Os dados recentes da pesquisa da Serasa revelam uma relação preocupante entre finanças e saúde mental, especialmente para os habitantes do Sudeste. No panorama atual, 67% dos entrevistados relataram já ter enfrentado problemas de saúde mental, enquanto 81% admitiram dificuldades financeiras. Essa intersecção entre questões econômicas e emocionais torna-se ainda mais evidente com o aumento do custo de vida e a crescente necessidade de cuidados psicológicos.
O peso emocional das dívidas
A professora universitária Maria Clara Campos, por exemplo, detalha como sua vida foi impactada por essas dificuldades, gastando mensalmente R$ 2.800 em tratamentos psiquiátricos, terapia e medicação. Conforme a pesquisa, não é apenas ela; cerca de 50% das famílias na região enfrentam despesas relacionadas ao cuidado da saúde mental, refletindo uma mudança nas prioridades orçamentárias, onde esse tipo de gasto já ocupa o sexto lugar, superando despesas com automóveis e serviços de streaming.
A influência das preocupações financeiras
O estudo evidencia que 55% dos entrevistados afirmam que um cotidiano menos estressante poderia levar a decisões financeiras mais acertadas. Entretanto, muitos se veem em um dilema: cortar gastos essenciais ou investir na própria saúde mental. Essa situação é exacerbada pelo silêncio muitas vezes imposto pelas dificuldades financeiras, onde aproximadamente 70% das pessoas evitam discutir suas questões financeiras com amigos ou familiares.
A necessidade de suporte emocional e financeiro
Especialistas, como a psicóloga Valéria Meirelles, defendem que a solução para essa interdependência entre finanças e saúde mental envolve um suporte adequado na esfera emocional e no planejamento financeiro. Muitas vezes, o estresse causado pelas dívidas afeta a produtividade no trabalho, com 78% dos participantes da pesquisa citando uma diminuição no foco e eficiência. A falta de um suporte psicológico e financeiro pode intensificar esse ciclo vicioso de estresse e dívidas.
Recomendações práticas para equilíbrio
Em meio a este cenário, Raony Rossetti, CEO da Melver, sugere que buscar um diagnóstico claro sobre o orçamento é crucial. A lista de dívidas, priorizando aquelas com maiores taxas de juros, e o mapeamento de receitas e despesas são passos iniciais que ajudam a estabelecer metas realistas para a amortização de compromissos financeiros. Além disso, ações como cortes em gastos supérfluos e a busca por renda extra, por meio de trabalhos freelances, podem aliviar a pressão financeira.
Educação financeira como ferramenta de mudança
Para evitar o endividamento, a educação financeira é fundamental. Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, enfatiza a necessidade de poupar ao menos 10% da renda mensal e fazer investimentos alinhados aos objetivos pessoais. Entretanto, ela alerta que nenhum plano financeiro se sustenta sem saúde mental. Equilíbrio emocional é crucial para que decisões financeiras sejam tomadas de forma consciente.
Este cenário ilustra a importância de uma abordagem integrada que não apenas valorize a saúde financeira, mas também reconheça a saúde mental como um pilar essencial para um estilo de vida saudável e bem equilibrado. Os investidores e cidadãos brasileiros precisam estar atentos a essa interconexão, adotando práticas que fomentem tanto o bem-estar emocional quanto a solidez financeira.