Ontem pilotos e comissários de bordo iniciaram um movimento parcial de greve, paralisando em duas horas por dia as atividades da categoria em oito dos principais aeroportos brasileiros.
Em princípio, o leitor pode estar pensando:
“Bem, duas horas não é tanto tempo, ainda mais quando se sabe com antecedência que a paralisação ocorrerá entre seis e oito da manhã.”
Só que não é bem assim.
Antigamente, quando se pegava, por exemplo, um avião para um voo entre Porto Alegre e Rio de Janeiro, com escalas em Curitiba em São Paulo, todos os passageiros com passagens de ponta a ponta tinham de desembarcar, no Afonso Pena e em Congonhas, e ir para uma sala de trânsito enquanto a aeronave era abastecida.
Agora eles permanecem em seus assentos e são apenas instados pelo PA (Passenger Adresser – alto-falante de bordo) a desafivelar os cintos enquanto se procede ao abastecimento.
Outras coisas também mudaram sensivelmente. Cada vez mais, o espaço de tempo entre desembarque e embarque é encurtado, a ponto de, nos últimos anos, não ser incomum que os passageiros que saem e os que entram nos aviões se cruzem nos fingers (corredor que conecta a aeronave ao terminal).
Mas não é só isso que a greve interfere no funcionamento e, por conseguinte, na logística das companhias aéreas.
Se oito aeroportos param por duas horas, toda a malha aérea do país é afetada. Pois entre os passageiros de um voo que segue de Congonhas para Brasília, por exemplo, há alguns com conexões quase que imediatas para outros pontos do país.
É preciso considerar também que, estando nas vésperas de fim de ano, o prejuízo das companhias aéreas será relevante por causa dessa greve.
Por tais razões é que eu, mesmo sendo entusiasta da aviação, já tendo escrito e publicado diversos livros a respeito do assunto, jamais tive em meu portfólio papéis dessas empresas.
O risco de voar vem diminuindo ao longo dos anos, até tornar-se praticamente desprezível. Mas não o de investir no setor, sempre sujeito a turbulências.
E não estou me referindo àqueles sacolejos que acontecem em determinados momentos dos voos.
Um forte abraço,
Ivan Sant’Anna
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