A inflação dos Estados Unidos medida pelo índice de gastos de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) manteve um crescimento de 0,3% em março deste ano, em linha com o consenso de agentes e analistas do mercado financeiro.

No acumulado dos últimos doze meses, o índice voltou a acelerar de 2,5% para 2,7%. Para Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, os números não são suficientes para uma revisão das projeções do mercado sobre o início do corte de juros.

“Nós descartamos o início de cortes em junho e também passamos a projetar o primeiro corte em setembro. Num cenário pessimista, com uma inflação menos benigna, o afrouxamento monetário poderia ocorrer em novembro”, declarou.

Para o economista, ainda pesam incertezas sobre a evolução da inflação e do mercado de trabalho no cenário atual. Sung relembra que Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano), sinalizou em um evento que os dados recentes não deram maior confiança para o início dos cortes de juros. 

E o economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, concorda com a avaliação. “Os dados de março da inflação de consumo não alteram o contexto delineado pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) ao longo dos últimos meses”, comentou. Para ele, os números não contribuem para gerar a confiança extra de que a inflação converge de forma sustentável para a meta de 2%.

“Na realidade, a leitura do PCE deve apenas confirmar a recalibragem das expectativas que ocorreram em abril e agora apostam que o início do ciclo de cortes de juros somente irá acontecer no final do ano e provavelmente mais tímido (com a redução de 0,5 ou 0,25 ponto porcentual). Apesar dos números virem um pouco acima das expectativas, não houve reação visível nos mercados após a divulgação”, declarou.

Para Igliori, os dados relativamente fracos do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre divulgados ontem, colocam no radar a possibilidade (ainda que remota neste momento) de termos um processo de estagflação sendo gestado.

“Inflação resistente e atividade fraca são tudo o que se quer evitar. Os dados dessa semana certamente aumentam as tensões nos dias que precedem a próxima reunião do Fomc na semana que vem”, completa.

John Kerschner, head de produtos securitizados dos EUA e gerente de portfólio da Janus Henderson Investors, avaliou que, embora a inflação ainda esteja muito alta para o conforto do Federal Reserve, “se o progresso continuar, ainda pode ser razoável assumir um ou talvez dois cortes em 2024”.

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