Para não destruir a riqueza da empresa e do acionista, os incentivos, bônus e remuneração variável devem alinhar os interesses dos acionistas aos dos gestores. Esta é a máxima do professor Oscar Malvessi, que a detalhou em livro a ser lançado na próxima semana.
“Como Criar Valor” será uma espécie de manual, para consultas rápidas, a quem busca a perenidade da organização. “Existem muitos executivos, mas muitos mesmo, que não sabem como fazer isto e o meu livro vai ensiná-los, com um passo a passo bem didático e a um custo praticamente de graça”, comentou à coluna Malvessi, enquanto contava “causos” nacionais, citando inclusive um conhecido (ex-) diretor de Relações com Investidores com quem bateu de frente. Em seu indisfarçável paulistês (expressões paulistas com um inevitável sotaque gaúcho), demonstra um altíssimo estoque de boa conversa.
Ele que é figura conhecidíssima no meio acadêmico e empresarial, quando se trata de finanças, partiu da VBM-Value Based Management (gestão baseada em valor) e a enriqueceu com o seu chamado “amigável método proprietário, o VEC®-Valor Econômico Criado”. A formulação deste método surgiu da oportunidade criada pela sua tese de doutorado. Malvessi é consultor especializado em criação de valor e coordenador de cursos de educação executiva da Fundação Getúlio Vargas.
O livro, que enfatiza a importância de gerar um excedente de resultado financeiro ultrapassando a amortização do custo do capital total envolvido na operação, será lançado dia 19, às 19h30, no Clube dos Professores da FGV em São Paulo.
LUCRO x VALOR
“Uma empresa pode apresentar lucro, enquanto na realidade está destruindo valor para os acionistas”, diz José Galló, da Renner.
Já o professor emérito da USP Eliseu Martins (FEA-USP) afirma que “criar valor é fácil de falar, mas difícil de produzir e às vezes de mensurar. E este livro traz, de maneira didática, os principais conceitos a serem perseguidos e metodologias a serem aplicadas…”
SOBERANOS
Como antecipamos, na coluna de 28 de agosto (https://acionista.com.br/cresce-o-mercado-de-divida-esg/), o Brasil emitirá títulos soberanos sustentáveis. Na semana que passou o governo lançou o chamado Arcabouço Brasileiro Para Títulos Soberanos Sustentáveis, reafirmando o compromisso do país com políticas sustentáveis e, com isso, alinha-se ao interesse de investidores não residentes e com a expansão do mercado de títulos temáticos no mundo.
“O documento lista as despesas elegíveis no âmbito da emissão dos títulos sustentáveis e as categorias de atividades associadas a benefícios ambientais e sociais. Dentre as iniciativas com a etiqueta verde destaca-se a preservação ambiental dos biomas nativos, inclusive com o controle do desmatamento da Amazônia e Cerrado, fomento ao Fundo Clima, produção de energia renovável, eficiência energética e gestão sustentável dos recursos naturais”, explica o Tesouro Nacional.
AMBIENTES
A Empodera e Instituto Four promoveram, no pré-feriadão, o 1° fórum sobre ESG, Tecnologia e DE&I (Diversidade, Equidade e Inclusão), chamado de “Fórum ESG Horizon”. O foco foi na transformação de conceitos em ações concretas, abordando temas como relação entre mérito e equidade, o papel da tecnologia na promoção de práticas sustentáveis e as melhores abordagens para construir ambientes inclusivos e diversos.
“Queremos reforçar a ideia de que é necessário oferecer equidade e permitir que as pessoas cresçam na velocidade do seu talento e esforço”, diz o CEO da Empodera, Leizer Pereira, destacando que o projeto, criado em 2016, tem hoje 70 mil cadastrados.
NAVIO
O porto de Copenhagen, na Dinamarca, receberá no dia 14 deste mês o primeiro navio porta-contêiner movido a metanol verde.
Construída pelo estaleiro Hyundai, na Coreia do Sul, a embarcação é da Maersk e possui motor bicombustível, o que permite o uso de metanol derivado de hidrogênio verde bem como o combustível convencional (derivado de petróleo).
BIOCOMBUSTÍVEIS
Encerram-se neste dia 15 as inscrições para fazer parte do Inov@tvos, programa de inovação aberta da Atvos, uma das maiores produtoras de biocombustíveis do Brasil. Proposta é estimular startups e empresas interessadas em atuar no setor sucroenergético para que desenvolvam alternativas específicas para a cadeia produtiva de biocombustíveis.
Link para inscrições: https://atvos.com/inovatvos/
ÁFRICA
A 1ª Cúpula do Clima da África terminou com um apelo aos países responsáveis pela maior parte das emissões de gases do efeito estufa (GEE) para que apoiem um imposto global sobre combustíveis fósseis, transporte marítimo e aviação.
Embora o continente seja rico em minerais críticos à transição energética, 43% deste ainda carece de acesso à energia básica, afetando 600 milhões de pessoas. Calcula-se que serão necessários investimentos de US$ 25 bilhões por ano para expandir o fornecimento de eletricidade (já descarbonizada). Na “Declaração de Nairobi”, firmada no encerramento do evento, dia 6 último, os líderes do continente de 1,3 bilhão de pessoas cobram os US$ 100 bilhões prometidos por países ricos e pedem reformas financeiras para ajudar a transição energética.
António Guterres, secretário-geral da ONU, disse na abertura que é necessária a “correção de rumo no sistema financeiro global, de modo a apoiar uma ação climática acelerada no contexto do desenvolvimento sustentável”.
CONTRAMÃO
Enquanto o Brasil e o mundo caminham de forma decisiva para a adoção de práticas que contemplem o ESG (preceitos ambientais, sociais e de governança, na sigla, em inglês), o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), apresentou um Projeto de Lei para que alunos das escolas públicas do Rio de Janeiro não tenham conteúdo com a temática ESG. A notícia foi divulgada pelo site UOL no sábado, dia 9 (ocasião em que a Edilidade estava em recesso para gozo do feriadão emendado e, assim, não foi possível ser checado por aqui). Até o fechamento desta coluna foi mantida a informação.
ENCHENTES
Sobre a questão climática… o Banco do Brasil e a Fundação BB lançaram campanha de apoio às pessoas atingidas pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul. Segundo a Defesa Civil local, mais de 52 mil pessoas foram diretamente afetadas pelo ciclone, sendo mais de 2,3 mil desabrigados e mais de 3 mil desalojados — somente até a véspera do feriadão da Independência. Com a atualização dos dados, os números devem crescer.