Ainda longe de ser uma aplicação que pode ser considerada como uma das prediletas dos pequenos investidores brasileiros. As Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) podem oferecer rendimentos mais atraentes do que a média da renda fixa, neste momento de juros básicos minguados.

Conforme a Anbima, o estoque de títulos de LCA permaneceu praticamente inerte em março deste ano em relação ao final de 2017. Estando na casa dos R$ 147 bilhões, o que demonstra pouco apetite de demandantes.

Mas conforme grandes bancos e analistas financeiros, o rendimento mensal na atual faixa da Taxa Selic tem sido mais alto do que o habitual de CDBs, Títulos do Tesouro e Fundos de Renda Fixa.

Em termos líquidos, as LCAs têm rendido na casa de 0,7% ao mês, considerando um rendimento de 95% de CDI. No restante da Renda Fixa, o rendimento médio líquido tem sido na casa de 0,5% ao mês.

A LCA é um título privado emitido por instituições financeiras com prazo e taxa definidos no momento da compra, lastreado por operações de crédito do setor agrícola. Sua grande vantagem é que tem isenção de IR e de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para pessoas físicas.

Ao contrário dos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), elas contam com a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) em até R$ 250 mil por emissor e por CPF.

As letras costumam ser emitidas por bancos. Neste ano, conforme a Anbima, até março, as emissões somavam R$ 40 milhões, ante R$ 26 milhões nas LCIs (letras imobiliárias), por exemplo.

As LCAs são lastreadas por empréstimos concedidos a baixo custo a agricultores, cooperativas ou agroindústria.

“Além da vantagem das isenções tributárias, a maior parte das corretoras de valores não cobra taxa de custódia para os investimentos nesses papéis, o que faz o custo do investimento ser quase nulo”, elenca o consultor financeiro André Bona.

Apesar de serem investimentos seguros e apresentarem boa rentabilidade, as aplicações em LCAs estão sujeitas alguns riscos. O primeiro é o de crédito, que é a possibilidade de a instituição financeira emissora do título vir a tornar-se insolvente. Nesse caso, porém, o investidor estará protegido pela cobertura do FGC. Então o risco real é de que a instituição quebre e o investidor tenha que aguardar os trâmites burocráticos para ser reembolsado pelo FGC — o que pode demorar bastante, pois esse reembolso não é automático.

“É ao risco de liquidez que o investidor deve estar mais atento ao investir em LCA. O investimento nesses papéis não é indicado para quem não possa aguardar o vencimento do título, pois nem sempre será possível vendê-los antecipadamente”, aponta André Bona.

Outro bom caminho para surfar na onda do agronegócio brasileiro é com os CRAs. Tratam-se de títulos emitidos por securitizadoras cuja finalidade é adquirir recebíveis (empréstimos, duplicatas, notas promissórias etc).

Nos últimos anos, os emissores têm mirado pequenos investidores no interesse em pulverizar a base de captação. Por isso já podem ser encontrados no mercado CRAs com investimento mínimo abaixo de 
R$ 1 mil.

Não há uma regra para o cálculo do rendimento dos CRAs. Eles podem ser pré ou pós-fixados. No entanto, explica Roberto Indech, analista-chefe da Rico Investimentos, é mais comum encontrar títulos atrelados ao IPCA, acrescidos de uma taxa prefixada.

“Há títulos que pagam juros semestralmente e amortizações periódicas (devolução de parte do dinheiro investido inicialmente)”, explica Indech.

Como os contratos de financiamento no agronegócio costumam ter prazos longos, os CRAs também tendem a ser investimentos de longo prazo, com vencimentos que variam de quatro a dez anos. Se for necessário reaver o dinheiro antes, será preciso revender o papel a outro investidor no mercado secundário, que para estes títulos ainda é escasso.

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