O céu é o limite, mas no que diz respeito à Inteligência Artificial (IA), pode ser que nem o céu seja. Todo dia uma novidade praticamente. Não se sabe o que ainda pode ser feito, um misto de expectativa e realidade literal. O que se sabe é que ela veio para facilitar a vida, está incorporada na indústria, nas tecnologias avançadas e mais que isso, mudando o comportamento humano e a forma de como fazemos as coisas, das mais simples às mais complexas. O metaverso, por exemplo, é realidade e o investidor pode escolher empresas para aplicar seu dinheiro. Mas é o ChatGPT, a novidade que está provocando reações, já tem muita gente usando e muita reclamando também, principalmente professores.
Certo, mas o que é ChatGPT? Bem, é uma espécie de Alexa, mas que se comunica com texto (daí a indignação dos professores), é um chatbot que usa a IA para interagir com pessoas de forma bem realista. “O robô funciona de forma semelhante às assistentes virtuais Alexa, da Amazon, e Siri, da Apple, sendo capaz de manter conversas bastante fluidas e naturais. A diferença é que, em vez de voz, se comunica por texto”, explica artigo publicado no Techtudo. E como tudo nesta vida, tem vantagens e desvantagens.
Como foi criado e quem financia
O ChatGPT foi criado pela OpenAi, uma organização sem fins lucrativos, que desenvolve pesquisas na área de inteligência artificial. A empresa foi fundada em 2015 por um grupo de empresários, pesquisadores e filantropos, incluindo Elon Musk, Sam Altman, Greg Brockman, Ilya Sutskever e Wojciech Zaremba, com o objetivo de desenvolver a inteligência artificial de maneira responsável.
“De acordo com o próprio ChatGPT, a OpenAI é financiada por meio de uma combinação de fontes, incluindo subsídios, patrocínios e doações. A empresa recebeu financiamento de várias fontes, incluindo as organizações filantrópicas Open Philanthropy Project e Thiel Foundation, além de empresas como Microsoft e Infosys”, segundo reportagem do Infomoney.
Conforme artigo do site, esses sistemas são criados a partir de dados coletados na própria internet. Os desenvolvedores fazem recorte de data -no caso do chat até 2021- e, mesmo assim, são bilhões de informações que formam o banco de dados dessas ferramentas.
“O uso de robôs de textos certamente não é uma novidade no mundo da tecnologia, haja vista os próprios chatbots do WhatsApp que conversam com os usuários de forma independente. No entanto, o diferencial do ChatGPT está na maneira como ele interage de forma não programada, sem textos pré-prontos”, disse o professor Daniel Callegari, da PUCRS à Infomoney.
Como ele pode ser usado nos negócios
Para além da diversão, aplicativos como o ChatGPT devem invadir a vida das pessoas nos próximos anos. Por enquanto, esse tipo de tecnologia é disponibilizada gratuitamente ao público em geral, mas é bem provável que elas se tornem um modelo de negócios de grandes companhias pelo mundo.
Isso explica os investimentos recorrentes que soluções desta área têm ganhado nos últimos anos. Dados do PitchBook mostram que o investimento de capital de risco em IA generativa cresceu na faixa de 400% desde 2020, alcançando US$ 2,1 bilhões.
O próprio Google informou que está investindo nessa área por meio da sua versão, denominada CALM, prometendo geração de textos em menor tempo. No mercado, fala-se muito também sobre outras soluções segmentadas que já estão em uso por startups da área de saúde, por exemplo.
Microsoft já quer a OpenAI
A Microsoft vai investir US$ 10 bilhões na OpenAI, avaliando a companhia baseada em São Francisco em US$ 29 bilhões. A informação é do Semafor, um site de notícias fundado pelo ex-CEO do Bloomberg Media Group. Segundo informações apuradas pelo site, os termos de financiamento preveem que a Microsoft terá 75% dos lucros da OpenAI até recuperar seu investimento inicial. Isso, claro, assim que a companhia descobrir como ganhar dinheiro com o ChatGPT e outros produtos, como a ferramenta de criação de imagens Dall-E.
