Na semana os papéis do Itaú Unibanco foram os que mais se apreciaram, enquanto que os de Petrobras foram os que tiveram a maior depreciação.


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Performance:

Na semana anterior, contamos com importantes indicadores e eventos econômicos, com destaque para a inflação ao consumidor (CPI) dos EUA, vindo em linha, mas não deixou de mostrar forte alta nos preços (+7,9% em 12 meses) e a decisão de política monetária do Banco Central Europeu, que decidiu antecipar o final do seu programa de compras tradicional (APP) no terceiro trimestre. Por aqui, o fechamento negativo do Ibovespa também seguiu o risk-off externo, reagindo a novas sanções americanas à Rússia e a falta de avanço nas negociações diplomáticas. Entre indicadores, o IPCA de fevereiro veio mais forte que o esperado (10,54% em 12 meses) e os dados de atividade mostraram resultados mistos, com o varejo acima do esperado para o mês de janeiro (+0,8%), mas a indústria (-2,4%) registrando queda mais acentuada. Na fronte política, foram aprovados no Senado os projetos que permitem a unificação do ICMS e alteração da base de cálculo para combustíveis, a criação de um fundo de estabilização dos preços, entre outras medidas.

Na semana os papéis do Itaú Unibanco foram os que mais se apreciaram, enquanto que os de Petrobras foram os que tiveram a maior depreciação.

Trocas

Na semana passada continuamos acompanhando as notícias sobre a guerra na Ucrânia, que fizeram com que bolsas na Europa fechassem com quedas acumuladas na casa dos 10%, ao mesmo tempo em que commodities se valorizavam, com destaque para o petróleo, que subiu mais de 20%. Enquanto isso, Powell chegou a mencionar que esse cenário internacional gera maior incerteza para o Fed ao decidir os próximos passos da política monetária, mas que continuará defendendo uma alta de 0,25 p.p. da taxa de juros agora em março, mesmo com o Payroll mostrando uma criação de vagas bem acima do esperado durante fevereiro. Por aqui, a semana foi encurtada pelo feriado de Carnaval e o grande destaque ficou para o PIB do 4T21, com crescimento de 0,5% e de 4,6% no fechamento do ano, acima do esperado.

Alupar Units (ALUP11)
A Alupar é uma holding de controle nacional privado, que nasceu em 2007, com atuação no setor de energia, mais especificamente nos segmentos de transmissão e geração, tendo como objetivo o desenvolvimento e investimento em projetos no Brasil e nos demais países da América Latina.

A empresa vem expandindo o seu segmento de transmissão, que nos ultimos trimestres se refletiu em um aumento de receita e geração de caixa operacional. Vemos também o segmento de geração surpreendendo positivamente, principalmente em virtude do aumento nas vendas de energia, em função da alocação das vendas de energia e dos bons resultados da trading. A alavancagem da empresa também foi reduzida no último trimestre.

Para 2022 esperamos um aumento de margem EBITDA para a empresa, ROIC crescente, apresentando significativo potencial de upside para os proximos 12 meses.

Grupo Soma ON (SOMA3)
O Grupo Soma conta com um vasto portfólio de marcas para o segmento de moda, contemplando uma diversidade de tickets e também de propostas de estilo. Além disso, a empresa tem se destacado pelos bons resultados operacionais e financeiros desde seu IPO, superando com êxito as dificuldades impostas pela pandemia. Agora, com a aquisição da Cia Hering, vemos a empresa se posicionando para acelerar o crescimento de uma marca já tradicional no mercado brasileiro, com as alavancas da digitalização e captura de sinergias operacionais.

Em nossa visão, o Grupo Soma é uma das empresas mais bem posicionadas em um setor que não tende a navegar bem sob períodos de aumento de inflação, dado seu público-alvo, classes mais altas, mais resiliente em relação ao impacto da inflação no seu consumo, em comparação com seus concorrentes. A empresa está focada na expansão do seu canal de multimarcas, e possui boa parte das vendas provenientes do canal online, o que acabou garantindo maior resiliência nos períodos mais críticos da pandemia.

Esperamos resultados sólidos referente ao 4T21, com crescimento robusto ante o 4T20, impulsionado pela FARM (junto a FARM Global), a Animale e a recém chegada NV, focada em um publico de renda mais elevada. Esperamos uma melhora das margens, principalmente EBITDA, fruto de maior alavancagem operacional.

Entre os riscos, ressaltamos: (i) piora no cenário da pandemia, com abrandamento de restrições; (ii) deterioração do cenário macroeconômico, gerando crescimento da inflação superior ao esperado pela empresa; (iii) pressões nos custos de insumos de produção; e (iv) aumento dos custos de supply-chain.

Itaú Unibanco PN (ITUB4)
O Itaú Unibanco é o maior banco do Brasil em termos de ativos totais. O banco, que consolidou sua liderança entre os bancos privados no Brasil após a fusão com o Unibanco em 2008, possui forte penetração e uma presença robusta em áreas-chave, como cartões de crédito, empréstimos para automóveis, gestão de ativos e seguros.

O Itaú reportou um bom resultado, com lucro líquido recorrente de R$7,2 bilhões no 4T21, 2% acima de nossas estimativas e 5,7% acima do consenso de mercado. O resultado melhor que a expectativa ocorreu apesar de um resultado de tesouraria mais pressionado no trimestre, reflexo de um crescimento da carteira de e da margem financeira com clientes acima do guidance de 2021.

