Está criado o Radar Verde, índice que concentra dados sobre o rastreamento da cadeia produtiva da carne, em único lugar. Com isto, investidores e consumidores, em geral, poderão acessar o site https://radarverde.org.br/ e encontrar informações sobre as empresas frigoríficas e as de varejo que produzem e comercializam tais produtos originados na Amazônia. É desta região que sai quase metade da carne brasileira.
A iniciativa nasceu da parceria entre o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), instituição de pesquisa referência internacional, e o Instituto O Mundo Que Queremos (OMQQ), organização com foco em projetos socioambientais. A metodologia do indicador está explicada no site e tem por objetivo fazer com que frigoríficos e redes varejistas comprovem a produção dessa indústria com matérias-primas livres de áreas desmatadas.
Desde 2005 o Imazon mapeia os frigoríficos na Amazônia, por se tratar de atividade praticamente sempre vinculada ao desmatamento. “Quase 90% das áreas desmatadas são convertidas em pasto”, diz Ritaumaria Pereira, pesquisadora e diretora executiva do instituto, acrescentando, à Via Sustentável, que no período entre 1990 e 2020 o rebanho bovino na região cresceu 256%, enquanto no restante do país o índice foi de apenas 3%.
Sem pressão, a coisa não vai prosperar, constata a engenheira agrônoma, doutora em geografia. Em 2008 o Ministério Público chamou empresas da região e fez um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), para botar ordem na Casa. Passados 13 anos, só a metade assinou. O gado amazônida está pastando e andando…
A sobreposição de desmatamento recente dá aos institutos a certeza de que estão no caminho certo. “Tão nocivo quanto o pecuarista que desmata para criar boi é o indivíduo que se disfarça de pecuarista, desmata e assenta o gado só para ocupar o espaço e roubar a terra depois”, declara, em tom firme, Alexandre Mansur, diretor de projetos de O Mundo Que Queremos. Segundo ele, o MP identificou “quadrilhas de grileiros” em toda a região já em 2011. “Daí ter surgido o TAC”, completa o também jornalista concordando que só a pressão, de investidores e consumidores de produtos locais (a carne, entre esses), poderá sinalizar uma solução para a contenção do desmatamento.
O Radar Verde trabalha com financiamento da Iniciativa Internacional de Clima e Florestas da Noruega (NICFI) e do Instituto Clima e Sociedade (iCS), tem equipe permanente e atualizará anualmente o índice. Para este primeiro trabalho foram convidados 90 frigoríficos e 69 redes varejistas a comprovar suas políticas de rastreamento, garantindo que a carne comprada, e vendida, não está associada ao desmatamento na Amazônia. Apenas 5% das empresas aceitaram participar neste ano e, destas, nenhuma autorizou a divulgação de sua classificação final. Para validar os questionários, preenchidos pelas próprias companhias, o Radar pede relatório de auditoria externa junto.
Como se vê, o trabalho é longo e árduo, mas o time não desanima. “Estivemos batalhando financiamento para esta pesquisa e formação do índice por oito anos”, conta o jornalista Mansur alertando que agora o cerco está se fechando em cima dos maus produtores: “O Banco Central baixou norma para que bancos brasileiros não financiem empresas que desmatam e isto entrará em vigor já em 2023, juntamente com a decisão da União Europeia de não comprar produtos de áreas desmatadas. Não demora e o Congresso americano vai na mesma linha, criando leis semelhantes”.
EXPORTAÇÃO
O Brasil é o segundo produtor de carne bovina no mundo e o maior exportador. Por aqui se produz 15% de toda a carne consumida no planeta. Do total originado no país, 43% se concentram na região da Amazônia.
Segundo a Mapbiomas, as pastagens triplicaram na Amazônia Legal, considerados os últimos 30 anos. Com isto, 13% do bioma já estão tomados por esta atividade (pastagem).
IDENTIFICAÇÃO
A equipe do Radar Verde identificou 113 grupos frigoríficos ativos na Amazônia Legal, elegíveis para participar do indicador. Do total, 90 empresas tinham alguma forma de contato público (e-mail e/ou telefone), para onde foi enviado um convite para responder ao questionário. Das 90 empresas, cinco aceitaram participar do levantamento e preencheram o questionário. Elas receberam a avaliação de suas políticas de controle da cadeia de produção, elaborada pela equipe do Radar Verde, mas não autorizaram a divulgação pública de sua classificação final no indicador.
Já a avaliação das políticas de controle da cadeia de produção dos supermercados, teve como ponto de partida a listagem dos 50 maiores varejistas do país (segundo o ranking 2021 da Associação Brasileira de Supermercados). Os 19 maiores supermercados da Amazônia Legal também foram convidados a participar. Do total de 69 varejistas contatados, três aceitaram responder ao questionário. Assim como os frigoríficos, também receberam a avaliação de suas políticas de controle da cadeia de produção, mas não autorizaram a divulgação pública de sua classificação final no indicador.
