Semana passada, na coluna Em Alta, Mulheres em Ação trouxe a notícia de que a Ânima Educação (ANIM3) a partir de agora será presidida por Paula Harraca (foto). É a primeira mulher a estar à frente da empresa. A executiva concedeu entrevista ao Acionista e conta um pouco de como é ser pioneira em vários cargos que ocupou ao longo da sua carreira. Entre outras coisas, Paula diz que ter um time também é muito importante, tanto quanto a coragem.
ACIONISTA – Como está a política de gênero/diversidade da Ânima como um todo?
PAULA HARRACA – A Ânima é uma companhia inovadora e pioneira e sempre teve em seu DNA a diversidade e inclusão, mas como uma forma de integrar nacionalmente as inúmeras ações com esse viés, que sempre foram desenvolvidas pelas instituições de ensino da Ânima pelo Brasil afora, mas de forma isolada, criou, em novembro de 2020, a Ânima Plurais.
AC – Fale um pouco mais sobre a Ânima Plurais:
PH – A Ânima Plurais representa a formalização dessas características em nossa cultura organizacional e é a materialização da nossa cultura de diversidade e inclusão, que amplia e fortalece os temas na companhia por meio de uma série de ações e programas para transformar o nosso dia a dia com mais representatividade, empatia, respeito e pluralidade. Essas ações incluem as seguintes frentes de trabalho: Recrutamento, seleção e progressão; Letramento, Sensibilização e Engajamento; Comunicação e Ensino, Pesquisa e Extensão.
Com a Ânima Plurais, organizamos as ações, projetos e programas ligados a essas temáticas para também trabalharmos a diversidade para a Ânima como uma escolha estratégica, além de cultural. Um exemplo da importância desse olhar é que, em 2023, a B3 lançou o IDIVERSA B3, primeiro índice latino-americano de diversidade que é considerado como diferencial para empresas com capital aberto e a Ânima faz parte da carteira.
AC- O que ainda falta?
PH- Os desafios ainda são muitos, mas temos um compromisso com a pluralidade e a equidade de gênero. Em um recorte geral, hoje temos equilíbrio na questão de gênero, com dados superiores aos apresentados pelo IBGE, mas devemos adentrar em questões mais especificas, em breve, tais como regionalidade, níveis hierárquicos etc. Sabemos do nosso papel oportunizar e abrir espaço para que mudanças significativas aconteçam. Estamos comprometidos com isso.
AC – Quais as expectativas de uma mulher como CEO a partir de agora?
PH – A nova empreitada como presidente atende ao plano de desenvolvimento da Ânima e marca um novo ciclo, refletindo o espírito pioneiro e inovador da companhia. Chego, como a primeira mulher a ocupar a posição, comprometida em unir a vocação de qualidade, ousadia e inovação da Ânima com uma agenda de crescimento sustentável e destravamento de valor para a companhia, mantendo o compromisso com a transformação do Brasil pela educação de qualidade.
A presença de mulheres em cargos de liderança ainda é um obstáculo que precisa ser superado. Temos avançado neste sentido, mas há ainda um longo caminho pela frente.
AC- Conte um pouco dessa sua trajetória, Paula:
PH – Fui a primeira mulher numa série de 400 homens, fui a primeira mulher na diretoria de uma multinacional de aço, liderei o primeiro laboratório de inovação aberta (Açolab). Sempre fui conquistando esse lugar de pioneirismo. E esse “fazer primeiro” demanda coragem, mas também demanda time. E o time da Ânima é muito bom, você vê brilho nos olhos, vê motivação.
O momento atual é de trabalho para gerar valor para os estudantes, educadores e acionistas. Entre as principais iniciativas estão o fortalecimento das marcas da Ânima, aprimoramento do modelo acadêmico com novas tecnologias e expansão da base de estudantes de forma sustentável.
AC – Quais os desafios da nova empreitada e como a senhora vê o cenário das mulheres líderes hoje no Brasil?
PH – Darei continuidade ao nosso trabalho, mantendo o pilar central da empresa: um modelo de ensino inovador, que conecta estudantes, professores e o futuro do mercado de trabalho, encorajando a formação integral dos alunos e capacitando-os não apenas como profissionais, mas também em suas jornadas de preparação como indivíduos e cidadãos.
O baixo número de mulheres líderes chama a atenção e reflete um desafio significativo no mercado corporativo brasileiro. A presença de mulheres em cargos de liderança ainda é um obstáculo que precisa ser superado. Temos avançado neste sentido, mas há ainda um longo caminho pela frente.