Caro Investidor!

Mais do que um estilo musical do sertanejo universitário, a ‘sofrência’ está aí em todos os setores da vida das pessoas, em maior ou menor nível, dependendo dos acontecimentos. Já faz alguns meses que o Acionista publica que os impactos da política monetária, os respingos do problemas econômicos do mundo, o fiscal, entre tantos outros fatores, estão afetando alguns tipos de investimentos. Os FIAgros entram nessa melodia (mas há otimismo). Em 2024 as emissões desses ativos somaram R$ 4,84 bilhões, queda de 45% em relação a 2023, segundo a Anbima. Enquanto isso, as captações com certificados de recebíveis do agronegócio (CRA) encolheram em 4,7% na mesma comparação, a R$ 41,3 bilhões.

Além disso, a questão tributária amplia o pessimismo em relação a produtos que já vêm perdendo atratividade, dado o cenário de juros em elevação e de problemas setoriais, como o do agronegócio sobre os Fiagros.

Perspectivas

Para Marcello Carvalho, economista na WIT Invest os fundos imobiliários ligados ao agronegócio ainda estão sofrendo dos efeitos que a Agrogalaxy teve no mercado financeiro. “Com a elevação do custo de capital causado pela alta das taxas de juros e da inflação, diversos ativos estão sob observação de se o risco compensa a taxa emitida. Até termos uma maior calmaria no mercado agrícola, não teremos muita estabilização neste mercado.”

Já para Felipe Paiva, sócio na área de Mercado de Capitais de TozziniFreire Advogados, as perspectivas para os FIAgros neste início de 2025 indicam uma recuperação gradual após um 2024 desafiador, marcado por condições climáticas adversas e inadimplências. “Com previsões de clima mais favorável e câmbio elevado, espera-se um impacto positivo nas exportações e maior estabilidade para o setor, embora a retomada deva ser lenta, com sinais mais evidentes no segundo semestre.”

De acordo com Paiva, a taxa Selic elevada continua a desafiar a captação de recursos via FIAgro, tornando a Renda Fixa mais atrativa e restringindo o crédito ao agronegócio. “No entanto, o mercado começa a enxergar produtos sendo estruturados com critérios mais rígidos para concessão de crédito e margens mais remuneradoras. Além disso, a expectativa de uma safra recorde e o clima favorável contribuem para um cenário mais otimista. Investidores tendem a priorizar fundos com ativos sólidos e gestão com histórico de performance, aproveitando as oportunidades de longo prazo, mas com atenção às particularidades do cenário macroeconômico”, afirma.

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos acredita que, mesmo em cenário complexo para a economia, o agronegócio brasileiro permanece robusto, e os FIAgros oferecem exposição a esse setor vital da economia. “Com a demanda global por commodities agrícolas, esses fundos podem proporcionar retornos atrativos, especialmente para investidores buscando diversificação setorial.”

(Colaborou na produção: Márcia Sobotyk)