Caro Investidor,
Você está lendo esse texto no seu smartphone, notebook, tablet ou algum dispositivo moderníssimo usando Inteligência Artificial (IA)? Pois saiba que essa comodidade de equipamentos são criações das chamadas Big Techs, dominadas pelas 7 Magníficas – Apple, Microsoft, Amazon, Nvidia, Alphabet (Google), Meta, Tesla – que, além de sustentarem o S&P 500, apostam tudo, e investem milhões de dólares na IA como a tecnologia do futuro (do presente para muitos). É a quarta revolução industrial.
Entretanto, se você, além de ser usuário dessas empresas, investe nelas, principalmente na tecnologia IA, e ainda não viu retorno, você não está só. O que se ouve, se lê e se sabe é que já tem burburinhos e até dúvidas de quando todo o investimento trará retorno.
Acilio Marinello, sócio-fundador na Essentia Consulting acredita que as gigantes, que investem massivamente há meses, estão tendo algum retorno, mas que ainda não cobrem o que já foi investido ou os custos da implementação da IA. Ele ressalta ainda que envolve também outras questões, como o consumo de energia. Segundo Acilio, a Meta já estuda a possibilidade de construir uma usina nuclear para sustentar sua infraestrutura de IA. Já a Microsoft, incorporou IA no seu pacote Office, uma forma de comercializar IA e gerar receita, com o aumento de usuários.
“Há expectativa de que os serviços de IA sejam sustentáveis e tragam retorno ao investidor a longo prazo. E mais, ainda tem o índice da Standard and Poor’s (S&P). A Big Techs tem um peso grande no índice por causa do tamanho delas. O desempenho influencia o índice. E se elas não derem retorno, não justificarem os investimentos, isso pode levar até a uma correção no mercado, porque vai impactar o cálculo do índice”, afirma Acilio.
O cenário ainda gera o risco sistêmico porque quando se concentra em poucas empresas, o impacto é desproporcional. Conforme Acilio, se o retorno não chegar, vai ter volatilidade.
“Na minha opinião, a IA está engatinhando, IA está engatinhando, mas tem diversos potenciais de aplicação na atividade humana. Ass empresas estão investindo porque está facilitando a vida das pessoas. É sustentável e a médio e longo prazo, as empresas vão se beneficiar do risco que enfrentam agora”, conclui Acilio.
Números de gigantes
Alphabet: os resultados da da dona do Google no terceiro trimestre foram positivos, refletindo sua posição dominante na divisão de busca online A empresa reportou uma receita total de US$88,27 bilhões (estimativa: US$86,45 bilhões), com a divisão de publicidade gerando US$65,85 bilhões (estimativa: US$65,5 bilhões) e a receita de busca e outros alcançando US$49,39 bilhões (estimativa: US$49,08 bilhões).
“Um dos destaques foi o forte desempenho da divisão de Google Cloud, que registrou uma receita de US$11,35 bilhões (estimativa: US$10,79 bilhões), mostrando a maior aceleração sequencial e ajudando a aliviar as preocupações sobre a compressão da margem operacional em 2025 dos investidores”, diz o relatório do BTG Pactual.
Segundo os analistas, os principais pontos de preocupação na tese de investimento continuam sendo o escrutínio regulatório e a concorrência de novas tecnologias, como chatbots de IA, que podem impactar a liderança da empresa no longo prazo.
Meta: os resultados do 3T da Meta foram sólidos, mostrando um desempenho robusto em suas principais áreas de negócio. A empresa apresentou um crescimento contínuo na receita de publicidade, que totalizou US$39,89 bilhões (+19% a/a), superando a estimativa de US$39,71 bilhões, e um avanço notável na receita da sua família de aplicativos, que chegou a US$40,32 bilhões (+19% a/a), acima da estimativa de US$39,92 bilhões. A receita total foi de US$40,59 bilhões (+19% a/a), superando a expectativa de US$40,25 bilhões.
O destaque negativo foi a divisão de Reality Labs, que registrou uma receita de US$270 milhões (+29% a/a), abaixo da estimativa de US$312,8 milhões, e um prejuízo operacional de US$4,43 bilhões. O lucro operacional totalizou US$17,35 bilhões (+26% a/a), superando a estimativa de US$16,24 bilhões, com a divisão da Família de Aplicativos contribuindo com US$21,78 bilhões (+25% a/a), acima da estimativa de US$20,47 bilhões.
“Em termos operacionais, houve uma melhora no preço médio por anúncio, que subiu 11% a/a, superando a estimativa de 6,76%, evidenciando a eficácia das estratégias de monetização via inteligência artificial da Meta. A base de usuários médios diários dos serviços da família de aplicativos aumentou para 3,29 bilhões (+4,8% a/a), superando a estimativa de 3,25 bilhões, reafirmando a relevância e o engajamento das plataformas da companhia. Para o quarto trimestre de 2024, a Meta projeta uma receita entre US$45 bilhões e US$48 bilhões, em linha com a estimativa de US$46,09 bilhões”, diz o BTG.
