o gás de cozinha. Todas essas medidas citadas, junto com a recente queda do petróleo no mercado internacional, dos US$ 125 para os US$ 105, podem, sim, fazer com que o preço da gasolina mude a sua rota de alta para queda. Mas para que ele se mantenha dessa forma, precisamos que a geopolítica não nos surpreenda novamente.     

Da Inv Publicações, Ivan Sant’Anna, trader e escritor, e Nícolas Merola, analista CNPI.

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