O indicador antecedente da Boa Vista de Movimento do Comércio, que acompanha o desempenho das vendas no varejo em todo o território nacional, cedeu 0,8% entre os meses de maio e junho, na análise dos dados dessazonalizados. O desempenho do varejo no mês sucedeu uma alta de 1,7% em maio na mesma base de comparação e encerrou o 2º trimestre de 2022 com estabilidade em relação ao 1º trimestre do mesmo ano.

Na série de dados originais o indicador avançou 0,6% na comparação interanual e 3,1% na comparação do segundo trimestre de 2022 contra o mesmo período do ano passado. No 1º semestre de 2022 o indicador acumula alta de 0,9% em comparação ao 1º semestre de 2021, mas na variação acumulada em 12 meses o indicador aponta queda de 0,8%.

Em maio, a liberação do FGTS já não havia surtido o efeito esperado, em junho, não foi diferente. Em meio a um cenário de inflação e juros elevados, também pesa sobre o varejo a competição com o setor de serviços, que parece estar mais acirrada. “Nesse período, o impacto tende a ser maior nas categorias que dependem mais do crédito, tanto que, para amenizar isso, alguns prazos estão ficando maiores, mas o risco da operação é maior e, mesmo que as parcelas caibam no bolso do consumidor, o custo deste risco está embutido nelas”, diz Flavio Calife, economista da Boa Vista.

O consumidor, de modo geral, tende a focar no consumo de itens básicos, como alimentos e combustíveis. Em julho, o efeito da PEC dos Combustíveis já deve aparecer e isto deve estimular a demanda nessas categorias. A despeito da queda observada na análise de longo prazo, a expectativa é de que o varejo encerre o ano em alta, até porque a base de comparação daqui para frente não é tão forte, lembrando que o indicador no 2º semestre de 2021 havia caído 2,0% em comparação ao 2º semestre de 2020. Os dados da Pesquisa Mensal do Comércio, por sinal, seguiram na mesma direção.

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