Microsoft: a queda de 1,5% nas ações da Microsoft após a divulgação dos resultados, reflete um momento de ajuste de expectativas do mercado frente às perspectivas de crescimento da Azure. “Embora a divisão tenha mostrado um sólido avanço de 34% em receita de serviços em nuvem (em moeda constante), foi abaixo da expectativa do mercado”, comentam os analistas do BTG.
A desaceleração esperada para o próximo trimestre motivou a queda das ações, apesar da receita total de US$ 65,59 bilhões ter superado a estimativa de consenso de mercado de US$ 64,51 bilhões. No consolidado, a Microsoft apresentou um desempenho robusto com um lucro por ação de US$ 3,30, acima da estimativa de US$ 3,11. Além disso, a receita da Microsoft Cloud alcançou US$ 38,9 bilhões, superando a expectativa de US$ 38,11 bilhões, e a receita da divisão Intelligent Cloud foi de US$ 24,09 bilhões.
Entretanto, o destaque negativo foi que a limitação da oferta continua restringindo o crescimento em negócios relacionados à IA generativa, mas a expectativa é de uma aceleração do crescimento na segunda metade de 2025. O CEO da Microsoft, Satya Nadella destacou que apesar dos desafios, a inteligência artificial contribuiu com 12 pontos percentuais no crescimento da receita da Azure.
Apple: desempenho mais fraco na China e na divisão de serviços provocam uma reação negativa do mercado. “Os resultados da Apple trouxeram uma reação negativa do mercado, com as ações caindo no pré-mercado. A decepção foi impulsionada principalmente pelo desempenho abaixo do esperado em sua divisão de Serviços e pelas dificuldades enfrentadas na China”, relata o BTG.
Apesar de um crescimento sólido na receita geral de 6,1% em relação ao ano anterior (US$ 94,93 bilhões), superando a estimativa de (US$ 94,36 bilhões), as preocupações com alguns segmentos específicos e a perspectiva de crescimento futuro menor geraram uma reação negativa do mercado.
Conforme os resultados, as vendas de iPhone foram um ponto positivo, com uma receita de (US$ 46,22 bilhões), superando as expectativas de (US$ 45,04 bilhões) e mostrando um aumento de 5,5% em relação ao ano anterior. No entanto, a receita da divisão de Serviços, a maior margem da companhia, desapontou o mercado ao registrar (US$ 24,97 bilhões), ficando abaixo da estimativa de (US$ 25,27 bilhões). O resultado abaixo do esperado foi o maior destaque negativo do 3T24 da Apple.
Amazon: registrou um forte desempenho no terceiro trimestre, com uma alta de até 6,1% nas ações no pré-mercado. “O resultado superou as expectativas do mercado no lucro líquido e receita, reforçando a confiança na capacidade da empresa de equilibrar crescimento e rentabilidade.”
Os destaques positivos do 3T24 incluem margens sólidas e uma recuperação notável da AWS, sua divisão de computação em nuvem. Segundo o relatório de resultados, as receitas totais foram de US$ 158,88 bilhões, um crescimento de 11% em relação ao ano anterior, acima da estimativa de US$ 157,29 bilhões. As vendas online somaram US$ 61,41 bilhões, com um aumento de 7,2% em comparação ao ano anterior, e as lojas físicas registraram US$ 5,23 bilhões, um crescimento de 5,4%.
O segmento de AWS, responsável por US$ 27,45 bilhões em receita (crescimento de +19% em relação ao ano anterior), manteve margens operacionais de 38%, superando a expectativa do consenso de 33% (+500 bps). O lucro por ação (LPA) chegou a US$ 1,43, superando a expectativa de US$ 1,16, refletindo um aumento na lucratividade.
A margem operacional de 11% também superou a expectativa de 9,34%. O forte desempenho da Amazon no trimestre, impulsionado pela recuperação da AWS e margens operacionais superiores às expectativas do mercado, destaca a sólida capacidade da empresa de execução da companhia. Isso ocorre em um cenário de aumento nos investimentos em capex voltados para inteligência artificial e intensificação da concorrência.
Tesla: a empresa de Elon Musk t3eve uma rceita de pouco mais de US$ 25 bilhões (R$ 142 bilhões), aumento de 7,8% em relação ao mesmo período de 2023; o lucro operacional de US$ 2,7 bilhões (R$ 16,6 bi), um salto de 54% em relação ao 3T23; o lucro líquido ajustado de US$ 2,5 bilhões (R$ 15 bi), aumento de 9,1% na comparação com o 3T23. Os resultados foram recebidos com ânimo pelo mercado. As ações, que fecharam o pregão do dia 23/10 (dia da divulgação) em queda de 1,98%, abriram as negociações do dia seguinte em alta de 22%, na casa dos US$ 250.
Para a Xp Investimentos, a Tesla reportou resultados mistos, com receitas crescendo 7,8% A/A mas ficando levemente abaixo das estimativas (-1%). “Apesar da decepção, a montadora apresentou uma forte surpresa positiva no lucro por ação ajustado (US$0,72 x 0,60 esperado – 20,1% acima), fruto da margem bruta mais forte que as expectativas (19,8% ante consenso de 16,8%)”, comentam os analistas. A Tesla atribui a melhora a custos menores para produção de veículos devido a eficiência produtiva e custos menores de insumos.
A Nvidia divulgará seus resultados no final de novembro.