Analistas apontam o destino do Ibovespa para 2023 e quais as chances do índice estabilizar
O índice Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, fechou em alta de 1,80% na última sexta-feira (02/06) diante das perspectivas de renegociação do teto da dívida americana, dos indicadores macroeconômicos do Brasil e da tramitação do arcabouço fiscal.
Como resultado, o índice Ibovespa alcançou os 112 mil pontos e muitos investidores estão questionando se esse movimento pode continuar, oferecendo uma oportunidade de melhora para o Ibovespa, que registrou sua segunda alta mensal seguida.
Ibovespa em novo recorde?
A Bolsa de Valores brasileira registrou um rali de alta durante o mês de maio, sendo interrompido pelas 3 quedas seguidas observadas a partir do dia 22. A partir do dia 25, voltou a retomar alta, com dois avanços diários consecutivos.
Apesar disso, o Ibovespa fechou os últimos 3 pregões do mês de maio no negativo. No dia 31, encerrou o dia com uma baixa de 0,58%. A mínima do mês, de 101.063 pontos, foi vista no dia 4, enquanto a máxima, de 111.705 pontos, foi observada no dia 26.
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Apesar dos resultados negativos ao final de maio, a perspectiva é de que os juros sejam reduzidos. Além disso, os múltiplos atrativos em relação a outros mercados globais e a possibilidade de recuperação econômica na China fazem com que o futuro do índice Ibovespa veja uma “luz no fim do túnel”.
Índice Ibovespa: O que dizem os analistas?
Itaú BBA
Os analistas do Itaú BBA acreditam que o aumento das commodities como petróleo e minério de ferro no exterior, representadas pela Petrobras e Vale, sustentam o índice Ibovespa, assim como a siderurgia, representada principalmente pela Gerdau.
Além disso, nos Estados Unidos, a Casa Branca e o Congresso têm dado sinais de avanço nas discussões sobre o teto da dívida, que atualmente encontra-se em 31,4 trilhões de dólares, buscando aumentá-lo para por dois anos, limitando os gastos em tudo, exceto militares e veteranos, endossando um sinal positivo para os principais índices de ações, apesar dos dados sugerirem inflação acima do esperado.
Por fim, a análise técnica do Itaú BBA afirma que o índice Ibovespa deve ultrapassar 111.650 pontos para evitar a realização de lucro por parte dos investidores, o que levaria a uma progressão da Bolsa para 114.900 pontos.
XP
Segundo a XP, a expectativa de valorização do índice Ibovespa é de 128.000 pontos para o final de 2023, ante 125.000 pontos anteriormente esperados, devido ao desempenho superior em relação a outros mercados, principalmente pelo valuation ainda muito atrativo.
Analistas acreditam que o Preço/Lucro (P/L) projetado do Ibovespa esteja atualmente em 6,9x, ou seja, com um desconto de mais de 30% em relação à média dos últimos 15 anos (11,0x). Além disso, ao dividir o Ibovespa setorialmente, é possível observar que todos os setores no Brasil estão com seus múltiplos negociados abaixo ou próximos às médias de longo prazo.
No entanto, dadas as incertezas associadas ao setor bancário global, uma possível desaceleração econômica e também a política fiscal doméstica, os analistas acreditam que os investidores encontram-se indefesos e que ativos mais resilientes e de alta qualidade são essenciais.
Política fiscal como ponto de ignição
Apesar da falta de consenso entre economistas e analistas do mercado financeiro quanto à capacidade da política fiscal de regular a dívida pública em relação ao PIB, bem como influenciar positivamente o desempenho do índice Ibovespa, o fato é que a política fiscal tem sido absorvida pelo mercado financeiro.
Muitos investidores dedicaram a maior parte de março à espera do novo arcabouço fiscal, que foi finalmente divulgado. A regulamentação visa manter a trajetória da relação Dívida/PIB, que envolve tanto a gestão dos gastos quanto a entrada de novas receitas, que podem incluir novos impostos.
Vale destacar que, a tramitação do novo arcabouço fiscal no Senado pode levar o Banco Central a antecipar a redução da taxa Selic. É importante mencionar que, ao calcular o preço de uma ação, os analistas normalmente reduzem a taxa de juros de longo prazo do fluxo de caixa projetado da empresa, buscando visualizar os fluxos a valor presente.
Como resultado, quanto maiores as taxas, maior o desconto, afetando negativamente o “valuation” (avaliação de empresas) no mercado. Em suma, taxas mais baixas, em tese, podem alavancar o índice Ibovespa.
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