Através do monitoramento e rastreio de origem, empresas como Nestlé, Três Corações e Olam estão conseguindo trazer mais transparência para o café brasileiro, atendendo requisitos de mercados internacionais. O café é a segunda bebida mais consumida no mundo, atrás apenas da água, segundo dados da plataforma CupomValido.com.br, Organização Internacional do Café (OIC) e Dieese.
Mas os produtores de café enfrentam desafios constantes, como a gestão de fornecedores, fortalecimento da cadeia produtiva e estar em conformidade com padrões internacionais de ESG (Ambiental, Social e Governança). Nesse sentido, o trabalho de inteligência de dados pode ser um diferencial.
O rastreamento de origem fito pelos exportadores brasileiros de café adequa o produto ao Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR), que, desde 2020, proíbe os países do bloco de adquirirem itens de áreas desmatadas. Além disso, outras normas semelhantes também estão sendo implementadas pelos governos das próprias nações do continente, como a Lei da Cadeia de Fornecimento alemã, que busca prevenir a violação de direitos humanos e garantir a sustentabilidade.
Levantamento do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostrou que o Brasil exportou mais de 39,2 milhões de sacas em 2023, sendo que a maior parte foi para países europeus. Apenas Alemanha, Itália e Bélgica adquiriram quase 30% desse montante, comprovando a importância estratégica do local para o agronegócio brasileiro.
Com o maior banco de dados do agro no mundo, a empresa Agrotools monitora mais de 1 milhão de hectares de café em todo o país, o que ajuda a rastrear o produto na sua origem. Assim, as grandes marcas conseguem evitar irregularidades no processo, como inconformidades socioambientais e cumprimento de requisitos e regulações como é o caso da nova regulação europeia.
“A tecnologia possibilita a análise das cadeias de originação de fornecedores do grão em larga escala, por meio de um processo que segue estritamente a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) e é mensurável, reportável e verificável”, diz Rodolpho Mittelstaedt, Gerente Comercial da empresa. “Com isso, os exportadores conseguem entender exatamente o que estão vendendo, com a certeza de que os grãos não vieram de uma área que sofreu desmatamento ilegal ou de um fornecedor que aplicou um trabalho análogo à escravidão”, completa.
O executivo ainda ressalta que a inteligência de dados é essencial no contexto brasileiro, que é o maior produtor mundial da cultura do café, uma vez que permite aos produtores obter as informações necessárias sobre a confiabilidade e escalabilidade do produto mesmo diante de uma grande dimensão territorial. Hoje, há diversos estados do país reconhecidos pela produção de café, como São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rondônia.
“As ferramentas tecnológicas são capazes de contribuir para levantar e organizar insights estratégicos em cada região, fornecendo às empresas detalhes sobre o clima, a geografia e a topografia do local. Isso ajuda na formação de parcerias estratégicas de marcas que estão a milhares de quilômetros de distância, promovendo a segurança do produto e o crescimento acelerado dos negócios”, explica o especialista.
“Atualmente, as regras implementadas pela Europa mostram que não há espaço para exportadores que não possuem uma governança sólida”, enfatiza Mittelstaedt. “Por isso, a tecnologia é essencial para o café brasileiro sair à frente de outros competidores na região, posicionando o nosso produto com uma identidade sustentável, séria e que respeita a sua legislação”, conclui.
Notícia publicada originalmente em: https://ruralnews.agr.br/agricultura/cafe/inteligencia-de-dados-ajuda-cafe-brasileiro-a-se-tornar-mais-competitivo-no-exterior

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