Vimos também uma boa performance das receitas de serviços e seguros no 4T21 (+2,9% T/T), impulsionado pelas receitas advindas de cartões e resultado de seguros, fechando 2021 próximo ao topo do guidance; forte crescimento da carteira de crédito, em especial nas linhas de cartão de crédito, crédito pessoal, crédito imobiliário e crédito para micro, pequenas e médias empresas, o que contribui para o crescimento da margem financeira com clientes, já que estas linhas apresentam maiores taxas de juros, e menor patamar do índice de eficiência (despesas/receitas) desde 2016, resultado não só da expansão das receitas, mas também da digitalização da companhia e do bom controle de custos e despesas feito pelo banco.

O guidance positivo para 2022 nos agradou, com crescimento da carteira de crédito total entre 9% e 12%, sendo a carteira Brasil entre 11,5% e 14,5%, acima do crescimento projetado pela Febraban, e aumento da margem com clientes entre 20,5% e 23,5%, reflexo do crescimento da carteira e de um mix mais voltado para linhas com maiores spreads. Por fim, destacamos o bom desempenho nos canais digitais, com destaque para o Iti, que já conta com 14,6 milhões de contas, sendo 86% não correntistas do Itaú.

Petrobras PN (PETR4)
A Petrobras é uma das maiores produtoras de petróleo e gás do mundo. Em 2020 os campos operados pela companhia produziram 94,15% do petróleo e gás natural do Brasil, conforme dados da ANP. A companhia é líder na exploração e produção em águas profundas e ultraprofundas, tendo produção concentrada nas bacias de Campos e Santos. A companhia também atua nos mercados de refino, também sendo responsável pela maior parte da capacidade de refino no Brasil, sobretudo na região Sudeste.

A companhia segue apresentando bons volumes de produção e redução no seu lifting cost (custo de extração) com maior participação das operações do pré-sal no portfólio. Esperamos a entrada em operação de novos poços a médio prazo, contribuindo para o aumento na produção. No curto prazo, alguns triggers: (i) continuidade da venda de ativos não estratégicos; (2) avanço do projeto de desinvestimento das refinarias; (3) perspectiva de novos anúncios de dividendos.

A Petrobras vem reposicionando seu portfólio em ativos de maior rentabilidade, com foco na desalavancagem financeira da estatal, que no 4T21 atingiu a marca de 1,1x Dívida líquida/Ebitda. Os resultados foram ligeiramente abaixo das expectativas do mercado, com Ebitda de US$ 11,2 bilhões (-8% t/t e +72% a/a). A receita atingiu US$ 24,0 bilhões (+3% t/t e +73% a/a). Em derivados, o destaque ficou com o desempenho das vendas de gasolina em US$3,8 bilhões, com alta de 11% t/t devido a maiores volumes oriundos da sazonalidade do período e a ganho de participação de mercado sobre o etanol pela competitividade em preços. A geração de caixa livre no trimestre foi outro fator positivo, atingindo US$ 7,5 bilhões.

Vale ON (VALE3)
A Vale é uma das maiores empresas mineradoras do mundo. Produz e comercializa minério de ferro, níquel, pelotas, minério de manganês, ferroligas, carvão cobre e outros metais. A companhia está envolvida em projetos de exploração mineral greenfield em seis países e opera um sistema de logística no Brasil e no mundo integrados a suas operações de mineração, permitindo assim entrega de seus produtos em diversos países. A companhia também investe nos setores de siderurgia e energia diretamente ou através de suas joint ventures. A companhia, além de ser uma das maiores mineradoras do mundo, apresenta uma diversificação de operações de minério de ferro no Brasil em três sistemas (Norte, Sudeste e Sul) que possuem capacidade de transporte e remessa própria.

Em nossa visão, a Vale é uma das principais beneficiadas pelo aumento do preço do minério internacional e da alta do dólar em relação ao real, visto que é uma das principais empresas exportadoras do país e está entre as empresas mineradoras mais relevantes do mundo. Além disso, seus produtos possuem um desconto em relação ao minério internacional e na hipótese de paridade entre esses valores, a empresa conseguiria capitalizar ganhos relativamente maiores que seus concorrentes estrangeiros.

O resultado da Vale do 4T21 foi marcado por eventos não recorrentes como as despesas relacionadas a Brumadinho de US$ 2,1 bilhões que impactou o Ebitda de US$ 4,8 bilhões (-30% t/t), ou US$ 6,9 bilhões ( -2% t/t) sem os efeitos não recorrentes e provisão adicional de US$ 1,1 bilhão para a Fundação Renova, ligada aos programas de auxílio em Mariana, que impactou o lucro líquido da companhia. O lucro de US$ 5,4 bilhões foi 39% superior ao 3T21 mesmo com os efeitos não recorrentes registrados no trimestre devido ao maior resultado financeiro de US$ 3,5 bilhões vs. US$ -350 milhões no 3T21, principalmente devido a reclassificação da variação cambial acumulada no patrimônio líquido.

Como principais risco seriam: (i) desaceleração da demanda mundial de minério, principalmente com arrefecimento de planos de desenvolvimento, como dos EUA; (ii) variação da taxa de câmbio dólar/real; (iii) riscos ambientais, como rompimento de barragens e poluição ambiental; e (iv) risco de paralização causada por chuvas.

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