Um misto de frustração/alívio e a fotografia do cenário político do Brasil. Assim o país acordou nesta segunda-feira (4), em ressaca eleitoral e ainda se preparando para 20 dias de novas campanhas em busca do voto em 30 de outubro. O candidato do PT, Lula, e do PL, Bolsonaro, travaram uma batalha nas urnas, muito aquém do que as pesquisas indicavam até a noite de sábado. Sim, as pesquisas foram as perdedoras nestas eleições.
“O PL elegeu, com apoio do governo, uma gama enorme de senadores, o centrão se consolidou ainda mais forte na câmara e nomes importantes à frente nas disputas estaduais farão de um, agora, indefinido mandato de Lula algo nada fácil. Neste sentido, o fator positivo é que tal força aglutinadora evite rompantes pouco favoráveis à economia da oposição, como a reversão de reformas, controle de mídia, gastos excessivos e revogação imediata do teto dos gastos e com isso, a campanha petista deve sim buscar o centro no discurso e no programa”, diz a análise da Morning Call desta segunda(4). Na análise também diz que para o atual presidente a “vida ficou mais fácil” e entra para o segundo turno “competitivo” e tão esperançoso quanto os eleitores de Lula. Será no voto a voto? O quanto a nova campanha influenciará no mercado nos próximos dias?
A partir de hoje, um novo cenário econômico e político na mesa de agora. Segundo a Infinity Asset, a semana está repleta de indicadores relevantes, em especial os de mercado de trabalho dos EUA, os mais importantes neste momento para as decisões de juros do Fed, além de índices de inflação e dados de atividade econômica no Brasil, na linha que se apresentou nos últimos meses. Logo, as expectativas estão altas.
Ibovespa e eleições
O Ibovespa encerrou o mês de setembro em alta de 0,47%, voltando para os 110 mil pontos, mesmo após uma semana negativa, com pressões pela alta do dólar e risco de recessão global. As atenções entre os investidores locais estavam voltadas ao primeiro turno das eleições presidenciais. No radar macro, o Caged registrou a geração de 278 mil novos postos de trabalho formal, acima do esperado pelo consenso, que era de 268 mil.
“As eleições no último domingo confirmaram um segundo turno entre Jair Bolsonaro e Lula para o cargo de presidente. A surpresa, no entanto, foi a diferença de votos entre os dois candidatos. As pesquisas eleitorais vinham apontando para uma diferença de quase 14 pontos percentuais entre os dois candidatos, enquanto o gap efetivo foi de apenas 5 pontos percentuais. A notícia refletiu positivamente na performance do ETF brasileiro nas bolsas internacionais, que subia mais de 3% nesta manhã (segunda, 4.), diz a XP na sua análise pós-primeiro turno e seguiu assim durante o dia com o Ibovespa superando 4% de alta durante o dia.
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De acordo com os analistas, o mercado passa a monitorar os desdobramentos do resultado do primeiro turno das eleições, “com objetivo de identificar quais serão os próximos passos de ambas as campanhas e novas redes de apoio”.
Lula X Bolsonaro no mercado
Segundo a Guide, em uma publicação recente, as ações na bolsa indicaram que investidores tinham começado a precificar a vitória de Lula, particularmente a partir da segunda quinzena de setembro. “Empresas de construção, consumo e educação têm se destacado positivamente, enquanto empresas estatais têm desapontado”.
No relatório, a Guide diz que a vitória de Lula beneficiaria empresas de consumo e varejo (particularmente empresas de alimentos como AmBev e Assaí), construtoras (particularmente as focadas no segmento de baixa renda como MRV Engenharia e Direcional), empresas de educação (como YDUQS e Ser Educacional) e empresas de bens de capital (como Marcopolo e Randon).
“Isto se deve ao fato do programa de governo do candidato Lula indicar a volta de programas que favorecem estas empresas/setores. Além disso, muitas destas empresas estiveram entre as maiores altas nos anos de governo Lula/Dilma. Considerando estes dois fatores, construímos dois índices de ações: o primeiro com as empresas estatais (Petrobras, Banco do Brasil e Sabesp) e o segundo com as empresas beneficiadas pelos programas do PT. Nos dois casos, os pesos são iguais: cada empresa na “cesta Bolsonaro” tem peso de 33,3% e cada empresa na “cesta Lula” tem peso de 10%”, explica o documento da Guide.
À época da publicação, a Guide ressaltou que seria preciso aguardar o resultado do primeiro turno antes de fazer grandes posições em ativos que dependem exclusivamente das eleições. No entanto, fez uma lista de empresas do seu portfólio que estariam na Cesta Lula: Ambev, Assai e Randon.
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Outro ativo que acredita-se estar em um bom momento é Direcional Engenharia. Os programas direcionados a moradias para a população de baixa renda foram implementados tanto por Dilma quanto Bolsonaro, e a chance de sua manutenção em 2023 é elevada independente do vencedor das eleições. “Estes ativos (Ambev, Assai, Randon e Direcional) seria a forma mais prudente de investir pensando nas eleições, mas sem depender tanto de um resultado específico para ter um bom retorno”, diz a Guide.
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