O primeiro semestre deste ano trouxe sinais de recuperação nas operações de fusões e aquisições  (M&A), conforme levantamento da PwC. Com 623 operações fechadas, houve um avanço de 2,13% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar de discreto, esse aumento é significativo e pode representar  uma reversão da  tendência dos últimos anos.

Esse cenário é animador, ainda mais quando se considera o histórico de quedas expressivas nos anos anteriores. Em 2023, por exemplo, foram registradas 1.287 transações, uma queda de 17,3% em relação ao ano anterior. Além disso, entre 2021 e 2022, o recuo foi de 6,2%. Dessa forma, o pequeno avanço registrado é visto como um prenúncio de uma possível recuperação.

Para Leandro Botelho, sócio na Ipê Avaliações, “a estabilização das atividades de M&A é consequência da melhoria das perspectivas econômicas, impulsionada pelo comportamento benigno dos indicadores macro, somada à alavancagem ainda elevada em alguns setores empresariais.”

A melhora nas condições macroeconômicas, como a perspectiva de corte nos juros americanos e o câmbio depreciado, têm contribuído para essa retomada. Com isso, os ativos brasileiros tornam-se mais atrativos para investidores estrangeiros. Além disso, os fundos estão capitalizados e buscando alocação dos recursos, o que favorece as operações de M&A.

Impacto das condições macroeconômicas

A taxa de juro local (Selic) elevada e a demanda por IPOs (sigla em inglês para Oferta Pública Inicial) também influenciam diretamente as operações de M&A. No Brasil, o mercado de crédito tem recursos abundantes, porém, o custo está muito alto. Nesse cenário, as fusões e aquisições tornam-se uma alternativa viável para empresas que buscam crescimento.

Além disso, com a tendência de corte na taxa americana, espera-se que os investidores busquem alocação em outros mercados, como o brasileiro.

Outro fator que contribui para a retomada das operações de M&A é o valuation baixo das empresas, que ainda se recuperam dos impactos da pandemia. Esse contexto cria oportunidades para investidores que buscam ativos a preços atraentes. Ao mesmo tempo, a desvalorização cambial torna os ativos brasileiros ainda mais baratos para estrangeiros, o que pode intensificar as aquisições.

“Os múltiplos das empresas do Ibovespa estão significativamente descontados, tanto em comparação histórica quanto em relação a seus pares emergentes, tornando os ativos brasileiros especialmente atrativos. No entanto, os fluxos de investimentos devem se concentrar mais no final do ano, após as eleições americanas e a indicação do novo presidente do BACEN, quando haverá maior previsibilidade da política monetária do Fed e sua contraparte brasileira”, afirma o especialista.

Setores em destaque para M&A

Ainda segundo a pesquisa da PwC, no primeiro semestre, o setor de Tecnologia liderou as operações de M&A, representando 39,49% do total, seguido por Consumo (5,94%) e Entretenimento e Mídia (5,14%). Em comparação com o ano passado, houve uma mudança nos setores prioritários, com Tecnologia mantendo a liderança, porém, Bancos e Mercado de Capital perderam espaço.

Essa mudança no perfil dos setores prioritários reflete as novas demandas do mercado e as áreas onde há maior potencial de crescimento. Dessa forma, o setor de Tecnologia continua a atrair a maior parte das operações de M&A.

Além disso, o estudo destaca que o câmbio depreciado pode ter um impacto ainda maior nas operações de M&A nos próximos meses.

Para Botelho, “o câmbio brasileiro foi um dos que mais se desvalorizou nos últimos meses entre as grandes economias emergentes, em um movimento descolado dos fundamentos macroeconômicos. Isso cria um potencial de ganho adicional para os investidores estrangeiros, caso haja reversão desse comportamento”.

O especialista finaliza dizendo que “compreender como as políticas monetárias dos países serão conduzidas no médio prazo definirá o rumo do câmbio e é essencial para a decisão dos investidores sobre o momento adequado para realizar os investimentos.”

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