O setor financeiro é um dos mais pujantes no mercado de ações brasileiro. Para se ter ideia da força do segmento na B3, os quatro maiores bancos distribuíram dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) em 2019 equivalentes ao valor de mercado do Grupo Natura, aponta um comparativo da consultoria Economatica. O volume financeiro distribuído pelos quatro maiores do setor (Santander, Banco do Brasil, ItauUnibanco e Bradesco) foi de R$ 58 bilhões.
O valor de 2019 é o maior da série histórica da amostra, que se inicia em 2008. O ItauUnibanco é o que mais distribuiu dividendos e JCPs: R$ 26,1 bilhões, seguido pelo Bradesco, com R$ 17,7 bilhões. “Todos os quatro bancos tiveram o maior valor desembolsado da série histórica em 2019”, reforça Einar Rivero, gerente de Relacionamento Institucional da Economatica.
Além disso, o lucro do segmento foi recorde, chegando a R$ 81,5 bilhões, o que reforçou a avaliação das ações do segmento nos últimos meses. Pelo segundo ano consecutivo, o Santander foi o banco com melhor ROE (Return on Equity) na amostra, em 21%, seguido pelo Banco do Brasil, com 19,6%, ItauUnibanco, 18,7%, e Bradesco, com 17,7%.
Quando se olha para o perfil das ações que mais podem render em 2020, a opinião do analista da XP Marcel Campos é que alguns títulos estão caros no Brasil. Este é o caso do Itaú Unibanco, que, de acordo com o especialista, tem menores perspectivas de crescimento do que outros bancos.
“A estratégia de reduzir o risco, investir em serviços e expandir internacionalmente ajudou o Itaú Unibanco a passar com relativa tranquilidade a crise”, explica o especialista. “Entretanto, com o país iniciando um ciclo promissor de crédito e crescimento, outros bancos oferecem melhores perspectivas de crescimento”, projeta.
A preferência da XP está em papéis como o Bradesco no momento.
“Temos recomendação de compra (preço-alvo de R$ 45) no Bradesco porque o consideramos o banco melhor posicionado para se beneficiar das crescentes concessões de crédito para PMEs e pessoas físicas. Além disso, a empresa tem o maior potencial para queda nas despesas de provisão nos próximos trimestres”.
A corretora também marcou recomendação de compra para as ações do Banco do Brasil e preço-alvo R$ 61, e é neutra em relação ao Santander. “Apesar do nosso ceticismo sobre o Santander atender às altas expectativas, o banco segue crescendo de forma sólida. O ROE no nível de 20% é algo considerado improvável há alguns anos, quando a operação brasileira não tinha tanta eficiência”, observa Campos.