Prof. Rodrigo Antonio Chaves da Silva

Ganhador de menção honrosa no prêmio internacional Rogério Fernandes Ferreira

Aquela frase: “numa guerra ninguém ganha, todos os lados perdem, mesmo aquele que venceu belicamente, é um derrotado” não é falsa. As mortes, as perdas econômicas, os abalos sociais, os prejuízos gerais, duram muitos anos, e toda uma série de fenômenos consequenciais se acarretam não apenas a nível regional, do lugar dos combatedores, porém, a nível mundial.

Um dos exemplos, foi na primeira guerra mundial; o desastre econômico, prejudicou e muito a América do Sul, que precisava vender normalmente para o mundo inteiro, e não conseguia compradores. Igualmente, a segunda guerra mundial também provocou calamidades humanas, econômicas e sociais muito grandes. O último evento mundial de guerra, foi provocado por uma ideologia nacional socialista, amparada pelo partido comunista alemão, e ainda, pelo dinheiro da União Soviética, o resultado não poderia ser outro que não perdas mundiais catastróficas. Foi terrível. O problema é que se acabou a guerra, e a doutrina que criou a guerra ainda se mantém nos dias de hoje…

Pois bem, alguns fenômenos econômicos são naturais de acontecerem em períodos bélicos, um dos primeiros fatos principais, é a ELEVAÇÃO DOS PREÇOS, por quedas de consumo e ausência de produção normal. Não há demanda que consuma a produção escassa, ela então faz elevar os preços até um certo ponto. Todavia, mesmo assim, não há emprego e nem normalidade de trabalho. Com a ausência de circulação não se pode comprar como se devia, a inflação então pode chegar a nível gigantes em poucos meses, até 10 vezes de um período para o outro por problemas de consumo.

Ao mesmo tempo, vemos que os bens imóveis perdem o seu valor, especialmente os que são afetados pela guerra diretamente. Se uma região foi atingida, não há preço que possa compensar o imóvel. Destruído, danificado, ou alvo perigoso, numa região delicada, não haverá então possibilidade de marcação ou de venda. Não haverá procura. E nem comprador que faça a aquisição de um bem avariado, numa região de guerra. A queda do valor dos bens fixos é factual.

Em partes que não são atingidas pela guerra, mas tem a sua influência indireta acontece o contrário, os bens fixos tendem a subir, por uma condição muito simples ligada a oferta, haverá muita procura, então se aumenta o valor dos bens, correndo o risco de ser mais um bem ocioso que não pode ser vendido, isso por uma questão muito simples: os bens que crescem pela oferta, podem não achar público comprador local, ou até estrangeiro para se comprar os bens, ficando pois, o valor de venda ao nível apenas de especulação.

Numa pesquisa da revista Veja, se comparou em alguns anos no período de guerra, o mercado de metais preciosos e bens valiosos, como o ouro, o diamante, a prata, e percebeu que o valor desses bens crescem em períodos de guerra. Na guerra do Iraque, por exemplo, o valor do ouro cresceu extraordinariamente e quem tinha reservas de ouro, ganhou muito dinheiro com a especulação, pois, se vendendo naquela época, se conseguia ter lucros variados de até mais de dez vezes o valor de custo.

Portanto, há um desequilíbrio geral no mercado financeiro, de tal maneira que temos bens preciosos que se elevam, bens fixos que se elevam a nível de especulação mas não se acha compradores adequados, inflação que sobe por questões de consumo, e desequilíbrio social por questões de desemprego. Os bens dos países afetados e que são perdidos por ataques bélicos, incrivelmente são afetados para menos, porque não há quem os compre, mesmo a preços baixos, e ofertas menores, não se encontra a procura. O resultado então é desastre total.

Fora isso há o problema político e administrativo. Quais dos países irão administrar e ajudar na recuperação dos países que foram derrotados na guerra. Todas essas condições influenciam e muito a situação de um evento danoso como este.

Portanto, nenhum dos lados ganha, pois, mesmo aquele que belicamente vence, a responsabilidade social e econômica sobre o país que perdeu é deveras grande. Fora o abalo social e psicológico daqueles cidadãos. Fora também as perdas e mortes em tempo de guerra. Embora seja a única ação para se obter a paz, a guerra nunca é boa para ninguém, e só pode se aceitá-la em tempos excêntricos.

