Por: Debora Santille*, articulista da Coluna Governança 360º Portal Acionista

Fatores que influenciam o desempenho da Liderança

O conceito de liderança compreende o lado social de assumir uma posição de influência e incentivo dentro de uma organização, transformando a gestão de pessoas em algo muito além de simplesmente tomar decisões pragmáticas.

A atuação e as características de um líder são pautas constantes em departamentos de recursos humanos, tendo em vista, o poder de satisfazer funcionários e impulsionar empresas inteiras em quesitos como produtividade e sucesso, atrair seguidores e influenciar de maneira positiva mentalidades e comportamentos ao redor.

Um bom líder, tem a função de unir os elementos do time, para que juntos possam alcançar objetivos em comum Uma pesquisa realizada pela Gallup com mais de 2.5 milhões de gestores de todo o mundo concluiu que 70% dessas pessoas não estão preparadas para assumir cargos de liderança. Isso não gera impactos apenas para o desempenho individual de equipes. Na verdade, o prejuízo é de mais de US $300 bilhões para a economia global.

Sabendo disso, o estudo da eficácia da liderança tem sido um tópico de grande interesse dos investigadores na procura de compreensão de fatores que contribuem para o sucesso dos liderados, das equipas e/ou organizações. O mesmo cenário aplica-se ao contexto desportivo onde existe a necessidade de clarificar como a liderança do treinador influencia a performance dos atletas e das equipas. Vários fatores podem influenciar a eficácia de liderança, a filosofia do treinador, os estilos de liderança, as caraterísticas específicas do líder assim como dos membros da equipa e o contexto onde a liderança ocorre.

Liderança como Processo e Não como uma Posição

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Liderança é ação, e não posição.” Assim dizia Donald H. McGannon, que foi um dos grandes executivos e líderes da TV americana. De fato, conhecer as funções e os tipos de liderança é importante, contudo mais do que um cargo ou uma posição na hierarquia, liderar é ter uma atitude empreendedora. Isso representa ter movimentos que inspiram, guiam, motivam, instruem, corrigem, orientam, influenciam e oferecem aos liderados o melhor caminho para a conquista dos resultados e para o seu crescimento profissional e humano.

A verdadeira liderança não se prende com um cargo ou com um título específico. Aliás, ser escolhido para exercer um cargo de liderança é somente um dos cinco níveis que cada líder produtivo atinge. Para ser mais do que um mero “patrão” que as pessoas seguem apenas por ser isso que lhes compete, há que dominar a capacidade de investir nas pessoas e de inspirá-las. Para continuar a crescer como líder, é necessário obter resultados e construir uma equipa que produza. É preciso ajudar as pessoas a desenvolverem as suas capacidades para que também elas se tornem, por seu mérito, líderes. Com mestria e dedicação, será capaz de atingir o último nível da liderança – onde a experiência que adquiriu lhe permitirá estender a sua influência além do que está ao alcance imediato, e o seu tempo em benefício dos outros.

[1]OS CINCO NÍVEIS DA LIDERANÇA:

Posição – As pessoas seguem o líder porque a isso são obrigadas.

  • Nível 1 – A posição é o único nível da liderança que não requer aptidão ou esforço. Qualquer pessoa pode ser nomeada para uma posição.

Permissão – As pessoas seguem o líder porque querem.

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  • Nível 2 – está baseado totalmente nas relações. No nível da permissão, as pessoas seguem o líder porque querem. Quando o líder gosta e as trata como indivíduos com valor, começa a desenvolver influência. Estabelece laços de confiança. É possível gostar das pessoas sem as liderar, mas é impossível liderar bem sem gostar das pessoas.

Produção – As pessoas seguem o líder pelo que fez pela organização.

  • Nível 3 – É certo e sabido que o sucesso e a produtividade resolvem muitos problemas. Neste nível os líderes se tornam agentes de mudança. Resolvem problemas complicados, tomam decisões difíceis e levam as pessoas a atingir um nível superior de eficiência.

Desenvolvimento do Pessoal – As pessoas seguem o líder pelo que fez por elas, a título pessoal.

  • No Nível 4 acontecem duas coisas importantes. A primeira, o trabalho em equipe atingem um nível mais elevado, pois o forte investimento nas pessoas aprofunda relações, ajuda aos participantes do time a se conhecer melhor e fortalece a lealdade. A segunda é que o desempenho do pessoal melhora, pois há mais líderes na equipe que ajudam a melhorar o desempenho de todos os membros.

