Ele comentou que a situação econômica provocada pelo novo coronavírus desembocou num cenário de criação de “muita dívida rapidamente”. “Os leilões duplicaram, as vezes triplicaram de tamanho, encurtaram a frequência, num momento em que justamente – porque as reformas não estarem avançando na velocidade desejada em função da doença -, ai as necessidades de rolagem de dívida se acumularam muito. As vezes vai ter que girar duas, três, quatro, cinco vezes o que girava”, comentou.
Num momento em que há pressão sobre os juros, disse Guedes, é melhor que o Tesouro receba algumas transferências e, com elas, tire o “pé do acelerador”. “Não precisa rolar tanta dívida em tão curto espaço de tempo”, disse. “Não vamos ficar em dificuldade pagando o juro que o mercado queira”, afirmou.
O ministro comentou ainda que o contexto torna as reformas ainda mais necessárias. “Mas, evidentemente nada como fazer as reformas. Fazendo, na mesma hora, a curva de juros desce e desentorta, porque ela subiu e se inclinou, então estamos fazendo rolagem mais curta, não é nada ainda que nos ameace, está longe, mas são sinais desagradáveis que mercados enviam para nós, pedindo atenção para as reformas”, concluiu.
Déficit fiscal inchado
Guedes voltou a prometer a retomada do esforço fiscal em 2021, com o objetivo de reduzir a dívida bruta em proporção do PIB, que chegará próximo de 100% neste ano. “Sabemos que o déficit fiscal foi inchado em 2020 e queremos que ele colapse em 2021. Prometemos o maior esforço fiscal possível. Não nos conformamos com nível da dívida/PIB e vamos derrubar de novo. O patamar de quase 100% é razoável, já derrubamos a dívida em 2019 e vamos fazer de novo seguindo mesmo método. Vamos privatizar ativos e desalavancar bancos públicos com mais ímpeto”, afirmou.
Ele voltou a defender a privatização de estatais e reclamou que esse debate não pode ser interditado. “Estamos em direção de uma economia de mercado, sem um ministro do planejamento poderoso como havia no passado. Se o capital quiser ganhar dinheiro, terá que investir em saneamento, saúde e educação”, acrescentou.
Mais uma vez, o ministro avaliou que a estimativa de economia de R$ 300 bilhões em 10 anos com a reforma administrativa estaria subestimada. “Esse cálculo leva em conta uma taxa de reposição de 70% do funcionalismo. Acho que a economia com a reforma administrativa pode ser maior. Com digitalização do serviço público, taxa de reposição pode ser menor”, alegou.
O ministro ainda reclamou das críticas de que ele “promete muito e entrega pouco”. “Há uma narrativa destrutiva de que eu prometo e não entrego, mas a democracia brasileira tem custo normal de transição e funcionamento. Fazer um plano econômico é rápido, mas implementar é mais complicado”, completou.
Imposto de importação
O ministro da Economia prometeu zerar o imposto de importação de materiais de construção se a indústria nacional de insumos não aumentar a produção para reverter a recente alta de preços. “Com boom da construção civil e os pagamentos do auxílio emergencial, preços dos materiais subiram. Mas essa mesma alta de preços vai trazer mais produção de insumos. O que não entrar de aumento na oferta, vamos reduzir tarifa de importação. Já estudamos quais tarifas de importação de materiais vão descer. Se o preço subir demais, vamos zerar taxa de importação, como fizemos no arroz”, afirmou.
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