O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda registrou crescimento da taxa de inflação para todas as faixas de renda durante o mês de fevereiro. O estudo foi divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada nesta terça-feira (16) e revelou que as famílias mais afetadas em fevereiro pela inflação foram as de renda mais alta, cujas taxas aceleraram de 0,26%, 0,27% e 0,29% para 0,98%, 0,97% e 0,98%, respectivamente.

O segmento que mais contribuiu para a pressão inflacionária para todas as faixas de renda no mês de fevereiro foi o grupo de transportes; impulsionado pela alta de 7,1% dos preços dos combustíveis. Para os mais pobres, além do preço dos combustíveis; os reajustes de 0,33% do ônibus urbano e de 0,56% do trem também pressionaram para a alta da inflação desse grupo. Por outro lado, as famílias mais ricas ganharam um alívio inflacionário com a queda de 3,0% do preço das passagens aéreas.

Outro grupo que contribuiu para a alta da inflação dos mais pobres foi o de habitação, ancorado pelos aumentos de 0,66% dos aluguéis, de 1,0% da taxa de água e esgoto e de 3,0% do botijão de gás. As famílias de renda mais alta sentiram uma pressão maior do grupo educação, visto que as mensalidades escolares sofreram reajuste de 3,1%. O aumento das taxas só não foi maior por conta da desaceleração dos alimentos ocorridas em fevereiro.

Os dados também mostraram que, quando comparadas com o mesmo período de 2020, todas as faixas de renda sofreram uma aceleração da inflação. As três faixas de renda mais baixas foram as que registraram as maiores altas inflacionárias; com taxas de variação avançando de 0,15%, 0,12% e 0,16%, em fevereiro de 2020, para 0,67%, 0,80% e 0,89%, em 2021, respectivamente. A alta menos expressiva dos alimentos e as quedas dos preços da energia e dos combustíveis explicam esse aumento mais ameno em 2020 do que esse ano.

Já para os três segmentos de renda mais alta, suas taxas variaram de 0,25%, 0,35% e 0,42%; em fevereiro de 2020, para 0,98%, 0,97% e 0,98%, em 2021, respectivamente. O comportamento mais benevolente dos combustíveis em fevereiro de 2020 ajudou a atenuar a pressão inflacionária. Em 2021, a pressão sofrida pelo setor de transportes foi amenizada por causa dos reajustes mais brandos dos serviços pessoais e das mensalidades, com taxas de crescimento menores do que em 2020.

No acumulado de doze meses, a aceleração da inflação também atingiu todas as faixas de renda. As famílias mais pobres, no entanto, mantiveram-se com taxas mais altas do que as famílias mais ricas. A taxa de inflação para as famílias que recebem menos de R$ 1.650,50 foi de 6,75%; enquanto para as famílias com renda maior que R$ 16.509,66 a taxa foi de 3,43%.

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