Pináculo – As pessoas seguem o líder pela pessoa que é e pelo que representa.

  • O Nível 5 não só requer esforço, perícia e intencionalidade, como um enorme talento. Somente os líderes natos atingem este nível. O compromisso é formar líderes de Nível 4. Se os líderes forem respeitadores, agradáveis e produtivos, conseguem estabelecer um grau de influência com os outros e ganhar seguidores com relativa facilidade. Formar seguidores para, eles próprios liderarem, é difícil. A maioria dos lideres não faz isso, pois é mais trabalhoso do que liderar seguidores. Formar líderes até este chegarem ao ponto em que se sentem capazes e dispostos a formar outros líderes é o mais complicado de tudo. Porém, os líderes de Nível 5 desenvolvem organizações de Nível 5, criam oportunidades que outros líderes não criam. O que fazem origina um legado.

[1] John C. Maxwell no seu livro, os 5 níveis da liderança conta que seu método para a evolução da liderança, testado e praticado, já foi aplicado para formar e transformar líderes em diferentes tipos e tamanhos de empresas. Foi aplicado em mais de 120 países em todo o mundo. O método consiste em como transitar esses 5 níveis, explica quais são os fatores positivos e negativos de cada um, os melhores comportamentos, as crenças que ajudam aos líderes a transitar para o nível seguinte e a ligação entre esse nível e as Leis da Liderança.

“Não há nada mais desigual do que tratar pessoas diferentes de forma igual.”

Pessoas com níveis diferentes de maturidade na execução de uma tarefa, atividade ou cargo, necessitam diferentes níveis de apoio e direção. 

A proposta da liderança situacional é reconhecer 4 diferentes níveis de maturidade e, consequentemente, 4 diferentes estilos de gestão.

É exercida de acordo com o nível de maturidade dos profissionais da empresa e também com base nas situações apresentadas na organização. Ou seja, a Liderança Situacional é completamente adaptativa, sendo que o seu perfil de gestor é o daquele que consegue se adequar, com mais rapidez, agilidade, estratégia, inteligência e assertividade às suas necessidades e demandas específicas.

No dia a dia de uma empresa, aparecem muitas situações diferentes e que exigem do líder esta capacidade rápida de adequação, seja ao conduzir um colaborador mais experimente numa tarefa ou ao instruir um novato sobre como deve proceder em seu trabalho, por exemplo.

Neste sentido, Paul Hersey e Kenneth Blanchard, autores da Teoria da Liderança Situacional, explicam que para conquistar alto desempenho num ambiente como este, o líder situacional precisa desenvolver várias formas de liderança, ou seja, estar preparado para assumir os mais diferentes papéis.

Assim, seja qual for o grau de maturidade e motivação dos seus liderados, o conseguirá promover sempre bons resultados. Para isso, este líder deve ter a capacidade de avaliar os cenários e contextos e, especialmente, o nível de capacitação técnica, comportamental e emocional dos seus profissionais, de modo a atribuir-lhes suas tarefas corretamente e obter os resultados esperados.

Para saber qual estilo de liderança deve-se adotar, é fundamental conhecer o nível de maturidade dos seus colaboradores.

  • M1: os colaboradores não têm as habilidades necessárias para a tarefa e não podem ou não assumirão a responsabilidade pela tarefa.
  • M2: estreantes entusiastas, eles estão dispostos a trabalhar na tarefa, mas não têm as habilidades para fazê-la.
  • M3: suas habilidades estão lá, mas falta confiança ou vontade de assumir a responsabilidade pela tarefa.
  • M4: eles têm as habilidades e experiência para realizar bem a tarefa e estão confiantes e dispostos a assumir a responsabilidade pelos resultados da tarefa.
Figura 01: Paul Hersey e Kenneth Blanchard, autores da Teoria da Liderança Situacional

Compaixão, Simpatia e Solidariedade (Empatia)

“Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo.” – Sigmund Freud

São os nossos olhos e ouvidos as janelas através das quais percebemos o mundo. Este mundo que que nos adentra pelas janelas tem a forma de suas bordas e a cor de seus vidros, mais ou menos limpos, embaçados, turvos, e nos chega em fragmentos. E ao absorvermos estes fragmentos mundo dentro de nós, eles invariavelmente se amoldarão ao nosso espaço interno, adequando-se às suas curvas, tomando a forma dos móveis e utensílios que compõem nosso cenário interior. Também eles, os fragmentos mundo absorvidos passarão então a compor o nosso ser. Assim, estava certa Anais Nin[1] ao afirmar que “Não vemos as coisas como são: vemos as coisas como somos”. Em outras palavras, a realidade é uma construção pessoal.

