“O objetivo é chegar a um padrão de um país desenvolvido, em que o mercado de capitais ultrapasse o sistema bancário como principal fonte de financiamento das empresas”

A Multiplike, uma das 10 maiores gestoras multissacado, multicedente e securitizadora de crédito privado do país, prevê gerar R$ 25 bilhões em recebíveis entre 2024 e 2025 e projeta lucro de R$ 550 milhões nesse período. De acordo com o economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike, a estratégia é buscar profissionais dos médios e grandes bancos. “Nós estamos crescendo em um ritmo acelerado e essa é uma iniciativa que está funcionando. Estamos trazendo para dentro de casa executivos com uma ampla carteira de clientes e com histórico de bons pagadores. Neste exato momento, por exemplo, já temos um time de 90 Executivos Comerciais, estamos com 12 vagas abertas atualmente e até o final de 2024 planejamos contratar mais 60 profissionais, afirma.

Os números mostram que o financiamento está migrando dos veículos tradicionais para o mercado de capitais. Em 2012, o BNDES desembolsou o equivalente a 3,2% do PIB para financiar empresas. Após 10 anos, este percentual caiu para 1%. Entretanto, a captação de recursos no mercado de capitais, que era de 3,4% do PIB em 2012, em 2022 passou a representar 5,5%. “Estimamos que, até 2027, este montante deve atingir 10% do PIB e nós estaremos na linha de frente desse mercado, com uma das maiores gestoras de crédito multicedente e multissacado do país”, ressalta Eyng.

A desbancarização do crédito é um ponto central do governo, conforme disse Marcos Pinto, Secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda. “O objetivo é chegar a um padrão de um país desenvolvido, em que o mercado de capitais ultrapasse o sistema bancário como principal fonte de financiamento das empresas brasileiras, deixando de ser um financiamento de grandes empresas para também atingir empresas menores”, disse.

Para acelerar o crescimento e atrair estes profissionais dos grandes bancos, a Multiplike adota uma estratégia agressiva, que envolve comissionamento direto por cada operação realizada, o que torna os ganhos financeiros maiores do que com os bancos. Além disso, há o acréscimo na qualidade de vida dessas pessoas que passam a trabalhar como pessoa jurídica, tendo maior flexibilidade e autonomia para conciliar profissional e pessoal. “Uma grande instituição financeira não consegue competir com o que temos para oferecer”, disse.

Entretanto, um grande diferencial está no fato de que, na gestora, não existe limitação geográfica. Por exemplo, um executivo de um banco tradicional, só pode prospectar em um determinado raio de proximidade com a agência em que trabalha. Isso limita a expansão da sua carteira. Para Marcos Antônio, executivo comercial na Multiplike, que trabalhou sistema bancário por 37 anos, esse foi o principal fator na tomada de decisão. “Hoje atendo clientes de todo o Brasil, de Norte a Sul. Fiz questão de acionar todos os meus contatos que até então eu não podia atender, e explicar que agora posso oferecer soluções financeiras. Logo no primeiro mês superei os negócios que fazia no banco em que trabalhava. Hoje, a minha meta é desbancarizar o meu cliente. Em um primeiro momento, os clientes têm uma certa desconfiança na capacidade de entrega de uma gestora, mas, após realizar a primeira operação, isso fica no passado. É uma mudança de cultura e é por esse motivo que as Gestoras crescem numa velocidade impressionante”, explica.

A mesma experiência é compartilhada pela executiva comercial Giane Moretti, que trocou 20 anos de carreira nos grandes bancos por uma gestora.  Sempre destaco o aumento significativo da minha carteira de clientes. Os clientes valorizam nossa abordagem proativa e nossa capacidade de oferecer soluções personalizadas para as demandas específicas, algo que não acontece dentro dos bancos tradicionais, principalmente na antecipação de créditos. Hoje, ganho mais, tenho mais liberdade e um ambiente de trabalho com um excelente clima, que vai muito além do dinheiro. É engraçado que quando estamos dentro de uma grande instituição financeira, acreditamos que aquilo é tudo o que existe. Mas o mercado está mudando e está mudando numa velocidade absurda. É muito difícil para um transatlântico conseguir virar rapidamente. É por isso que as gestoras estão tirando os profissionais destes lugares”, dispara.

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