Caro Investidor,
Você acompanhou as notícias da economia da semana passada no Brasil? Se sim, viu que o país recebeu a cúpula do G20 no Rio de Janeiro dias 18 e 19, e foram dois dias de reuniões, acordos e divulgação da declaração final. Certo, o evento pode não ter efeitos diretos na economia do Brasil ou global, mas as discussões levantadas podem afetar as políticas econômicas no longo prazo, sem dúvida. Lembrando que a taxação dos “super-ricos” foi encampada.
A declaração final
A declaração final dos líderes na Cúpula do G20 defende a taxação de super-ricos como forma de reduzir a desigualdade social, além de pedir por cessar-fogo nas guerras em Gaza e na Ucrânia. O documento foi divulgado na noite de segunda-feira, 18, mas foi negociado pelos países ao longo de meses e aponta diretrizes e acertos comuns entre os membros do G20, formado por 19 países, a União Europeia e a União Africana.
Segundo a Exame, o comunicado dá destaque às três prioridades que o Brasil escolheu durante seu período na Presidência do grupo: o combate à pobreza, a reforma da governança global e a transição energética. Entre as medidas defendidas pela declaração, está a taxação de milionários.
“Com todo o respeito à soberania fiscal, buscamos nos engajar cooperativamente para garantir que indivíduos ultrarricos sejam efetivamente taxados. A cooperação pode envolver troca de melhores práticas, encorajar debates sobre princípios fiscais e criar mecanismos anti-evasão”, diz o texto.
Pouco impacto
De acordo com Mauro Rochlin, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), em entrevista cedida à CNN antes do evento, disse que a cúpula não teria efeitos diretos ou de curto prazo na economia, apesar de abordar temas importantes para a formulação de políticas públicas.
“Não veremos desdobramentos no mercado de trabalho, PIB ou inflação. As discussões são relativas a pautas definidas pela presidência e como elas podem ser implementadas para ajudar a economia global”, explicou.
O economista destaca que o esperado é que os debates do evento levem a cooperação para promover o desenvolvimento igualitário entre os países desenvolvidos e emergentes. “O impacto relevante do evento é visto só será sentido de médio a longo prazo”, ressalta.
Segundo a publicação, impactos econômicos só serão sentidos se houver cooperação e comprometimento dos membros da cúpula aos debates e suas conclusões, na visão do diretor executivo do Instituto Fernand Braudel de Economia Henrique Dau. “Originalmente se trata de um encontro para tratar de investimentos e esforços na economia, incluindo acordos comerciais, e acabou agregando pautas sociais. O surgimento de lideranças que questionam esse modelo de cooperação faz com que o resultado da cúpula fique dependendo do comprometimento”, disse na reportagem.
Para Katiane Gouvêa, presidente do Centro Brasileiro de Inovação Sustentabilidade (CEBIS), “a declaração final da Cúpula do G20 ressaltou a urgência de ações coordenadas para enfrentar as mudanças climáticas, com compromisso de deter o desmatamento até 2030. No Brasil, as florestas plantadas são dominadas por espécies exóticas, como eucalipto (77%) e pinus (19%), o que limita seu potencial ambiental. Inovar na silvicultura, incluindo o plantio de bambu, pode aumentar a eficiência no sequestro de CO2, já que essa planta captura até 24 toneladas por hectare ao ano. O Brasil, com a segunda maior variedade de bambu nativo do mundo, possui grande potencial econômico nesse setor, ainda inexplorado, em um mercado global que movimenta mais de US$ 65 bilhões anualmente”
Parceria na área de energia com EUA
A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) está satisfeita pelo lançamento da parceria Brasil-EUA para a Transição Energética, anunciada em encontro entre os presidentes dos dois países, na terça-feira, 19, durante a reunião de Cúpula do G20.
Conforme a entidade, a iniciativa reconhece o potencial estratégico do Brasil e dos EUA na área de energia, estabelecendo uma plataforma para maior cooperação bilateral com foco nos pilares de energia limpa, cadeias de fornecimento sustentáveis e indústria verde. “Seus principais objetivos incluem expandir a produção e o uso de fontes renováveis; desenvolver cadeias de suprimentos de tecnologias limpas – como hidrogênio limpo, baterias avançadas e minerais críticos; e promover a descarbonização industrial.”
Carta aberta contra a pobreza e a fome
Organizações não governamentais de todo o mundo assinaram uma carta aberta endereçada às lideranças do G20 e às instituições que financiam a Aliança Global Contra a Pobreza e a Fome.
O documento, divulgado no último dia do G20, 19, reforça a necessidade de alinhamento entre políticas públicas e de financiamento aos princípios da Aliança, incluindo ao estímulo de dietas saudáveis e diversas, o apoio a pequenos produtores sem vínculos com corporações industriais, o estímulo a sistemas que utilizam práticas agroecológicas, e a garantia do bem-estar animal.
As organizações Compassion in World Farming, International Accountability Project, Mercy For Animals no Brasil, Proteção Animal Mundial – Brasil, Sinergia Animal, Sociedade Vegetariana Brasileira, ICLEI-América do Sul e Friends of the Earth U.S. participam da iniciativa. A carta é baseada em relatórios da Comissão Eat Lancet e de instituições como, IPCC, IPBES e o recente “Receita para um Planeta Habitável”, do Banco Mundial — todos com fortes evidências de que a transição para dietas mais ricas em vegetais é urgente para alcançar a erradicação da fome.
Carta na íntegra: https://drive.google.com/file/d/10UiP3sL1XLqxT-R_wCE5VZ0523tCHyn6/view