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A discussão sobre os custos para a conclusão da Usina nuclear de Angra 3 após mais de 40 anos de início das obras abriu divergências entre áreas do governo. A equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defende o abandono da obra.
O veredito é dado pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) que adiou a decisão do ano passado para esta terça-feira (18). Segundo fontes ouvidas pela agência Reuters, a decisão pode ser novamente postergada por discussões internas.
“Quem vai reduzir o orçamento para permitir o aporte?” questionou um integrante da equipe econômica que preferiu não se identificar. Segundo o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a estimativa é que sejam necessários R$ 23 bilhões em investimentos, além dos R$ 12 bilhões já aplicados até o momento.
Abandono também teria custos
Ainda de acordo com o BNDES, uma decisão de abandono da construção teria custo de R$ 21 bilhões, incluindo despesas de rescisão de contratos e desmobilização de canteiros.
Há ainda argumentos de que o Ministério da Fazenda traçou planos de custos de até R$30 bilhões com o valor de geração de energia pesando na conta de luz do consumidor.
A discussão sobre a obra tem como pano de fundo divergências entre governo e Eletrobras (ELET3), que tem participação na usina. Em tentativa de acordo para colocar fim à disputa, a Eletrobras propôs deixar sua participação acionária para a Eletronuclear.
“Sem a menor dúvida, eu defendo a finalização… O pior projeto de infraestrutura é o projeto parado”, disse Raul Leite, presidente da Eletronuclear. Leite ainda comentou que a usina nuclear é sustentável e pode ter geração continua, ao contrário de outras fontes energéticas.
Eletronuclear ganha recurso e Justiça libera obras de Angra 3
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro aceitou o recurso da Eletronuclear, suspendendo o embargo das obras da usina nuclear de Angra 3.
A construção havia sido paralisada pela prefeitura de Angra dos Reis (RJ), que argumentou que o projeto alteraria o plano urbanístico da cidade e atrasaria o repasse financeiro ao município pela cessão do terreno. A informação foi antecipada pelo Valor Econômico e confirmada pela Eletronuclear.
Em comunicado, a Eletronuclear, que controla as usinas de Angra 1 e 2, destacou a importância da obra para o sistema elétrico nacional e para a região de Angra dos Reis, afirmando que o projeto trará trabalho, emprego, renda e novas oportunidades.
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