Cada ser humano “filtra” a realidade com base em seus desejos, medos, história pessoal, etc. Por esse motivo, o que uma pessoa define como “real” não é exatamente equivalente ao que outra pessoa define como tal. A subjetividade determina como cada um vê as coisas.

Se percebemos o mundo a partir de registros anteriores fixados em nossa memória emocional, é natural que ao externar nossas opiniões sobre os mais diversos assuntos o façamos a partir destas impressões. Assim, independente do assunto abordado, será de nós que estamos a falar, muito mais que do assunto propriamente dito.

Para produzir um olhar mais isento possível sobre os fatos que nos chegam através dos sentidos, é preciso experimentar uma visão mais ampla que aquela à qual estamos habituados.

Quando muito próximos – observador e observado – o ângulo de visão se limita e impede que se atente para o contexto em que está inserido o objeto. Se distante demais, apenas o todo é perceptível, perde-se o foco no objeto e não se apreende suas singularidades.”

Se a Empatia é a capacidade de colocarmo-nos no lugar do outro, imaginando como seria vivenciar as mesmas circunstâncias a partir de uma perspectiva que não a nossa, o Distanciamento Crítico[2] vai além e propõe que nos posicionemos alheios às coisas para observá-las o mais próximo de sua realidade.

Ambos são exercícios fundamentais na construção de um ser humano maduro capaz de se portar com a máxima justiça diante dos fatos que se lhe apresentam, mas também com inteligência emocional, qualidades requeridas daqueles que ocupam posições de liderança.

A Empatia pode ser dividida em dois tipos: a cognitiva – relacionada à capacidade de compreender a perspectiva psicológica das outras pessoas; e a afetiva – relacionada à habilidade de experimentar reações emocionais por meio da observação da experiência alheia.

Realizando o movimento inverso através da Aproximação Crítica a informação é absorvida e posteriormente devolvida ao espectador. Um “Campo de Girassóis” visto através do filtro de Van Gogh ou “As Quatro Estações” ouvidas através do filtro de Vivaldi são exemplos de como a arte nos conduz a exercitar a empatia para nos apresentar uma perspectiva distinta das nossas próprias percepções acerca do objeto observado, mas que se somam a estas, alterando-as em definitivo.


[1] Anaïs Nin (1903 – 1977) foi uma escritora francesa que polemizou sua época ao escrever suas obras permeadas de erotismo e ideiás feministas. https://www.britannica.com/biography/Anais-Nin

[2] Distanciamento crítico é condição, circunstância, posição em que se coloca o observador em relação ao observado. Algo semelhante a um fotógrafo que necessita ajustar sua lente para destacar um determinado objeto, tanto quanto retratar a cena que o cerca.

Ao exercitar a Empatia, colocando-nos na posição do observado na tentativa de compreender sua perspectiva psicológica e emocional, e “vestir a pele do outro” – ou calçar seus sapatos – exercitaremos a tolerância que nos é própria quando somos nós que estamos sob o foco. Afinal, para os “erros” que cometemos há sempre circunstâncias, presentes ou passadas, que se não os amenizam e justificam, ao menos os explicam.

A Empatia consiste em estender aos outros a compreensão e a tolerância que dedicamos a nós mesmos e a Simpatia é compreender e cuidar do sofrimento de outra pessoa, enquanto a compaixão é a consciência solidária do sofrimento dos outros, juntamente com um desejo de aliviá-lo. Esta é a diferença fundamental entre simpatia e compaixão. Ou seja, na simpatia, você entende que alguém está sofrendo e você se preocupa com isso.

Os preceitos do ESG estão em franca disseminação junto aos investidores globais e guardam relação expressa com princípios cuja raiz mais profunda é a ética, e a sociedade é mais que a soma de seus indivíduos, é também a relação que estes estabelecem entre si e com o entorno. Todavia, sua transformação passa pela capacitação individual para perceber o outro e suas circunstâncias e os fatos para além de nossas próprias. Se alcançamos isto alteramos nossa relação com os demais integrantes da sociedade, bem como com o ambiente em que estamos inseridos e com os eventos que sucedem a ambos.

Eis um caminho possível para quem deseja ver o mundo transformado: transformar a si mesmo.

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