Ao atingir esse patamar, a Microsoft teria uma participação de 49% na OpenAI, com outros investidores recebendo outros 49% e a controladora sem fins lucrativos da OpenAI recebendo 2%, diz a reportagem, sem esclarecer quais seriam as participações até que a Microsoft recupere seu investimento.
Polêmica na educação
É neste setor que, digamos, o bicho pega, a primeira coisa que vem à cabeça é: aumentará o plágio; alunos não vão pensar; não vão produzir nada autoral; os trabalhos acadêmicos perderão o sentido… Mas não é bem por aí. Há quem defenda que pode ser um ponto de partida para quem trava na hora de escrever – que a ferramenta é útil para dar ideias iniciais, mas não para criar um material inédito, que é uma ferramenta que atiça a busca por mais conhecimento; e há quem acredita que será prejudicial principalmente às crianças em fase de desenvolvimento cognitivo, intelectual e alfabetização, sem falar da criatividade não ser instigada.
Entretanto, é bom saber, e o próprio robô reconhece que opiniões pessoais ele não tem. Logo, não seria essa uma maneira de avaliar os alunos? A partir de uma pergunta subjetiva em que ele terá que argumentar e justificar? Além disso, quando se lê um texto do app, é tão frio, mas tão frio que é possível detectar que não foi escrito por quem tem sangue correndo nas veias. É generalista, e isso prova que a inteligência humana é insubstituível.
Inteligência artificial não é realmente inteligente
O psicolinguista canadense Daniel Lametti, da Universidade Acadia, na província de Nova Escócia, em entrevista ao DW, compara a importância da IA como o ChatGPT para textos acadêmicos com a invenção da calculadora para matemática, que mudou o ensino de forma fundamental.
“Antes, apenas o resultado final – quer dizer, a solução de uma equação – era o que importava. Aí não apenas a solução se tornou decisiva, mas o caminho como se chegou a ela. No futuro os trabalhos acadêmicos não poderão mais ser avaliados de acordo com a sua forma final, mas com base em como os alunos melhoraram e complementaram um texto originalmente criado pela IA”, disse à reportagem.
Ele ressalta que os textos gerados por inteligência artificial não refletem a realidade, mas apenas a linguagem em que a tecnologia se baseou. “O ChatGPT, porém, não entende o significado dessa linguagem – como um papagaio que ouve conversas na sala de uma professora e em algum momento começa a proferir frases inteligentes.”
Fique de olho: outros aplicativos de IA generativa
Descript App: na era dos podcasts, o app facilita a edição de áudio por meio da transcrição. O Descript App organiza toda a conversa em blocos de textos, onde o usuários consegue excluir trechos da gravação como se estivesse mexendo em um documento do Word. A ferramenta tem feito tanto sucesso que recebeu um aporte de US$ 50 milhões em uma rodada de série C. Fundada em 2017, a já tem em seu portfólio grandes clientes de mídia, como NPR, VICE, The Washington Post e The New York Times.
Mem: lançado originalmente para ser organizador de tarefas, o app também funciona como gerador de resumo para o Twitter. O Mem sincroniza tópicos, resume texto e até sugere títulos para documentos. Essa foi outra solução que recebeu um cheque vultoso, de US$ 23,5 milhões, vindo justamente da OpenAI em parceria com a Microsoft, e agora está avaliado em US$ 110 milhões.
Supernormal: prometendo acabar com a necessidade das atas de reuniões, o app transcreve áudio de chamadas realizadas nos principais aplicativos de videoconferência. O sistema também facilita a divisão de tópicos e edição dos textos gravados.
Midjourney: gerador de texto para imagem gerido por inteligência artificial. Opera dentro do Discord e funciona de forma colaborativa (já está sendo monetizado).Assim, as criações são disponibilizadas para todos que estiverem dentro do grupo onde as artes foram criadas. Mas em comparação direta ao DALL-E, que renderiza imagens de uma forma mais realista, o Midjourney é voltado para a reprodução baseada em diferentes estilos de artes, ou seja, mais criativa e abstrata, enquanto seu rival busca fidelidade ao texto interpretado.
(Fontes: Infomoney; Techtudo; DW; G1;Tecmundo)