Gestoras isentam clientes de IOF e acirram competição

          Os bancos brasileiros têm se beneficiado com a queda dos juros no país, proporcionada pela autoridade monetária, e a rentabilidade, bem como a captação de dinheiro destas instituições, estão em elevação. A afirmação é do economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike, para quem a redução da Selic é extremamente positiva para estas companhias, e isso “tanto na parte de originação de ativos quanto na parte de passivos e inadimplência”, diz.

          “A Selic mais baixa gera menor índice de inadimplência e os bancos acabam tendo uma melhora no ROI (retorno sobre investimento) anual, com menores números de perda e de Provisão para Devedores Duvidosos (PDD)”, destaca. Vale lembrar que a Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, atualmente em 11,25% ao ano, mas já esteve, recentemente, nos 13% ao ano.

          Eyng explica que a redução que o investidor tem no Certificado de Depósito Bancário (CDB), na Letra Financeira e nos produtos correlacionados acaba sendo maior do que o repasse que o banco dá aos produtos que vende. “Sempre que a Selic recua, o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) cai proporcionalmente e, assim, o banco reduz os investimentos e as captações que ele levanta por meio desses produtos financeiros”, ressalta.

          “Para além disso, muitos tomadores de crédito “pegam dinheiro” em um momento mais caro, e isso faz aumentar a rentabilidade do banco devido ao spread, que é a diferença entre as taxas cobradas pelos bancos e as que eles pagam na captação de recursos”, frisa.

          Em relação às gestoras de crédito, estas também reportam uma melhoria da rentabilidade do negócio em relação aos bancos, bem como registram ganhos tanto do lado do juro real quanto do lado do juro nominal. “Acontece que muitas operações foram prefixadas antes da diminuição da Selic, e existem muitos valores na carteira a receber. Também porque a captação do dinheiro é diária, ou seja, temos aí um CDI diário captando a um custo menor”, pontua.

          Em se tratando da concorrência, com novos entrantes no mercado financeiro, desde neobancos a assessorias e gestoras, Eyng lembra que cada instituição, nesse mercado, tem um nicho, o que aplaca a competição. “Mas ela existe e está ocorrendo”, diz, acrescentando que a Multiplike traz, como diferencial, a não cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). “Também trabalhamos com todos os tipos de operações estruturadas, nossos valores de crédito e limites liberados são extremamente maiores, e temos flexibilidade nos contratos e negociações atendendo, assim, necessidades específicas de cada cliente.”

          O CEO elenca, ainda, que a Conta de Pagamento e Escrow são totalmente gratuitas, ou seja, sem taxa de abertura e nem de manutenção, e cita os modelos Multicedente e Multisacado. “em um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), “multicedente” e “multisacado” são termos que se referem a situações em que há mais de um cedente ou mais de um sacado nos direitos creditórios que compõem a carteira do fundo.

  • Multicedente: Significa que os direitos creditórios adquiridos pelo FIDC têm mais de um cedente, ou seja, mais de uma empresa ou entidade cedente responsável pela venda desses direitos para o fundo. Isso pode acontecer quando diferentes empresas vendem seus direitos de crédito para o FIDC, diversificando assim a origem dos recebíveis.
  • Multisacado: Refere-se a uma situação em que os direitos creditórios do FIDC têm mais de um sacado, ou seja, mais de um devedor responsável pelo pagamento das dívidas representadas por esses direitos. Isso pode ocorrer quando os recebíveis do fundo são provenientes de vendas a crédito para diferentes clientes ou empresas, resultando em uma diversificação dos devedores.

Mas, e a taxa de juros no Brasil?

          Levantamento do Banco Central aponta que a taxa média de juros para novas contratações fechou o ano de 2023 em 28,4% ao ano. Em dezembro, observou-se uma queda de 1,7 ponto percentual em comparação com o ano anterior, após o aumento de 5,6 pontos percentuais registrado em 2022.

          Entretanto, essa diminuição na taxa de juros foi acompanhada por um aumento de 0,4 ponto percentual no spread geral, que representa a diferença entre a taxa de captação de recursos pelo banco e a taxa cobrada dos clientes, atingindo 19,7 pontos percentuais.

          Dentre os fatores que compõem a taxa de captação pelo banco está a Selic, a taxa básica de juros, que caiu de 13,75% para 11,75% ao longo do ano, atualmente em 11,25% ao ano. Esses dados foram extraídos das estatísticas monetárias e de crédito de dezembro de 2023, divulgadas pelo Banco Central.

          No crédito livre, onde os bancos têm autonomia para emprestar dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros, as taxas cobradas de pessoas físicas ficaram em 54,2% ao ano, representando uma redução de 1,5 ponto percentual no ano. As taxas para empresas alcançaram 21,1% ao ano, registrando uma queda de 1,9 ponto percentual no ano.

          O crédito livre concedido às famílias totalizou R$ 1,9 trilhão, crescendo 7,9% no ano, após uma variação de 17,5% em 2022. O crédito direcionado, com regras definidas pelo governo e taxas de juros mais estáveis, apresentou expansão tanto para empresas (9,6%) quanto para famílias (13,0%) em relação ao ano anterior.

          O saldo do crédito ampliado para o setor não financeiro atingiu R$ 15,6 trilhões, com um crescimento de 4,3% em relação a 2022. Enquanto isso, as operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional totalizaram R$ 5,8 trilhões, registrando um aumento de 7,9% no ano, desacelerando em comparação com o ano anterior.

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