As inundações provocadas pelo dilúvio que caiu sobre o Rio Grande do Sul, arrastou também nutrientes importantes do solo fundamentais para garantir a produtividade das culturas. Em muitas localidades, será necessário um tempo razoável para reconstruir a fertilidade do solo, afetada pela erosão.Os produtores rurais, que ainda tentavam se levantar do nocaute sofrido por conta das secas dos últimos anos, deixando-os frágeis financeiramente, agora precisa reunir suas últimas forças para pavimentar uma nova história. Além da tragédia humana, as enchentes devem trazer sérias consequências para o agronegócio do Rio Grande do Sul, segundo o Itaú BBA.Um panorama sombrio emerge das páginas do recente relatório do banco de investimentos, que aponta para perdas consideráveis nas culturas vitais de arroz, soja e milho. Além disso, destacam-se preocupantes danos nos setores do trigo, carnes e laticínios, cujos prejuízos se avizinham como crescentes e de persistência indesejável.As intempéries meteorológicas, concentradas primordialmente nas regiões central e sul do Rio Grande do Sul, durante o término de abril e o início de maio, desdobraram-se em um quadro catastrófico. Em um lapso de pouco mais de uma semana, precipitações excepcionais desabaram sobre a terra gaúcha, equiparando-se ao volume habitual de chuvas previsto para mais de três meses, afetando severamente 332 dos 497 municípios locais.Considerado o sexto maior exportador do país, o Rio Grande do Sul desempenha um papel crucial na economia nacional, representando 6,6% do montante total de vendas externas realizadas pelo Brasil em 2023. Contudo, conforme adverte o Itaú BBA, a tarefa de restaurar a fertilidade do solo, comprometida pela erosão e pela exaustão de nutrientes, bem como a reconstrução da infraestrutura danificada, será hercúlea em muitas localidades, possivelmente estendendo-se por anos.Até o dia 8 de maio, aproximadamente 82% da área destinada ao cultivo do arroz no estado já havia sido colhida. Restando um total de 142 mil hectares para a conclusão da safra, dos quais 23 mil estão irremediavelmente perdidos e 18 mil parcialmente inundados, a situação é desafiadora.Em meio a essa contagem desoladora, uma parcela de 101 mil hectares emerge como a única não afetada pelas cheias. Estimativas do Itaú BBA preveem uma queda de aproximadamente 3% na produção nacional de arroz, embora tranquilize-se quanto à possibilidade de um cenário de desabastecimento, ao menos em curto prazo, apesar da firmeza dos preços deste cereal, conforme sinalizado no referido relatório.No que concerne à cultura do milho, o período de plantio no estado está programado para transcorrer entre o final de maio e junho. Em diversas localidades, constata-se o escoamento da camada fértil dos solos, um desdobramento que tende a encarecer os procedimentos de implantação e fertilização. No que tange à soja, havia a expectativa de que o Rio Grande do Sul ascendesse à segunda posição entre os principais produtores, superando o Paraná; uma projeção agora comprometida.No segmento avícola e suinícola, uma dezena de unidades frigoríficas chegaram a ser interrompidas. A avaliação precisa dos danos econômicos estará intrinsecamente ligada à magnitude dos transtornos logísticos, cuja extensão somente se tornará clara quando as águas refluirem. As autoridades locais têm registrado colapsos de pontes e deterioração de vias em várias localidades devido à erosão. Ademais, as operações no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, e nos portos de Porto Alegre e Pelotas foram suspensas.A perspectiva ainda é sombria, especialmente considerando as previsões de mais chuvas nos próximos dias. Uma passagem do relatório enfatiza que, caso a desobstrução mínima das rotas logísticas até as propriedades não seja alcançada nas próximas semanas, os fluxos de produção de proteínas animais poderão enfrentar ainda mais obstáculos, resultando em impactos mais substanciais.Além disso, o Itaú BBA ressaltou que a catástrofe ocorre em um momento de fragilidade financeira para muitos produtores, já debilitados pelas secas dos últimos anos. “Sua recuperação se inicia em um contexto extremamente desafiador”, afirmam os redatores do documento.

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