Indústria, comércio e serviços apresentam volatilidade no 1º tri

O Boletim Econômico do Estado de São Paulo, produzido pelo Núcleo de Estudos da Conjuntura Econômica (NECON) da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), analisou dados da indústria, comércio e serviços referentes ao primeiro trimestre de 2021. Constatou-se que, com avanço da pandemia, os setores apresentam alta volatilidade nos resultados trimestrais.

O NECON FECAP é um grupo formado por professores e alunos da Faculdade de Economia da Fundação Escola de Comércio Alvares Penteado – FECAP, além de interessados, e pretende analisar indicadores de conjuntura e cenários da economia atual.

O objetivo missão é criar um ambiente permanente e rico de reflexão e análise acerca da conjuntura econômica nacional, além de produzir relatórios que auxiliem investidores, empresários, gestores públicos e pesquisadores na tomada de decisão.

Indústria

A Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF), produzida e divulgada pelo IBGE, apresenta indicadores de curto prazo relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativa e de transformação.

A pesquisa traz índices para 14 Unidades da Federação, cuja participação é de no mínimo 1% no total do valor da transformação industrial nacional, o que inclui o estado de São Paulo, a ser analisado.

Nos resultados referentes ao mês de março de 2021, a produção industrial do estado de São Paulo cresceu 0,6%, frente ao mês imediatamente anterior. Quando comparado ao mesmo período de 2020, o setor industrial paulista registra variação percentual positiva de 16%.

Cabe observar que, em março de 2020, a expectativa do mercado foi extremamente negativa devido a chegada da pandemia da COVID-19 ao Brasil, refletindo os efeitos do isolamento social, o que afetou o processo de produção em várias unidades produtivas no país e no mundo.

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Indicador acumulado

No indicador acumulado para o período de janeiro a março de 2021, frente a igual período do ano anterior, São Paulo obteve variação percentual acumulada positiva. A produção no estado avançou 1,2% em janeiro, frente a dezembro, na série com ajuste sazonal, e caiu 0,9% em fevereiro, comparando com janeiro.

No entanto, observando-se o valor acumulado nos últimos 12 meses, o estado recuou 3,5%. Após recuar em fevereiro, a alta do índice em março foi puxada fortemente pelo setor de extração e exploração de petróleo e produção de seus derivados.

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Segundo o Boletim Mensal da Produção de Petróleo e Gás Natural do mês de março de 2021, a produção da Bacia de Santos atingiu, pela primeira vez, mais de 70% da produção de petróleo do Brasil, registrando a maior participação na série histórica, em termos relativos, e a sexta maior, até hoje, em valores absolutos.

O campo de Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos, foi o maior produtor de petróleo e gás natural em março, de todo o país. Os campos offshore responderam por 96,7% da produção brasileira. Na comparação com o mês anterior ao Boletim, houve aumento de 0,9% na produção de petróleo e redução de 3,9% na de gás. Os preços dos combustíveis estão sofrendo um aumento desde o início do ano, o que pode ter estimulado a produção. No entanto, na comparação com março de 2020, houve redução de 4,3% no petróleo e aumento de 3,6% no gás natural.

Setor

O setor de petróleo foi o destaque do período, contribuindo para manter o impacto positivo do estado de São Paulo. Apesar de apresentar a menor alta entre todas as seis regiões com resultados positivos, São Paulo obteve a segunda maior influência positiva para o mês de março, devido ao tamanho da economia e a relevância da indústria paulista no cenário nacional, visto que o estado responde por 34% de toda a produção industrial no país.

Segundo Bernardo Almeida, analista do IBGE, o estado impediu queda ainda mais forte da produção industrial em abril. “Por causa da diversificação do parque industrial, São Paulo consegue se manter no terreno positivo apesar das medidas de restrição”, afirma ele.

Comércio

Abordando o cenário Brasil, em março, as vendas no comércio varejista caíram 0,6%, após uma variação de 0,5% no mês imediatamente anterior. No acumulado até este primeiro trimestre do ano, as vendas também registraram uma queda, de 0,6%, e no acumulado de 12 meses apresentou uma alta, de 0,7% nas vendas. Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE.

Analisando o comércio do estado de São Paulo, percebemos uma queda de 1,5% no mês de março, ocasionada pelo enrijecimento pelo Plano São Paulo, com restrições que ditam o funcionamento das atividades econômicas com o intuito de manter o distanciamento social para o combate da pandemia.