Em 2003 houve o ataque às torres gêmeas em Nova York, causando problemas que duraram uma média de dez anos. Além da necessidade de retaliação, as torres gêmeas eram os pulmões econômicos do mundo. A causa do ataque foi a ideologia, o fanatismo, o terrorismo, que foram severamente combatidos, todavia, a ação totalitária e perdulária dos adeptos de seitas que corrompiam a religião existem em outras doutrinas políticas que causam problemas sérios não apenas à região vizinha desses locais nos quais se prática tais teorias, mas especialmente no mundo inteiro. Os problemas econômicos foram parecidos: subida do ouro e outros bens preciosos, queda da oferta de bens no país afetado, alteração do barril de petróleo, entre outros mais. Ao menos a visão política do Iraque havia mudado um pouco, no entanto, mesmo assim, os problemas ligados à guerra foram vários, e a causa dela era o fanatismo ideológico que criou o ataque terrorista ao Word trade Center.

Agora na guerra da Ucrânia temos situações semelhantes que podem ser analisadas nos seguintes setores:

  1. Político
  2. Bélico
  3. Econômico

O primeiro deles é o político, porque o governo da Rússia que está no poder há mais de vinte anos, não aceita a autonomia da Ucrânia em se unir a Organização dos países do Atlântico Norte (OTAN), e qualquer ataque da Rússia, a qualquer tipo de país ligado a esta organização, pode se declarar uma guerra mundial. É uma questão básica de civilidade reconhecer a autonomia do outro. Mas o governo russo não faz isso. Portanto, impede que a Ucrânia faça as suas ações deliberadas e que ela decida por si em se adentrar na OTAN, ou qualquer organismo internacional que o governo russo não queira.  

O regime político da Rússia não é o democrático notadamente, a população insatisfeita mesmo votando, não consegue mudar o líder político que lá está. Vemos monopólios econômicos e escândalos que surgem no governo da Rússia. Patrimonialismo e fraudes públicas gigantescas. Fora o problema ideológico, ainda visível na posição comunista do atual líder, antigo membro da KGB, que tem ainda os desejos muito idênticos aos que mantiveram a União Soviética com um poderio extremista em prol de um senso da dominação do mundo.

A China não foge da mesma ideologia, o seu desejo de conquistar o mundo, seja por meios ideológicos, econômicos, e bélicos, também está muito forte e grande, de tal sorte que as rotas da seda, e a técnica de comprar países, para estender praias, ilhas, e bases militares, está sendo comum em todas as partes do mundo. Vemos que a China está se ampliando de modo negativo, no sentido de querer estender o seu interesse nacional e ideológico para outros países. Mesmo quando há disfarces de contratos econômicos sob as vistas, enquanto os membros dessas empresas no fundo estão ligados ao Partido Comunista Chinês, e a sua ideologia imperialista.

O perigo ao planeta, ainda é a doutrina maligna do comunismo que está presente na política desses dois países. No caso da Rússia, há um desejo que a “mãe Russa” consiga ainda ser a dominadora do planeta. Dostoievski já previa isto há muitos anos em seus livros. E no caso da guerra da Ucrânia isso está se concretizado: o projeto de desenvolvimento da extensão da internacional comunista, por meio desse evento mais limítrofe também.

A questão bélica foi preparada pela Rússia há muito tempo. O desenvolvimento de projeto de misseis hipersônicos que podem chegar a mais de 20 vezes a velocidade do som. A criação de um submarino teleguiado com ogivas nucleares. A criação de reservas no orçamento para possíveis retaliações econômicas. Tudo isso foi planejado, e a Rússia é realmente superior em matéria bélica ao país invadido, só perdendo para os Estados Unidos, a Inglaterra, e a China. Sabemos que pelo ar, pela marinha, e pelo número de militares que é quase o dobro, a Rússia é muito superior, todavia, os militares ucranianos tem um conhecimento do território e receberam muitas armas para a sua defesa. É necessário todavia, mais armamento para fazer um combate mais leal.