A relação dos respondentes está no site https://radarverde.org.br/
FERRAMENTA
O Radar Verde será importante ferramenta – suprindo a falta de conhecimento público – para se reunir informações de toda a cadeia de produção da carne brasileira, daí porque as empresas deveriam prestar muita atenção nele, comentou à coluna o diretor de O Mundo Que Queremos, Alexandre Mansur.
Ainda segundo ele, consultas informais ao índice já começaram a ocorrer de parte do setor financeiro, por exemplo.
PETRÓLEO
O setor de petróleo e gás vai bem, obrigado, na Bolsa. Mesmo com os trancos da Petrobras, nesta mudança de governo, as companhias abertas acompanham o noticiário internacional. Exemplo: no fechamento da semana, sexta-feira, a Rússia anunciou corte na produção. O resultado foi subida da 5,12% das ações ordinárias PETR3 e de 4,71% das preferenciais PETR4. Já as RRRP3, da 3R Petroleum, saltaram 8,34%.
DESINVESTIMENTO
A calmaria política neste fim de semana também ajuda o mercado. No caso de Petrobras, tem ainda o desinvestimento, de 100%, na Petrobras Operaciones (POSA), subsidiária na Argentina.
A companhia portenha teve produção média, de janeiro a novembro deste ano, de 1,515 milhão m³/dia de gás natural e de 0,73 mil barris de óleo (bpd), totalizando o volume de 9,6 mil de barris de óleo equivalentes.
COMANDO
Por ora esqueçam aquela ideia de se vender o controle da estatal petroleira. O novo governo pensa bem ao contrário disto. Para tanto vai mudar o comando da companhia. Jean-Paul Prates é tido, no mercado, como o futuro presidente. Ele que é advogado e economista, manja dos paranauês. Trabalha há 30 anos no setor.
Segundo o noticiário do final de semana, embora não esteja confirmada a data de saída, o atual comandante Caio Paes de Andrade deverá apressar a sua saída.
PET
A Cobasi, rede de pet shops, anunciou na última quarta-feira a aquisição da rede Mundo Pet, detentora de 14 lojas no Nordeste. A gigante Cobasi, que tem pouco mais de 200 lojas pelo país (sendo 90% próprias), estuda o IPO mas aguarda uma boa janela de oportunidade.
Por ora, apenas a estruturação para o crescimento do negócio, que fechará este ano com faturamento acima de R$ 2,5 BI.
IPOs
E por falar em IPO… a B3 registrava 449 companhias listadas no fechamento de novembro deste ano. Isto representa uma encolha de 3% em relação a novembro de 2021, mas alguns agentes de mercado andam otimistas, apostando que em 2023 os IPO´s poderão ultrapassar 30 ofertas. A conferir.
AGRO
João Pedro Nascimento, o novo presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) arregaçou as mangas e permeia o noticiário do mercado financeiro diariamente. Junto dele, as equipes técnicas, como a Superintendência de Securitização e Agronegócio (SSE) que anuncia o “Boletim CVM-Agronegócio”, com o objetivo de disponibilizar informações quantitativas sobre os instrumentos de financiamento do agro, via mercado de capitais.
No anúncio do boletim, a autarquia destaca o Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais (FIAGRO) e o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA).
FUNDOS
Anunciando na sexta-feira última o novo marco regulatório dos fundos de investimento, a CVM promete “uma indústria de fundos mais moderna, eficiente e competitiva”.
Com a edição da Resolução CVM 175, foram revogadas 38 normas, agora sistematizadas em uma única. Entre as inovações estão: i) limitação da responsabilidade de cada cotista ao valor das cotas subscritas; ii) possibilidade de os fundos contarem com classes de cotas com patrimônios segregados para cada classe; e iii) aplicação do instituto da insolvência civil aos fundos.
ANO NOVO
A B3 decidiu antecipar o feriado de Ano Novo no dia 30 de dezembro. Assim, as negociações ocorrerão normalmente de segunda a quinta desta semana.
BOAS FESTAS !!!
Este 2022 não foi propriamente um ano simples, convenhamos. Luta e trabalho não faltaram, de nossa parte e de tanta gente boa com quem nos relacionamos no dia a dia.
A todas as pessoas que nos prestigiaram, gerando informações de qualidade, nos apoiando tecnicamente (em números e também na resolução de questões tecnológicos) e, também, comentando os conteúdos da coluna e de toda a Editoria Universo ESG, muito obrigado! Aos novos parceiros, o envio de nosso fraterno abraço. Aos mais antigos, gratidão sempre.
Fim de ano é o momento de renovar o oxigênio, de encher o peito de otimismo para nos levar à Esperança (ah, bendita seja!). Que tenhamos renovadas as LUZES de Nosso Caminho, para que haja mais fraternidade e realizações.
Agora é hora de darmos um tempinho a nós mesmos, para festejar o Natal, recarregar baterias e preparar o retorno no comecinho do Ano Novo (dia 9, mais exatamente).
A todos, um Próspero 2023.