Em especial, no dia 15 de março, o estado de São Paulo entrou na fase emergencial do Plano São Paulo, que perdurou até o dia 11 de abril, afetando o funcionamento do comércio de forma mais intensa, no primeiro trimestre.

Se comparado com o Brasil, o resultado do comércio de São Paulo é favorável, o que explica este cenário é a criação do programa Renda Básica emergencial (RBE), realizado pelo governo de São Paulo, que visa auxiliar as famílias que sofreram impacto financeiro durante a pandemia.

O benefício foi aprovado com valores entre R$100 e R$200 durante três meses, iniciando em março, enquanto o auxílio emergencial oferecido pelo Governo Federal teve início apenas no dia 6 de abril.

Destaca-se o setor de Livros, jornais e papelarias, que atingiu o pior resultado em São Paulo, influenciado pelo fechamento de lojas e a substituição dos produtos impressos pelos meios digitais. O melhor resultado no período foi do setor de Artigo pessoal e doméstico, que foram beneficiados pelo resultado dos hipermercados, que mesmo na fase emergencial do Plano São Paulo puderam funcionar.

Indústria, comércio e serviços apresentam volatilidade no 1º tri

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Serviços

São Paulo e Brasil tiveram números parecidos tanto comparando com março do ano passado, no qual SP teve aumento de 4,4% e o país teve +4,5%, como também no acumulado do trimestre: SP queda de 0,5% e Brasil -0,8%. Já tendo como referência fevereiro, o estado teve uma queda menor (-2,6%) do que a federação (-4,0%).

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A COVID-19 continua trazendo retrações nos serviços, em 2021. Com a abertura de negócios, compras de fim de ano e viagens, a população voltou a se contaminar no início desse ano. O gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, explica: “Foram menos impactantes do que março de 2020, mas suficientes para fazer o setor de serviços recuar e voltar ao patamar pré-pandemia”.

Comparando março de 2021 com março de 2020, é possível observar uma variação positiva de 13,9% nos serviços de informação e comunicação, pois do ano passado para esse, a população aumentou muito a utilização desse tipo de serviço, já que parte das pessoas passaram a trabalhar em home office e assistir as aulas online.

Até o final de março de 2020, serviços como cursos, academias e salões estavam funcionando normalmente. Por esse motivo o volume dos serviços prestados às famílias diminuiu em 21,6%, também por conta do governador de São Paulo, João Doria, ter decretado fase vermelha emergencial no dia 15/03/2021, na qual apenas serviços essenciais (setores da saúde, transporte, imprensa, estabelecimentos como padarias, mercados, farmácias e postos de combustíveis) podiam funcionar. Segundo a publicação completa da PMS, esse decreto levou São Paulo a liderar as perdas regionais, em março de 2021.

O índice de volumes de atividades turísticas em São Paulo foi destaque: -27,7% comparando com março de 2020. Já no agregado de janeiro a março de 2021, a perda foi de 35,6% pressionado, principalmente, pela queda na receita de empresas que atuam nos ramos de transporte aéreo; restaurantes; hotéis; agências de viagens; rodoviário coletivo de passageiros; e serviços de bufê, de acordo com o IBGE. Abaixo seguem os dados completos sobre volume de serviços:

Indústria, comércio e serviços apresentam volatilidade no 1º tri

Na variação acumulada do ano da receita nominal de serviços, o destaque vai novamente para a queda dos serviços prestados às famílias: -27,4%. Logo em seguida, os serviços profissionais, administrativos e complementares, com diminuição de 6,8%. O aumento de 11,1% em serviços de informação e comunicação já era esperado, com o uso de cada vez mais desses recursos durante o isolamento social. Vide abaixo o Gráfico 6, que compara o índice de receita nominal por atividades de serviços:

Indústria, comércio e serviços apresentam volatilidade no 1º tri

Os serviços que mais contribuíram negativamente para o resultado foram restaurantes, transporte aéreo de passageiros, hotéis, telecomunicações e agências de viagens. Em contrapartida, as principais contribuições positivas vieram de provedores de conteúdo e outros serviços de informação na Internet, outras atividades de telecomunicações, gestão de portos e terminais e recuperação de materiais plásticos.

Mesmo depois de um ano da pandemia do coronavírus, é possível observar que os motivos que impactam os números dos serviços em São Paulo continuam os mesmos: aumento do uso de comunicações digitais e queda abrupta de serviços presenciais e turismo.

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