O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou na quarta-feira (28) a indicação de Gabriel Galípolo para assumir a presidência do Banco Central (BC). Após a divulgação feita pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o Ibovespa (IBOV) renovou o recorde de fechamento e o atual presidente da autoridade monetária parabenizou Galípolo.  

Porém, antes de assumir a função, ele será sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e, posteriormente, seu nome será submetido a uma votação secreta no plenário. A sabatina de Galípolo está prevista para 10 de setembro, de acordo com informações da Reuters. 

Opiniões de especialistas

O estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, observou que a confirmação de Galípolo como novo presidente do Banco Central não é uma grande surpresa. Segundo ele, a expectativa de sua indicação já era forte desde sua entrada no governo como ‘número dois’ de Haddad.  

Cruz acredita que, por ter sido diretor, Galípolo “já foi amplamente testado em suas opiniões sobre política monetária e a condução do Banco Central”. “Ele teve algumas divergências com o presidente Roberto Campos Neto, como vimos em momentos de votação dividida e em debates com outros diretores sobre o início do ciclo de corte de juros”. 

No entanto, ele destacou que será importante observar como Galípolo lidará com questões como a interferência no câmbio e os ajustes nas metas de inflação. “Acredito que, por ter sido diretor, Galípolo não provocará tanta volatilidade quanto teria sido o caso se o Banco Central não fosse independente e ele fosse indicado logo no início do mandato de Lula”, completou Cruz.  

Para o CEO da gestora Multiplike, Volnei Eyng, Galípolo trará uma abordagem pragmática e técnica ao cargo, possivelmente mantendo a atual política de juros. “No entanto, sua ligação estreita com o governo pode sugerir um alinhamento maior com as diretrizes econômicas do executivo”, destacou Eyng.  

O CEO da Multiplike ainda disse que “osso poderia resultar em um Banco Central mais receptivo a políticas que busquem um equilíbrio entre controle da inflação e estímulo ao crescimento econômico. A sua gestão poderá influenciar a percepção de independência do BC e impactar a confiança dos mercados”.  

Alex Andrade, CEO da Swiss Capital Invest, apontou que Galípolo precisará adotar uma postura moderada, equilibrando as pressões do governo para reduzir os juros com a necessidade de manter um ambiente financeiro previsível. 

“Embora eu acredite que sua tendência será de reduzir os juros, não creio que veremos cortes expressivos. Em minha opinião, uma redução pequena, algo em torno de 0,2%, seria mais provável” disse Andrade, explicando que “um corte maior, como 0,5%, seria significativo demais para o momento atual”.  

Experiências de Galípolo 

Galípolo possui formação acadêmica em Ciências Econômicas e é mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde também atuou como professor entre 2006 e 2012.  

Ele integrou a equipe de transição do governo e trabalhou no Ministério da Fazenda antes de se juntar ao Banco Central. Recentemente, Galípolo substituiu Roberto Campos Neto durante suas férias em julho.  

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