Os problemas econômicos são gigantescos a nível mundial, afetando inclusive o Brasil, que fizera acordo com os russos sobre a compra de fertilizantes pouco antes da guerra.

O primeiro problema está para o país atingindo a nível de queda do valor dos bens, e aumento da inflação pela ausência de produtos. É fácil prever que quase todas as empresas de produtos de uso irão quebrar neste período. As empresas de confecção, tabaco, cerveja, entretenimento, bancos, serviços, contabilidade, até mesmo aqueles que fazem suprimento, não terão como comprar com normalidade, vender aos preços justos, e ainda, ter uma força de trabalho por ausência de mão-de-obra no mercado. A solução será manterem-se em volumes mínimos, ou até mesmo fechar as portas. Não há tanta solução de normalidade para regimes de guerra, ou estados de sítios.

A inflação sobe, a taxa de juro mesmo determinada pelo governo se descontrola, os bens fixos caem na região da Ucrânia, perdem valor. Não há estabilidade jurídica e nem social. E o contrário disso é o esquema para a barbárie. O exército, passa a guiar as forças policiais, e logo, mantém os alimentos com base na estrutura que lhe vem. Portanto, o mercado é apenas básico para manter o exército e o povo que lá fica. Não há mercado normal, e o que existir, funcionará com largos custos e largos preços.

A questão da compra deixa os preços maiores, porque não haverá fornecedores normais para atenderem de dentro da região e de fora da região. Portanto, para vender se duplica, e triplica os preços. Com isso se afeta a sociedade de tal maneira que não teremos equilíbrio no consumo. Poderá existir a forme e miséria. A renda não consegue se bancar da modo normal, e o resultado realmente é o crescimento da pobreza infelizmente.

Sobretudo, os preços sobem, porque as bases que fornecem energia, fornecem água, e todo o tipo de combustível são afetadas pela guerra. O prejuízo cresce, o governo não aguenta pagar, e os impostos se mantém. Logo, haverá pois, inflação pelo uso de serviço público de modo natural e instantâneo lamentavelmente.

Na questão do invasor que é a Rússia, problemas sérios na economia vão prejudicar e muito suas relações com o resto do mundo, vejamos alguns deles:

  1. A Rússia mantém o fornecimento de combustíveis fosseis e derivados para a Europa inteira. Portanto, a Europa não vai mais comprar estes produtos, e alguns países disseram que ficarão sem comprar até 2033. Portanto, neste caso, quem tem gás natural, petróleo, e outros tipos de combustível, deverá crescer o preço para sustentar a Europa, e o Reino Unido. O resultado não é outro senão inflação de preços pelo crescimento do mercado de combustível por ausência de oferta, devido à guerra, não comprarão mais da Rússia que abastece quase 100% de todo o continente vizinho.
  2. As demais negociações com a Rússia, da União Europeia, Estados Unidos, e demais países, tirando a China e os países ideologicamente iguais, foram afetadas. Contratos de compra e venda, exportação e importação, e até de intercambio, estão afetados entre os países.
  3. O povo russo que não aceita a guerra sabemos que é a esmagadora maioria, poderá também não pagar impostos, gerando com isso, uma inadimplência nos orçamentos. Mesmo usando as reservas o governo russo não poderá sustentar a sua situação por muito tempo, sabendo que tem custos para manter, e que o maior aliado que é a China tem que cuidar do seu território também. Portanto, afetará e muito as finanças públicas.

Portanto, numa guerra ninguém ganha, todos perdem, e no caso da Rússia ela já perdeu a guerra, mesmo tendo vitórias bélicas. Cremos que ela vai perder muito mais a ponto do mundo acordar sobre o que é a ideologia comunista.

Enfim, a consequência econômica da guerra até o momento, tem sido vista no mundo inteiro, especialmente com a subida do petróleo que a Rússia não conseguirá vender normalmente. A ausência de produto no mercado aumentará na oferta, e o resultado desse política de preços já aconteceu no Brasil, no qual o preço do Petróleo já subiu, e tende até a dobrar no mercado, o repasse dos preços na bomba já foi de quase 12%. A tendência é aumentar mais, mas vamos observar os próximos capítulos dessa novela triste que é a guerra, que só traz prejuízos para o mundo inteiro de modo econômico e especialmente humano-social.

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