O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, tem sido centro das atenções de investidores, gestores e analistas financeiros. Com quase 50 anos de história, o índice vem flertando com sua máxima histórica, um marco que gera tanto entusiasmo quanto cautela entre os envolvidos. Neste estudo, exploraremos a jornada do Ibovespa até este ponto, analisando não apenas os números nominais, mas também o impacto da inflação e das variações cambiais.

Muito embora exista questionamentos se o Ibovespa é um bom benchmark para o mercado brasileiro como um todo, dado sua concentração, ponto que abordamos em outro estudo Ibovespa: será que é um bom benchmark? ele permanece como o principal índice do mercado acionário do Brasil. O Ibovespa demonstrou um ‘rally’ expressivo, com um aumento significativo de 12,54% em novembro e, até o momento deste estudo, acumula uma valorização de 15,55% no ano, atingindo 126.803 pontos.

Ibovespa demonstrou um ‘rally’ expressivo, com um aumento significativo de 12,54% em novembro e, até o momento deste estudo, acumula uma valorização de 15,55% no ano, atingindo 126.803 pontos.

Na tabela é possível compreender que o índice é sensível aos ciclos econômicos. Por exemplo, os anos de 2008 e 2020 evidenciam quedas acentuadas em períodos de crise global. Em março de 2020, o índice sofreu uma queda histórica de -29,90%, refletindo o impacto inicial da pandemia COVID-19. Por outro lado, períodos de euforia econômica, como em 2007 antes da crise financeira ou em 2016 pós-impeachment presidencial, mostraram ganhos elevados, com destaque para os 16,97% de março de 2016. No entanto ao olhar para o desempenho mensal, notamos que não há um padrão sazonal forte, mas alguns meses parecem ter um desempenho recorrentemente melhor ou pior. Janeiro, por exemplo, tende a ser um mês positivo e Outubro e Novembro muitas vezes mostram recuperações, como observado recentemente.

A recuperação que vimos no final do ano elevou o Ibovespa a um nível que só vimos uma vez antes, mais de dois anos atrás, em 07/06/2021, quando fechou em 130.776 pontos. Mas será que estamos realmente alcançando esses recordes de novo? Como (quase) tudo no mercado financeiro a resposta é: Depende.

Quando olhamos para os dados nominais do Ibovespa, ou seja, o valor do índice sem ajustes pela inflação ou outros fatores que mudam o poder de compra com o tempo, vemos que estamos próximos das máximas históricas.

O gráfico nos mostra claramente os picos históricos do Ibovespa, destacando-se em momentos-chave como antes da crise do subprime em 2008, pré-impacto da COVID-19 em 2020, e na recuperação global impulsionada pela injeção maciça de liquidez nos mercados. Atualmente, estamos perto dos 130 mil pontos. No entanto, é importante lembrar que esses são valores nominais. Isso significa que, embora o índice mostre crescimento ao longo dos anos, parte desse aumento pode ser atribuída à inflação, e não necessariamente a um crescimento real no valor das ações. Por isso, é crucial deflacionar o Ibovespa para obter uma visão mais precisa.

O Ibovespa deflacionado mostra o desempenho real das ações, descontando o efeito da variação dos preços na economia. Ao deflacionar o Ibovespa, é possível avaliar o poder de compra real que o índice representa ao longo do tempo, ou seja, o quanto realmente se ganhou em termos de valor além da inflação.

Dessa forma vamos deflacionar usando os dois principais índices de inflação no brasil o IPCA e o IGP-M. Ao deflacionar o Ibovespa pelo IPCA, estamos ajustando o índice pela inflação de um conjunto amplo de produtos e serviços consumidos pelas famílias, o que reflete o aumento do custo de vida médio das pessoas. Deflacionar o Ibovespa pelo IGP-M pode ser útil para refletir o impacto de uma gama mais ampla de preços na economia, incluindo commodities e bens de capital.

Como podemos observar o valor da máxima que estamos nos aproximando em termos nominais é bem diferente quando ajustado pela inflação. A deflação pelo IPCA, nos mostra um valor máximo ajustado de 177.098 pontos. Por outro lado, quando o ajuste é realizado utilizando o IGP-M, a máxima atinge 212.305 pontos, ambos em 20/05/2008 o que, considerando os níveis atuais, nos coloca um tanto quando distante das máximas históricas ajustadas.

Além da análise doméstica, é importante considerar o Ibovespa no contexto global, especialmente em relação a uma moeda forte como o dólar. A análise dolarizada do Ibovespa mostra como o índice se comportou em relação a uma moeda globalmente aceita, o que uma visão geralmente aceita sob a ótica dos investidores internacionais, já que permite entender como o mercado brasileiro é percebido em um contexto internacional, considerando as flutuações da moeda e os impactos econômicos globais.

A data do pico do Ibovespa dolarizado, 19 de maio de 2008, antecedendo a crise financeira global, que teve início no segundo semestre daquele ano. O Brasil estava em uma fase de crescimento econômico, com o mercado de commodities em alta e o real valorizado, o que potencializou o índice quando convertido para dólares. Já no outro lado, o ponto mais baixo em 21 de janeiro de 2016, reflete uma fase de turbulência econômica no Brasil, com impacto direto na confiança do mercado. O país estava mergulhado em uma recessão, enfrentando altas taxas de inflação, desemprego crescente e uma série de escândalos de corrupção que afetaram negativamente o ambiente de negócios e a estabilidade política.

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